Redação #947767
Desde o iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa "A contínua perda material da ciência e cultura", no Brasil, hodiernamente, verifica-se que esse ideal iluminista é constatado na teoria e não desejavelmente na prática. Nesse sentido, convém analisarmos as principais consequências de tal postura negligente para a sociedade.
É indubitável que a questão constitucional e a sua aplicação estejam entre a causas do problema. Segundo o filósofo grego Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a insuficiência da justiça rompe essa harmonia, haja vista que a fragilidade da segurança nacional, veiculada pela vulnerabilidade dos patrimônios tombados, prejudica não só os bens materiais, como acervos históricos e políticos, como também os bens imateriais, como a cultura, que abrange a população que reside ao seu redor, vítimas dos incêndios que podem se alastrar e afetar os povos locais, corroborando para a destruição da cultura nacional. Tais ações, implicam numa mudança social, política, econômica e cultural, seja pelo aspecto da precária infraestrutura, seja pelo embate com as populações vizinhas.
Outrossim, destaca-se o estereótipo de estagnação perene dos patrimônios como impulsionador do problema. De acordo com Émile Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Posto isto, observa-se que a coletividade,presa numa esfera global estereotipada sobre seus acervos nacionais, estaduais ou até municipais, coadjuva para tal problemática. Tais equívocos, são corroborados por uma visão arcaicocêntrica destes, com o excerto errôneo de que, monumentos históricos, não necessitam de intervenção humana, somente de sua estagnação perene, refutando a manutenção de seus tesouros nacionais. Entretanto, tal bolha estereotipada, consolida a precariedade de suas infraestruturas, fator esse que reitera e adiciona uma mudança na segurança estrutural. Assim sendo, urge uma imediata e eficaz alternância de valores, legimitada pelos órgãos governamentais.
É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a solidificação de políticas que visem à construção de um mundo melhor. Destarte, os três poderes políticos, implementados por Montesquieu, necessitam elaborar e mobilizar leis que garantam a manutenção constante dos Patrimônios Nacionais, auxiliados pela promulgação de suas dinâmicas, através dos veículos midiáticos; seja pela vertente tecnológica, por meio de propagandas e anúncios, seja pela vertente tradicional, por meio de carreatas e alto-falantes; ações essas que asseguram a democratização dos atos oficiais. Como dito pelo pedagogo Paulo Freire, a educação transforma as pessoas, e essas mudam o mundo. Logo, o Ministério da Educação (MEC) deve instituir, nas escolas e órgãos públicos, palestras ministradas por psicólogos, que discutam o combate à contínua perda material da ciência e cultura no Brasil, com a desfeita da bolha estereotipada em questão, a fim de que o tecido social se desprenda de certos tabus para que não viva a realidade das sombras, assim como na alegoria da Caverna de Platão.
Vila Velha - ES