“Se é verdade que a verdade da fé cristã ultrapassa as capacidades da razão humana, nem por isso os princípios inatos naturalmente à razão podem estar em contradição com esta verdade sobrenatural. É um fato que estes princípios naturalmente inatos à razão humana são absolutamente verdadeiros; são tão verdadeiros, que chega a ser impossível pensar que possam ser falsos. Tampouco é possível considerar falso aquilo que cremos pela fé, e que Deus confirmou de maneira tão evidente. Já que só o falso constitui o contrário do verdadeiro, [...] é impossível que a verdade da fé seja contrária aos princípios que a razão humana conhece em virtude de suas forças naturais. [...] Todavia, já que a palavra de Deus ultrapassa o entendimento, alguns acreditam que ela esteja em contradição com ele. Isto não pode ocorrer.”
(AQUINO, T. de. Suma contra os gentios. Apud ARANHA, M. L de. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2ª ed. p. 103).
A partir do texto citado e de conhecimentos do pensamento filosófico de Tomás de Aquino, assinale o que for correto.
01) Fé e razão não se opõem, porque seus princípios são verdadeiros.
02) Tomás de Aquino tomou por tarefa compatibilizar, a partir da relação fé e razão, a filosofia aristotélica com a verdade cristã.
04) O âmbito do racionalmente demonstrável é restrito se comparado com a imensidão dos mistérios divinos.
08) Para Tomás de Aquino, o conteúdo da fé é revelado por Deus aos homens, segundo a sua sabedoria.
16) A existência de Deus para Tomás de Aquino é tão somente afirmada pela fé, jamais reconhecida pela razão.
O filósofo contemporâneo Peter Singer argumenta que cada indivíduo no mundo tem responsabilidade ética diante do sofrimento pela fome dos demais indivíduos. A omissão e a falta de ações efetivas na distribuição das riquezas por parte dos governos, das empresas, dos indivíduos fazem que aqueles que vivem nos países mais pobres sofram com a miséria, a doença, a morte. Para ele, permitir que alguém morra não é intrinsecamente diferente de matar alguém. As diferenças entre essas atitudes são meramente externas e não nos eximem da responsabilidade ética diante do sofrimento dos demais indivíduos.
Acerca dos conceitos de justiça distributiva e da responsabilidade social no pensamento contemporâneo, assinale o que for correto.
01) Segundo a visão liberal clássica, a preocupação com as consequências éticas das atividades econômicas seria um obstáculo à eficiência dos negócios. A economia não poderia, portanto, ser gerida com base em virtudes morais.
02) De acordo com Peter Singer, o mundo é capaz de produzir alimento suficiente para todos os seus habitantes, porém populações sofrem de fome e de desnutrição devido à má distribuição dos recursos.
04) As posturas éticas adotadas pelas empresas em suas atividades econômicas são baseadas nas decisões morais livres de seus dirigentes.
08) O indivíduo tem a responsabilidade ética de calcular as consequências de suas ações e de suas omissões antes de tomar quaisquer decisões.
16) Uma das diferenças externas entre “matar” e “deixar morrer” é o fato de que é mais difícil obedecer ao princípio ético de que sempre devemos salvar todas as vidas possíveis do que obedecer ao princípio de que nunca devemos matar pessoas.
O período da história da filosofia grega que cobre os séculos V e IV a.C. é entendido como o despertar de um ideal consciente de educação e cultura. Dele fazem parte, além de Sócrates e de seu discípulo Platão, os chamados sofistas.
A propósito dos sofistas, assinale o que for correto.
01) Os sofistas foram responsáveis pelo desenvolvimento da reflexão antropológica e da reflexão ética na filosofia.
02) Os sofistas foram os mestres da nova areté (virtude, excelência) política, e o instrumento desse processo foi a retórica.
04) Os sofistas eram comumente vistos como especialistas do pensamento e não propriamente como filósofos.
08) Sócrates adotou uma postura bastante complacente com os sofistas na Atenas do século V a.C.
16) Ao afirmar que “o homem é a medida do que é e do que não é”, Protágoras confirmou o papel do subjetivismo na sua concepção filosófica.
