O quadro Les Demoiselles D’Avignon, do pintor espanhol Pablo Picasso, é uma peça representativa de um Movimento de Vanguarda do século XIX, que retratava o espaço por diversos ângulos ao mesmo tempo, minimizando a necessidade de haver fidelidade com a realidade, bem como o poema do francês Guillaume Apollinaire, cujas palavras dispostas de forma simultânea, visam à retratação de uma imagem. A vanguarda de que falamos é o:
Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
BRAGA, Rubem. O pavão. In: — Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960.
Rubem Braga se tornou um dos grandes escritores da Literatura Brasileira, publicando textos que em geral se classificam como