“Se as coisas são indiferentes, imensuráveis e indiscerníveis e se, por consequência, sentido e razão não podem dizer nem verdade nem falsidade, a única atitude correta que o homem pode ter é a de não conceder nenhuma confiança aos sentidos nem à razão, mas permanecer adoxastos, vale dizer, sem opinião, ou seja, abster-se do juízo (o opinar é sempre um julgar), e, consequentemente, permanecer sem qualquer inclinação (não inclinar-se para uma coisa mais do que para outra), e permanecer sem agitação, ou seja, não deixar-se abalar por qualquer coisa, vale dizer, ficar indiferente.”
(REALE, Giovanni. História da filosofia antiga vol. III. São Paulo: Loyola, 1994, p. 409.)
A elucidação descreve uma famosa corrente filosófica da antiguidade clássica: o ceticismo. Então, para os céticos:
“Na península grega, no início do século V a. C., surgiu um grupo de indivíduos, muitos deles barbudos, que eram livres, de um modo singular, do desejo de status que atormentava os seus contemporâneos. Esses filósofos não se deixavam perturbar pelas consequências psicológicas e materiais de uma posição humilde na sociedade; permaneciam calmos diante de insultos, desaprovação e penúria. Quando Sócrates viu uma pilha de ouro e joias sendo levada em procissão pelas ruas de Atenas, exclamou: “Veja quantas coisas existem que não quero”. Quando Alexandre, o Grande, passou por Corinto, visitou o filósofo Diógenes e o encontrou sentado sob uma árvore, vestido com trapos, sem nenhum dinheiro em seu poder. Alexandre, o homem mais poderoso do mundo, perguntou se ele podia fazer alguma coisa para ajudá-lo. “Sim”, respondeu o filósofo, “se puder, saia do caminho. Está bloqueando a luz.””
(BOTTON, Alain de. Desejo de status. Porto Alegre: L&PM, 2013, p. 112-113.)
Considerando este relato histórico acerca da atitude filosófica, é CORRETO afirmar:
(...) “o homem está desamparado porque não encontra nele próprio nem fora dele nada a que se agarrar. Para começar, não encontra desculpas. Com efeito, se a existência precede a essência, nada poderá jamais ser explicado por referência a uma natureza humana dada e definitiva; ou seja, não existe determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade.”
(SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. In. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1984, p. 9.)
Segundo a citação, é CORRETO afirmar.