INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto.
TEXTO
Por volta de 1914, Galib inaugurou o restauran-
te Biblos no térreo da casa. O almoço era servido
às onze, comida simples, mas com sabor raro. Ele
mesmo, o viúvo Galib, cozinhava, ajudava a servir
[5] e cultivava a horta, cobrindo-a com um véu de tule
para evitar o sol abrasador. No Mercado Municipal,
escolhia uma pescada, um tucunaré ou um matrinxã,
recheava-o com farofa e azeitonas, assava-o no forno
de lenha e servia-o com molho de gergelim. Entrava
[10] na sala do restaurante com a bandeja equilibrada
na palma da mão esquerda; a outra mão enlaçava
a cintura de sua filha Zana. Iam de mesa em mesa
e Zana oferecia guaraná, água gasosa, vinho. O pai
conversava em português com os clientes do restau-
[15] rante: mascateiros, comandantes de embarcação,
regatões, trabalhadores do Manaus Harbour. Desde
a inauguração, o Biblos foi um ponto de encontro de
imigrantes libaneses, sírios e judeus marroquinos que
moravam na praça Nossa Senhora dos Remédios e
[20] nos quarteirões que a rodeavam. Falavam português
misturado com árabe, francês e espanhol, e dessa
algaravia surgiam histórias que se cruzavam, vidas em
trânsito, um vaivém de vozes que contavam um pouco
de tudo: um naufrágio, a febre negra num povoado
[25] do rio Purus, uma trapaça, um incesto, lembranças
remotas e o mais recente: uma dor ainda viva, uma
paixão ainda acesa, a perda coberta de luto, a es-
perança de que os caloteiros saldassem as dívidas.
Comiam, bebiam, fumavam, e as vozes prolongavam
[30] o ritual, adiando a sesta.
Adaptado de: HATOUM, Milton. Dois irmãos. São Paulo: Companhia das Letras, São Paulo, 2006.
Preencha as lacunas da citação abaixo, em que um crítico, ao analisar o romance Dois irmãos, apresenta aspectos possíveis de serem identificados no excerto literário selecionado.
“A ênfase _________ do romance proporciona um conjunto de imagens orientais que, embora não se prendam ao aspecto da materialidade direta, se coadunam e se colam a imagens inerentes a múltiplas _________. São conjuntos imagéticos que desenham uma espécie de mosaico _________ capaz de surpreender não somente a condição diaspórica dos povos oriundos do Oriente Médio, radicados em Manaus (...), mas a trajetória humana em busca da sobrevivência.”
Adaptado de: ASSIS, Rodirlei Silva Dois irmãos ou um ‘eu’ dividido.Revista Alĕre. Tangará da Serra, v. 6, p. 151-172, 2012. Disponível em: https://periodicos.unemat.br/ index.php/alere/article/view/511/441
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TEXTO
XXXII
Como quisesse livre ser, deixando
As paragens natais, espaço em fora,
A ave, ao bafejo tépido da aurora,
Abriu as asas e partiu cantando.
[5] Estranhos climas, longes céus, cortando
Nuvens e nuvens, percorreu: e, agora
Que morre o sol, suspende o voo, e chora,
E chora, a vida antiga recordando ...
E logo, o olhar volvendo compungido
[10] Atrás, volta saudosa do carinho,
Do calor da primeira habitação...
Assim por largo tempo andei perdido:
– Ali! que alegria ver de novo o ninho,
Ver-te, e beijar-te a pequenina mão!
LAJOLO, Marisa. Os melhores poemas de Olavo Bilac. São Paulo: Global Editora, 2015.
Sobre o poema de Olavo Bilac, é correto afirmar que
INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto.
TEXTO
XXXII
Como quisesse livre ser, deixando
As paragens natais, espaço em fora,
A ave, ao bafejo tépido da aurora,
Abriu as asas e partiu cantando.
[5] Estranhos climas, longes céus, cortando
Nuvens e nuvens, percorreu: e, agora
Que morre o sol, suspende o voo, e chora,
E chora, a vida antiga recordando ...
E logo, o olhar volvendo compungido
[10] Atrás, volta saudosa do carinho,
Do calor da primeira habitação...
Assim por largo tempo andei perdido:
– Ali! que alegria ver de novo o ninho,
Ver-te, e beijar-te a pequenina mão!
LAJOLO, Marisa. Os melhores poemas de Olavo Bilac. São Paulo: Global Editora, 2015.
No poema em questão, é possível identificar uma das caraterísticas que particularizam a poesia de Olavo Bilac:
INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto.
TEXTO
XXXII
Como quisesse livre ser, deixando
As paragens natais, espaço em fora,
A ave, ao bafejo tépido da aurora,
Abriu as asas e partiu cantando.
[5] Estranhos climas, longes céus, cortando
Nuvens e nuvens, percorreu: e, agora
Que morre o sol, suspende o voo, e chora,
E chora, a vida antiga recordando ...
E logo, o olhar volvendo compungido
[10] Atrás, volta saudosa do carinho,
Do calor da primeira habitação...
