VIOLÕES QUE CHORAM (Cruz e Souza)
Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
bocas murmurejantes de lamento.
Noites de além, remotas, que eu recordo,
noites de solidão, noites remotas
que nos azuis das Fantasias bordo,
vou constelando de visões ignotas.
Sutis palpitações à luz da lua
anseio dos momentos mais saudosos,
quando lá choram na deserta rua
as cordas vivas dos violões chorosos.
Quando os sons dos violões vão soluçando,
quando os sons dos violões nas cordas gemem,
e vão dilacerando e deliciando,
rasgando as almas que nas sombras tremem.
Harmonias que pungem, que laceram,
dedos nervosos e ágeis que percorrem
cordas e um mundo de dolências geram,
gemidos, prantos, que no espaço morrem...
E sons soturnos, suspiradas mágoas,
mágoas amargas e melancolias,
no sussurro monótono das águas,
noturnamente, entre ramagens frias.
Vozes veladas, veludosas vozes,
volúpias dos violões, vozes veladas,
vagam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
(CRUZ e SOUSA. Poesias Completas de Cruz e Sousa. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995, p.50-53. Fragmento.)
Quanto às características simbolistas presentes no texto em análise, pode-se afirmar que:
O trecho a seguir tem como autoria Socorro Acioli, escritora contemporânea; leia-o.
Ele não tinha mais sapatos e seus pés, àquela altura, já eram outra coisa: um par de bichos disformes. Dois animais dentados e imundos. Duas bestas, presas aos tornozelos, incansáveis, avante, um depois do outro, avante, conduzindo Samuel por dezesseislongos e dolorosos diassob o sol.
Nos primeiros dias o sangue e a água que minavam das bolhas arrebentadas nos seus pés chiavam em contato com o asfalto em brasa, inclemente. De tão secos, fizeram silêncio. Surgiu uma pele nova, quase um couro de cobra, esturricado, admirável engenho da natureza para os que não podem contar com nenhum lapso de piedade do inimigo.
[...]
Samuel era um corpo magro e faminto, quase uma sombra, que não parava de andar. Quase dez horas de caminhada por dia. Pouca água, comida rara, sono em cotas breves. Tudo ficou pelo caminho: juventude, alegria, pedaços de pele, mililitros de suor, quilos do corpo, e os parcos e velhos fios de esperança de que houvesse alguma coisa invisível que ajudasse os homens sobre a Terra. [...]
(ACIOLI, Socorro. A cabeça do santo. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. Fragmento.)
Assinale a alternativa correta tendo como referência o fragmento anterior.
“Após a Semana de Arte Moderna, alguns escritores de diferentes regiões do país começaram a produzir obras em prosa que retratavam criticamente a realidade social e política do Brasil.” A afirmativa anterior diz respeito a um período na literatura brasileira que aponta para:
Num monumento à aspirina
Claramente: o mais prático dos sóis,
o sol de um comprimido de aspirina:
de emprego fácil, portátil e barato,
compacto de sol na lápide sucinta.
Principalmente porque, sol artificial,
que nada limita a funcionar de dia,
que a noite não expulsa, cada noite,
sol imune às leis de meteorologia,
a toda hora em que se necessita dele
levanta e vem (sempre num claro dia):
acende, para secar a aniagem da alma,
quará-la, em linhos de um meio-dia.
Convergem: a aparência e os efeitos
da lente do comprimido de aspirina:
o acabamento esmerado desse cristal,
polido a esmeril e repolido a lima,
prefigura o clima onde ele faz viver
e o cartesiano de tudo nesse clima.
De outro lado, porque lente interna,
de uso interno, por detrás da retina,
não serve exclusivamente para o olho
a lente, ou o comprimido de aspirina:
ela reenfoca, para o corpo inteiro,
o borroso de ao redor, e o reafina.
(João Cabral de Melo Neto. In: A educação pela pedra e depois. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.)
No poema anterior, pode-se destacar:
Leia estas estrofes do poema “Sonhando” de Álvares de Azevedo:
Na praia deserta que a lua branqueia,
Que mimo! que rosa! que filha de Deus!
Tão pálida... ao vê-la meu ser devaneia,
Sufoco nos lábios os hálitos meus!
Não corras na areia,
Não corras assim!
Donzela, onde vais?
Tem pena de mim!
A praia é tão longa! e a onda bravia
As roupas de gaza te molha de escuma...
De noite, aos serenos, a areia é tão fria...
Tão úmido o vento que os ares perfuma!
És tão doentia...
Não corras assim...
Donzela, onde vais?
Tem pena de mim!
A brisa teus negros cabelos soltou,
O orvalho da face te esfria o suor,
Teus seios palpitam — a brisa os roçou,
Beijou-os, suspira, desmaia de amor!
Teu pé tropeçou...
Não corras assim...
Donzela, onde vais?
Tem pena de mim!
(Disponível em: AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: BUENO, Alexei [Org.]. Obra completa de Álvares de Azevedo, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. [Fragmento].)
“O fragmento anterior está inserido em um movimento literário no qual há uma postura exagerada, associada ao arrebatamento sentimental, característica dos autores da ___________________; tal postura fez com que ficassem conhecidos como ____________________.”
De acordo com o fragmento apresentado, assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente afirmativa anterior.
Considerando as características a seguir, indique V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas relacionando-as à Literatura Contemporânea Brasileira.
( ) Destaque para o conto.
( ) Apropriação de diversos gêneros.
( ) Marcada pela diversidade temática.
( ) Seleção rigorosa de suportes para veiculação de novos escritores.
( ) Influência temática, em algumas obras, da estética do Realismo/Naturalismo.
A sequência está correta em