A obra Teeteto é famosa por ser aquela em que Sócrates se apresenta como parteiro de ideias e por investigar o que é o conhecimento. Uma das definições de conhecimento oferecida no diálogo é aquela segundo a qual o conhecimento é opinião (doxa) verdadeira, sendo esta uma crença que está em conformidade com o modo como a realidade acontece. Sócrates, entretanto, apresenta a seguinte objeção a essa definição:
Sócrates. – Estás então a dizer que persuadir é fazer com que alguém opine?
Teeteto. – Sem dúvida.
Sócrates. – Então, quando os juízes foram justamente persuadidos acerca de assuntos dos quais apenas pode saber aquele que viu e não outro, nesse momento, ao decidir sobre esses assuntos por ouvir dizer e ao adquirir uma opinião verdadeira, ainda que tenham sido corretamente persuadidos, tomaram a sua decisão, sem saber se na realidade julgaram bem, não? [201a].
PLATÃO. Teeteto. 3. ed. Trad. Adriana Manuela Nogueira e Marcelo Boeri. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010. p. 302. (Fragmento).
Marque a alternativa que descreve corretamente a objeção apontada por Sócrates no trecho citado.
Na assim chamada teoria das quatro causas, Aristóteles apresenta modos diferentes de explicar e ter conhecimento de certos fatos, uma vez que conhecer algo consiste em dizer por que algo ocorre. No livro II de sua Física, encontramos sua abordagem mais detalhada sobre o assunto. Um dos quatro tipos de causa é a causa final, que Aristóteles apresenta no seguinte trecho.
Além disso, denomina-se ‘causa’ como o fim, ou seja, aquilo em vista de quê, por exemplo, do caminhar, a saúde; de fato, por que caminha? Dizemos ‘a fim de que tenha saúde’ e, assim dizendo, julgamos ter dado a causa. [194b32- 35].
ARISTÓTELES. Física I e II. Trad. Lucas Angioni. Campinas: Editora Unicamp, 2009. p. 48. (Fragmento).
Sobre o papel causal daquilo que é um fim, de acordo com a teoria das quatro causas, é INCORRETO afirmar que a causa final
Podemos definir uma CAUSA como “Um objeto anterior e contíguo a outro, tal que todos os objetos semelhantes ao primeiro mantêm relações semelhantes de anterioridade e contiguidade com os objetos semelhantes ao último”. Se tal definição for considerada deficiente, porque extraída de objetos estranhos à causa, podemos substituí-la por esta outra: “Uma CAUSA é um objeto anterior e contíguo a outro, e unido a ele de tal forma que a ideia de um leva a mente a formar a ideia do outro, e a impressão de um a formar uma ideia mais vívida do outro”.[Livro 1, Parte 3, Seção 14, 31].
HUME, D. Tratado da Natureza Humana. 3.ed. Trad. Déborah Danowski. São Paulo: Unesp, 2009. p. 203 (Fragmento Adaptado).
Marque a alternativa que descreve corretamente a concepção de causa do filósofo Hume.
Os racistas violam o princípio de igualdade ao conferirem mais peso aos interesses de membros de sua própria raça quando há um conflito entre seus interesses e os daqueles que pertencem a outras raças. Os sexistas violam o princípio da igualdade ao favorecerem os interesses de seu próprio sexo. Analogamente, os especistas permitem que os interesses de sua própria espécie se sobreponham àqueles maiores de membros de outras espécies. O padrão é idêntico em todos os casos.
SINGER, Peter. Liberação Animal. Trad. Marly Winckler. ed. rev. Porto Alegre, São Paulo: Lugano, 2004. p. 11. (Fragmento).
Segundo Peter Singer, o especismo, assim como o racismo e o sexismo, descumpre o princípio moral básico de igual consideração dos interesses dos indivíduos.
Sobre o modo como animais devem ser tratados, levando em conta o princípio de igual consideração de interesses, marque a alternativa INCORRETA.
[...] A análise em termos de poder não deve postular, como dados iniciais, a soberania do Estado, a forma da lei ou a unidade global de uma dominação; estas são apenas e, antes de mais nada, suas formas terminais. Parece-me que se deve compreender o poder, primeiro, como a multiplicidade de correlações de força imanentes ao domínio onde se exercem e constitutivas de sua organização; o jogo que, através de lutas e afrontamentos incessantes as transforma, reforça, inverte; [...] enfim as estratégias em que se originam e cujo esboço geral ou cristalização institucional toma corpo nos aparelhos estatais, na formulação da lei, nas hegemonias sociais.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: a vontade de saber. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. G. Albuquerque. São Paulo: Paz e Terra, 2015. p. 100-101. (Fragmento).
A partir da leitura do trecho acima, assinale a alternativa correta sobre a concepção de poder de Michel Foucault.
[...] se a natureza tivesse posto pouquíssima simpatia no coração deste ou daquele, se ele (de resto, um homem honrado) fosse por temperamento frio e indiferente aos sofrimentos dos outros, talvez porque, provido ele próprio do dom de uma particular paciência e força para suportar, também pressuponha ou até mesmo exija o mesmo em todos os outros; se a natureza tivesse formado esse homem (o qual não seria na verdade seu pior produto) não propriamente para filantropo; não encontraria ele então dentro de si uma fonte de onde se dar um valor de longe muito mais alto que possa ser o de um temperamento bondoso? Sem dúvida! É aí mesmo que começa o valor do caráter, [...] o mais alto, a saber, que ele faça o bem, não por inclinação, mas por dever.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de Almeida. São Paulo: Discurso editorial; Barcarolla, 2009. p. 121. (Fragmento).
Considerando o trecho acima, assinale a alternativa correta.