Leia o texto a seguir.
Visto que a autoridade sempre exige obediência, ela é comumente confundida com alguma forma de poder ou violência. Contudo, a autoridade exclui a utilização de meios externos de coerção; onde a força é usada, a autoridade em si mesmo fracassou. A autoridade, por outro lado, é incompatível com a persuasão, a qual pressupõe igualdade e opera mediante um processo de argumentação. Onde se utilizam argumentos, a autoridade é colocada em suspenso. Contra a ordem igualitária da persuasão ergue-se a ordem autoritária, que é sempre hierárquica. Se a autoridade deve ser definida de alguma forma, deve sê-lo, então, tanto em contraposição à coerção pela força como à persuasão através de argumentos.
(ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2009. p. 129.)
Em relação à descrição das características da autoridade por Arendt, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
( ) O respeito à autoridade é característica dos regimes totalitários.
( ) A autoridade pode se consolidar em instituições que garantem a estabilidade de uma sociedade.
( ) O tirano é o representante máximo da autoridade.
( ) A autoridade tem por objetivo a preservação de certos princípios.
( ) A autoridade garante a continuidade entre passado e presente.
Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.
Leia o texto a seguir.
A realidade só é atingida pela repetição ou pela participação: tudo o que não possui um modelo exemplar é “desprovido de sentido” [...] O homem das culturas tradicionais só se reconhece como real na medida em que deixa de ser verdadeiramente ele próprio (para um observador moderno) e se contenta em imitar ou repetir os gestos de outro [...] Através dessa imitação, o homem é projetado em uma época mítica em que os arquétipos foram, pela primeira vez, revelados.
(ELIADE, Mircea. O mito do eterno retorno. Lisboa: Edições 70, 2000. p. 49-50.)
Sobre o papel do mito na antiguidade, considere as afirmativas a seguir.
I. O homem das culturas tradicionais busca conferir sentido aos seus atos através da imitação de um momento fundador.
II. Um projeto de si constituído teleologicamente no tempo define o ser humano nas culturas tradicionais.
III. A adesão a um arquétipo é a característica definidora de um pensamento racionalista.
IV. Uma ação deixa de ser profana e passa a ser sagrada quando ela busca repetir um modelo.
Assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir.
Cada vez mais quer me parecer que o filósofo, sendo por necessidade um homem do amanhã e do depois de amanhã, sempre se achou e teve de se achar em contradição com o seu hoje: seu inimigo sempre foi o ideal de hoje. Até agora todos esses extraordinários promovedores do homem, a que se denominam filósofos, e que raramente viram a si mesmos como amigos da sabedoria, antes como desagradáveis tolos e perigosos pontos de interrogação – encontraram sua tarefa, sua dura, indesejada, inescapável tarefa, mas afinal também a grandeza de sua tarefa, em ser a má consciência do seu tempo. Colocando a faca no peito das virtudes do tempo, para vivisseccioná-lo, delataram o seu próprio segredo: saber de uma nova grandeza do homem, de um caminho não trilhado para seu engrandecimento.
(NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Além do bem e do mal: prelúdio a uma filosofia do futuro. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 106.)
Sobre a concepção nietzscheana do papel do filósofo, assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir.
Ele [o pensamento chinês] não criou um mundo de formas ideais, como arquétipos ou puras essências, a separá-lo da realidade e que podem informá-lo: todo real é apresentado como um processo, regulado e contínuo, derivado da única interação dos fatores em jogo (ao mesmo tempo opostos e complementares: os famosos yin e yang). A ordem não advém, pois, de um modelo, sobre o qual se possa fixar o olhar e que se aplique às coisas; mas está contida por inteiro no decurso do real. [...] O sábio chinês não concebeu qualquer atividade contemplativa que seja um puro conhecimento, que tenha o seu fim em si mesmo. [...] Para ele, o “mundo” não é um objeto de especulação, não existe de um lado o “conhecimento” e do outro a “ação”.
(JULLIEN, François. Tratado da eficácia. Lisboa: Instituto Piaget, sd. p. 31.)
Sobre a concepção chinesa de conhecimento do mundo, assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir.
Antes os homens podiam ser divididos, simplesmente, em sábios e ignorantes, em mais ou menos sábios e mais ou menos ignorantes. Mas o especialista não pode ser inserido em nenhuma dessas duas categorias. Não é sábio, porque ignora formalmente tudo que não entra em sua especialidade; mas tampouco é um ignorante, porque é “um homem de ciência” e conhece muito bem sua partícula do universo. Teremos de dizer que é um sábio-ignorante, coisa extremamente grave, pois significa que se trata de um senhor que se comportará em todas as questões que ignora não como um ignorante, mas com toda a petulância de quem é um sábio em sua questão especial.
(ORTEGA Y GASSET, José. A rebelião das massas. Campinas: Vide Editorial, 2016. p. 190.)
Sobre o processo de especialização do conhecimento, assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir.
Um dos meus passos e avanços mais substanciais parece-me ser este: aprendi a diferenciar a causa do agir da causa do agir de tal e tal modo, do agir numa particular direção, com um objetivo particular. A primeira espécie de causa é uma quantidade de energia represada, esperando ser utilizada de alguma forma, com algum fim; já a segunda espécie é algo insignificante comparado com essa energia, geralmente um simples acaso, segundo o qual aquela quantidade se “desencadeia” de uma maneira ou de outra: o fósforo em relação ao barril de pólvora. Entre esses pequenos acasos e fósforos, incluo todos os pretensos “fins” e também as ainda mais pretensas “vocações”: são relativamente fortuitos, arbitrários, quase indiferentes, em relação à enorme quantidade de energia que urge, como disse, para ser de alguma forma consumida.
(NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. A gaia ciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 235.)
Sobre a descrição nietzscheana das causas do agir, considere as afirmativas a seguir.
I. Há uma relação de forças que possibilita ao ser humano a ação.
II. O ser humano é livre porque sua ação é motivada por uma finalidade que ele estabelece.
III. O livre-arbítrio no ser humano é resultado da autonomia que este possui em relação ao passado.
IV. O processo que emerge na ação pode se desenvolver sem que haja a atuação da consciência.
Assinale a alternativa correta.