“O que chamamos aqui saber é conhecer por meio da demonstração. Por demonstração entendo o silogismo científico e chamo científico um silogismo cuja posse constitui para nós a ciência [....]; é necessário também que a ciência demonstrativa parta de premissas que sejam verdadeiras, primeiras, imediatas, mais conhecidas que a conclusão, anteriores a ela e causa dela. [....] Um silogismo pode seguramente existir sem essas condições, mas não será uma demonstração, não será produtor de ciência.” (ARISTÓTELES. Segundos analíticos. In CHAUÍ, M. et alii. Primeira filosofia. Lições introdutórias. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 183 e 184).
Considerando o texto transcrito e conhecimentos da filosofia de Aristóteles, assinale o que for correto.
01) O que se caracteriza como teoria do conhecimento para Aristóteles está estritamente vinculado à lógica.
02) O silogismo se caracteriza pela extração de conhecimentos particulares de outros conhecimentos mais gerais e anteriores.
04) A dedução é a característica básica da concepção aristotélica de ciência.
08) O saber obtido através do raciocínio dedutivo não parte de um conhecimento preexistente.
16) Para Aristóteles silogismo científico é “mediato e necessário”.
“Concebei agora, se quiserdes, que a pedra, enquanto continua a mover-se, saiba e pense que se esforça tanto quanto pode para continuar a mover-se. Seguramente, essa pedra, visto não ser consciente senão de seu esforço e não ser indiferente, acreditará ser livre e perseverar no movimento apenas porque quer. É essa a tal liberdade humana que todos se jactam de possuir e que consiste apenas em que os seres humanos são cônscios [conscientes] de seus apetites [desejos], mas ignorantes das causas que os determinam. É assim que uma criança crê apetecer livremente o leite; um rapazinho, se irritado, querer vingar-se, mas fugir quando intimidado.” (ESPINOSA. Carta 58. Apud SAVIAN FILHO, J. Filosofia e filosofias. Existência e sentido. Belo Horizonte: Autêntica, 2016, p. 213).
A partir do fragmento citado e do pensamento ético de Espinosa, assinale o que for correto.
01) A passagem acima aponta a crítica de Espinosa à concepção tradicional de livre-arbítrio.
02) A imagem da pedra, segundo o texto, sugere que o seu “querer” provém de sua “consciência”.
04) O homem, para Espinosa, imagina-se livre porque acredita que é a origem ou o princípio de suas ações.
08) Para Espinosa, as paixões ou os desejos não influenciam na tomada de nossas decisões.
16) Espinosa defende uma definição de liberdade na qual existe a possibilidade de cooperação entre razão e paixão.
“No século XX, a humanidade passou a se preocupar cada vez mais com a preservação dos recursos naturais e as questões ambientais em geral. Segundo o filósofo Bruno Latour, um problema ecológico é um híbrido, pois não envolve apenas uma ciência ou um conjunto de ciências; tem também um aspecto político. Por essa razão, Latour fala em ‘políticas da natureza’: já não basta produzir uma ciência, um conhecimento da natureza, é necessário também construir ações políticas na relação entre o ser humano e a natureza.” (GALLO, S. Filosofia: experiência do pensamento. São Paulo: Scipione, 2013, p. 283).
A partir das noções de ética ambiental e das relações entre o ser humano e a natureza, assinale o que for correto.
01) A partir da revolução científica no início do período Moderno, o conhecimento dos fenômenos naturais levou o ser humano a uma convivência harmoniosa com a natureza.
02) A noção de “direito natural”, que emerge na filosofia política da Modernidade, diz respeito somente à natureza humana e não considera digno de direitos o mundo natural.
04) A ética ambiental critica o antropocentrismo, isto é, a ideia de que o ser humano ocupa lugar central na natureza em relação aos demais seres vivos.
08) A ética ambiental contemporânea prescreve que as relações entre o ser humano e a natureza devem ser estabelecidas na forma de leis.
16) Na ética contemporânea, a teoria da responsabilidade propõe que é dever do ser humano agir de maneira compatível com a permanência da vida humana e com a conservação do planeta.