Sete anos de pastor Jacob servia
[1] Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prêmio pretendia.
[5] Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
[10] Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida;
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo – Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida.
Luís de Camões
Sunetto Crassico
Sette anno di pastore, Giacó servia Labó,
Padre da Raffaela, serrana bella,
Ma non servia o pai, che illo non era trouxa nó!
Servia a Raffaela p’ra si gazá c’oella.
I os dia, na speranza di un dia só,
Apassava spiano na gianella;
Ma o páio, fugino da gombinaçó,
Deu a Lia inveiz da Raffaela.
Quano o Giacó adiscobri o ingano,
E che tigna gaido na sparella,
Ficô c’um brutto d’um garó di arara,
I incominciô di servi otros sette anno
Dizeno: Si o Labó non fossi o pai d’ella
Io pigava elli i li quibrava a gara.
Juó Bananere
A partir de Sete anos de pastor Jacob servia é INCORRETO afirmar que:
Sunetto Crassico
Sette anno di pastore, Giacó servia Labó,
Padre da Raffaela, serrana bella,
Ma non servia o pai, che illo non era trouxa nó!
Servia a Raffaela p’ra si gazá c’oella.
[05] I os dia, na speranza di un dia só,
Apassava spiano na gianella;
Ma o páio, fugino da gombinaçó,
Deu a Lia inveiz da Raffaela.
Quano o Giacó adiscobri o ingano,
[10] E che tigna gaido na sparella,
Ficô c’um brutto d’um garó di arara,
I incominciô di servi otros sette anno
Dizeno: Si o Labó non fossi o pai d’ella
Io pigava elli i li quibrava a gara.
Juó Bananere
Tendo como base o poema modernista brasileiro de Juó Bananere, é correto afirmar que o autor:
Sete anos de pastor Jacob servia
[1] Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prêmio pretendia.
[5] Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
[10] Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida;
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo – Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida.
Luís de Camões
Sunetto Crassico
Sette anno di pastore, Giacó servia Labó,
Padre da Raffaela, serrana bella,
Ma non servia o pai, che illo non era trouxa nó!
Servia a Raffaela p’ra si gazá c’oella.
I os dia, na speranza di un dia só,
Apassava spiano na gianella;
Ma o páio, fugino da gombinaçó,
Deu a Lia inveiz da Raffaela.
Quano o Giacó adiscobri o ingano,
E che tigna gaido na sparella,
Ficô c’um brutto d’um garó di arara,
I incominciô di servi otros sette anno
Dizeno: Si o Labó non fossi o pai d’ella
Io pigava elli i li quibrava a gara.
Juó Bananere
Sobre o Classicismo, movimento literário surgido na época do Renascimento, ao qual a crítica vincula Luís de Camões, todas as alternativas estão corretas, EXCETO:
A Esmeralda e o Camafeu
— Se eu encontrasse!...
— Então?... que faria?...
— Atirar-me-ia a seus pés, abraçar-me-ia com eles e lhe diria:
“Perdoai-me, perdoai-me, senhora, eu já não posso ser vosso esposo!
[5] tomai a prenda que me deste...”
E o infeliz amante arrancou debaixo da camisa um breve, que
convulsivamente apertou na mão.
— O breve verde!... exclamou D. Carolina, o breve que contém
a esmeralda!...
[10] — Eu lhe diria, continuou Augusto: “recebei este breve que já
não devo conservar, porque eu amo outra que não sois vós, que é
mais bela e mais cruel do que vós!...”
A cena se estava tornando patética; ambos choravam e só
passados alguns instantes a inexplicável Moreninha pôde falar e
[15] responder ao triste estudante.
— Oh! pois bem, disse; vá ter com sua desposada, repita-lhe o
que acaba de dizer, e se ela ceder, se perdoar, volte que eu serei
sua... esposa.
— Sim... eu corro... Mas, meu Deus, onde poderei achar essa
[20] moça a quem não tornei a ver, nem poderei conhecer?... onde meu
Deus?... onde?...
E tornou a deixar correr o pranto, por um momento suspendido.
— Espere, tornou D. Carolina, escute, senhor. Houve um dia,
quando a minha mãe era viva, em que eu também socorri um velho
[25] moribundo. Como o senhor e sua camarada, matei a fome de sua
família e cobri a nudez de seus filhos; em sinal de reconhecimento
também este velho me fez um presente: deu-me uma relíquia
milagrosa que, asseverou-me ele, tem o poder uma vez na vida de
quem a possui, de dar o que se deseja; eu cosi essa relíquia dentro
[30] de um breve; ainda não lhe pedi coisa alguma, mas trago-a sempre
comigo; eu lha cedo... tome o breve, descosa-o, tire a relíquia e à
mercê dela encontre sua antiga amada. Obtenha o seu perdão e
me terá por esposa.
— Isto tudo me parece um sonho, respondeu Augusto, porém,
[35] dê-me, dê-me esse breve!
A menina, com efeito, entregou o breve ao estudante, que
começou a descosê-lo precipitadamente. Aquela relíquia, que se dizia
milagrosa, era sua última esperança; e, semelhante ao náufrago que
no derradeiro extremo se agarra à mais leve tábua, ele se abraçava
[40] com ela. Só falta a derradeira capa do breve... ei-la que cede e
se descose... Salta uma pedra... e Augusto, entusiasmado e como
delirante, cai aos pés de D. Carolina, exclamando:
— O meu camafeu!... o meu camafeu!...
Joaquim Manoel de Macedo, A Moreninha.
No excerto, está presente:
A Esmeralda e o Camafeu
— Se eu encontrasse!...
— Então?... que faria?...