Assim por largo tempo andei perdido:
– Ali! que alegria ver de novo o ninho,
Ver-te, e beijar-te a pequenina mão!
LAJOLO, Marisa. Os melhores poemas de Olavo Bilac. São Paulo: Global Editora, 2015.
Olavo Bilac foi _________ de _________, também considerado _________.
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TEXTO
4 de julho
Ocorreu-me compor umas certas regras para uso dos
que frequentam bondes. O desenvolvimento que tem
tido entre nós esse meio de locomoção, essencialmente
[5] democrático, exige que ele não seja deixado ao puro
capricho dos passageiros. Não posso dar aqui mais do
que alguns extratos do meu trabalho; basta saber que
tem nada menos de setenta artigos. Vão apenas dez.
[...]
[10] ART. II Da posição das pernas
As pernas devem trazer-se de modo que não constranjam os passageiros do mesmo banco. Não se proíbem
formalmente as pernas abertas, mas com a condição de
pagar os outros lugares, e fazê-los ocupar por meninas
pobres ou viúvas desvalidas, mediante uma pequena
[15] gratificação.
ART. III Da leitura dos jornais
Cada vez que um passageiro abrir a folha que estiver
lendo, terá o cuidado de não roçar as ventas dos vizinhos, nem levar-lhes os chapéus. Também não é bonito
encostá-los no passageiro da frente.
[20] [...]
ART. V Dos amoladores
Toda a pessoa que sentir necessidade de contar os seus
negócios íntimos, sem interesse para ninguém, deve
primeiro indagar do passageiro escolhido para uma tal
[25] confidência, se ele é assaz cristão e resignado. No caso
afirmativo, perguntar-lhe-á se prefere a narração ou uma
descarga de pontapés. Sendo provável que ele prefira
os pontapés, a pessoa deve imediatamente pespegá-los.
No caso, aliás extraordinário e quase absurdo, de que o
[30] passageiro prefira a narração, o proponente deve fazê-lo
minuciosamente, carregando muito nas circunstâncias
mais triviais, repetindo os ditos, pisando e repisando as
coisas, de modo que o paciente jure aos seus deuses
não cair em outra.
Adaptado de: MACHADO DE ASSIS, J. M. Balas de estalo. In: Obra Completa de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, Vol. III, 1994.
Para normatizar o comportamento adequado das pessoas no bonde, Machado de Assis opta pela estrutura de uma lei, com seus respectivos artigos. Essa escolha
INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto.
TEXTO
4 de julho
Ocorreu-me compor umas certas regras para uso dos
que frequentam bondes. O desenvolvimento que tem
tido entre nós esse meio de locomoção, essencialmente
[5] democrático, exige que ele não seja deixado ao puro
capricho dos passageiros. Não posso dar aqui mais do
que alguns extratos do meu trabalho; basta saber que
tem nada menos de setenta artigos. Vão apenas dez.
[...]
[10] ART. II Da posição das pernas
As pernas devem trazer-se de modo que não constranjam os passageiros do mesmo banco. Não se proíbem
formalmente as pernas abertas, mas com a condição de
pagar os outros lugares, e fazê-los ocupar por meninas
pobres ou viúvas desvalidas, mediante uma pequena
[15] gratificação.
ART. III Da leitura dos jornais
Cada vez que um passageiro abrir a folha que estiver
lendo, terá o cuidado de não roçar as ventas dos vizinhos, nem levar-lhes os chapéus. Também não é bonito
encostá-los no passageiro da frente.
[20] [...]
ART. V Dos amoladores
Toda a pessoa que sentir necessidade de contar os seus
negócios íntimos, sem interesse para ninguém, deve
primeiro indagar do passageiro escolhido para uma tal
[25] confidência, se ele é assaz cristão e resignado. No caso
afirmativo, perguntar-lhe-á se prefere a narração ou uma
descarga de pontapés. Sendo provável que ele prefira
os pontapés, a pessoa deve imediatamente pespegá-los.
No caso, aliás extraordinário e quase absurdo, de que o
[30] passageiro prefira a narração, o proponente deve fazê-lo
minuciosamente, carregando muito nas circunstâncias
mais triviais, repetindo os ditos, pisando e repisando as
coisas, de modo que o paciente jure aos seus deuses
não cair em outra.
Adaptado de: MACHADO DE ASSIS, J. M. Balas de estalo. In: Obra Completa de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, Vol. III, 1994.
Sabe-se que Machado de Assis é considerado um dos maiores escritores brasileiros. Ele criou seu próprio Realismo. Um dos motivos que distinguem sua prosa é a forma como constrói personagens de marcada complexidade psicológica e existencial. Analise a correspondência entre personagem e obra, preenchendo os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) Bentinho e Dom Casmurro
( ) Sofia e Memórias póstumas de Brás Cubas
( ) Dr. Simão Bacamarte e O alienista
( ) Quincas Borba e Memórias póstumas de Brás Cubas
O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é