Leia o poema de Cecília Meireles, Primeiro motivo da rosa.
Vejo-te em seda e nácar,
e tão de orvalho trêmula,
que penso ver, efêmera,
toda a Beleza em lágrimas
por ser bela e ser frágil.
Meus olhos te ofereço:
espelho para a face
que terás, no meu verso,
quando, depois que passes,
jamais ninguém te esqueça.
Então, de seda e nácar,
toda de orvalho trêmula,
serás eterna. E efêmero
o rosto meu, nas lágrimas
do teu orvalho...E frágil.
(MEIRELES, Cecília. Obra poética, cit, p. 232.)
A sensibilidade de Cecília Meireles se revela na valorização de imagens da natureza e do infinito.
No caso do texto, observa-se que:
Leia os versos de Elizabeth Barrett Browning:
[...]
Amo-te em cada dia, hora e segundo:
À luz do sol, na noite sossegada.
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.
Amo-te com o doer das velhas penas;
Com sorrisos, com lágrimas de prece,
E a fé da minha infância, ingênua e forte.
Amo-te até nas coisas mais pequenas.
Por toda a vida. E, assim Deus o quisesse,
Ainda mais te amarei depois da morte.
(BROWNING, Elizabeth Barrett. In: BANDEIRA, Manuel. Poemas traduzidos. Rio de Janeiro: Ediouro. p. 65. (Fragmento))
O poema expressa a dimensão do amor que o eu lírico sente, destacando que esse sentimento é absoluto em sua vida.
Acerca da percepção do eu lírico, assinale a alternativa correta:
Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade, Congresso internacional do medo.
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
Não cantaremos o ódio, porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo dos grandes sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. p. 73)
No poema, o eu lírico retrata o mundo marcado por conflitos, que afastam as pessoas umas das outras em razão do medo que se instaura.
Assinale a alternativa que indica uma consequência desse medo:
Leia o poema de Adélia Prado, Ensinamento.
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
(PRADO, Adélia. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991. p. 116)
A ideia de que tudo se presta à literatura é uma constante na poesia produzida após a ruptura promovida pelos modernistas de 1922. Nos versos de Adélia Prado,
Leia o poema de Murilo Mendes, Canção do exílio.
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
[...]
Eu morro sufocado em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade e ouvir um sabiá com certidão de identidade!
(MENDES, Murilo. In: MORICONI, Ítalo (Org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 33. (Fragmento))
O poema é uma releitura modernista dos versos do escritor romântico Gonçalves Dias. Murilo Mendes reflete sobre a identidade nacional,
Leia o fragmento de Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, e marque a alternativa correta.
- O meu nome é Severino.
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria, deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias.
(MELO NETO, João Cabral de. Poesias completas. cit, p. 203.)
João Cabral de Melo Neto se intitula um poeta construtor, construtivista, e não um poeta espontâneo.
Era um poeta que investia na forma, construindo poemas palavra por palavra. Isso pode ser identificado