— Atirar-me-ia a seus pés, abraçar-me-ia com eles e lhe diria:
“Perdoai-me, perdoai-me, senhora, eu já não posso ser vosso esposo!
[5] tomai a prenda que me deste...”
E o infeliz amante arrancou debaixo da camisa um breve, que
convulsivamente apertou na mão.
— O breve verde!... exclamou D. Carolina, o breve que contém
a esmeralda!...
[10] — Eu lhe diria, continuou Augusto: “recebei este breve que já
não devo conservar, porque eu amo outra que não sois vós, que é
mais bela e mais cruel do que vós!...”
A cena se estava tornando patética; ambos choravam e só
passados alguns instantes a inexplicável Moreninha pôde falar e
[15] responder ao triste estudante.
— Oh! pois bem, disse; vá ter com sua desposada, repita-lhe o
que acaba de dizer, e se ela ceder, se perdoar, volte que eu serei
sua... esposa.
— Sim... eu corro... Mas, meu Deus, onde poderei achar essa
[20] moça a quem não tornei a ver, nem poderei conhecer?... onde meu
Deus?... onde?...
E tornou a deixar correr o pranto, por um momento suspendido.
— Espere, tornou D. Carolina, escute, senhor. Houve um dia,
quando a minha mãe era viva, em que eu também socorri um velho
[25] moribundo. Como o senhor e sua camarada, matei a fome de sua
família e cobri a nudez de seus filhos; em sinal de reconhecimento
também este velho me fez um presente: deu-me uma relíquia
milagrosa que, asseverou-me ele, tem o poder uma vez na vida de
quem a possui, de dar o que se deseja; eu cosi essa relíquia dentro
[30] de um breve; ainda não lhe pedi coisa alguma, mas trago-a sempre
comigo; eu lha cedo... tome o breve, descosa-o, tire a relíquia e à
mercê dela encontre sua antiga amada. Obtenha o seu perdão e
me terá por esposa.
— Isto tudo me parece um sonho, respondeu Augusto, porém,
[35] dê-me, dê-me esse breve!
A menina, com efeito, entregou o breve ao estudante, que
começou a descosê-lo precipitadamente. Aquela relíquia, que se dizia
milagrosa, era sua última esperança; e, semelhante ao náufrago que
no derradeiro extremo se agarra à mais leve tábua, ele se abraçava
[40] com ela. Só falta a derradeira capa do breve... ei-la que cede e
se descose... Salta uma pedra... e Augusto, entusiasmado e como
delirante, cai aos pés de D. Carolina, exclamando:
— O meu camafeu!... o meu camafeu!...
Joaquim Manoel de Macedo, A Moreninha.
A partir do fragmento selecionado, pode-se afirmar que a prosa de Joaquim Manoel de Macedo
I. é marcada por enredos cheios de peripécias e final feliz.
II. é composta com uma linguagem simples, estilo fluente e leve.
III. é elaborada em torno de objetividade temática, com negação do sentimentalismo.
Assinale a alternativa correta.
A Esmeralda e o Camafeu
— Se eu encontrasse!...
— Então?... que faria?...
— Atirar-me-ia a seus pés, abraçar-me-ia com eles e lhe diria:
“Perdoai-me, perdoai-me, senhora, eu já não posso ser vosso esposo!
[5] tomai a prenda que me deste...”
E o infeliz amante arrancou debaixo da camisa um breve, que
convulsivamente apertou na mão.
— O breve verde!... exclamou D. Carolina, o breve que contém
a esmeralda!...
[10] — Eu lhe diria, continuou Augusto: “recebei este breve que já
não devo conservar, porque eu amo outra que não sois vós, que é
mais bela e mais cruel do que vós!...”
A cena se estava tornando patética; ambos choravam e só
passados alguns instantes a inexplicável Moreninha pôde falar e
[15] responder ao triste estudante.
— Oh! pois bem, disse; vá ter com sua desposada, repita-lhe o
que acaba de dizer, e se ela ceder, se perdoar, volte que eu serei
sua... esposa.
— Sim... eu corro... Mas, meu Deus, onde poderei achar essa
[20] moça a quem não tornei a ver, nem poderei conhecer?... onde meu
Deus?... onde?...
E tornou a deixar correr o pranto, por um momento suspendido.
— Espere, tornou D. Carolina, escute, senhor. Houve um dia,
quando a minha mãe era viva, em que eu também socorri um velho
[25] moribundo. Como o senhor e sua camarada, matei a fome de sua
família e cobri a nudez de seus filhos; em sinal de reconhecimento
também este velho me fez um presente: deu-me uma relíquia
milagrosa que, asseverou-me ele, tem o poder uma vez na vida de
quem a possui, de dar o que se deseja; eu cosi essa relíquia dentro
[30] de um breve; ainda não lhe pedi coisa alguma, mas trago-a sempre
comigo; eu lha cedo... tome o breve, descosa-o, tire a relíquia e à
mercê dela encontre sua antiga amada. Obtenha o seu perdão e
me terá por esposa.
— Isto tudo me parece um sonho, respondeu Augusto, porém,
[35] dê-me, dê-me esse breve!
A menina, com efeito, entregou o breve ao estudante, que
começou a descosê-lo precipitadamente. Aquela relíquia, que se dizia
milagrosa, era sua última esperança; e, semelhante ao náufrago que
no derradeiro extremo se agarra à mais leve tábua, ele se abraçava
[40] com ela. Só falta a derradeira capa do breve... ei-la que cede e
se descose... Salta uma pedra... e Augusto, entusiasmado e como
delirante, cai aos pés de D. Carolina, exclamando:
— O meu camafeu!... o meu camafeu!...
Joaquim Manoel de Macedo, A Moreninha.
Assinale a alternativa INCORRETA sobre a prosa romântica brasileira.