“Desde que a febre de possuir se apoderou dele totalmente, todos os seus atos, todos, fosse o mais simples, visavam um interesse pecuniário. Só tinha uma preocupação: aumentar os bens. Das suas hortas recolhia para si e para a companheira os piores legumes, aqueles que, por maus, ninguém compraria; as suas galinhas produziam muito e ele não comia um ovo, do que no entanto gostava imenso; vendia-os todos e contentava-se com os restos da comida dos trabalhadores. Aquilo já não era ambição, era uma moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de acumular; de reduzir tudo a moeda. E seu tipo baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer, ia e vinha da pedreira para a venda, da venda às hortas e ao capinzal, sempre em mangas de camisa, de tamancos, sem meias, olhando para todos os lados, com o seu eterno ar de cobiça, apoderando-se, com os olhos, de tudo aquilo de que ele não podia apoderar-se logo com as unhas.”
Este trecho revela o estilo de:
OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do Mundo. Nova Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1985, p. 78.
Sobre o poeta Carlos Drummond de Andrade, podemos afirmar que
OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do Mundo. Nova Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1985, p. 78.
Pelo exposto no texto, analise as afirmações a seguir:
I. O autor apresenta um mundo marcado pela solidão, pela impotência do homem diante da realidade.
II. Percebemos a renúncia dos desejos e inquietações pessoais do poeta.
III. O autor sente-se realizado, por tudo que viveu.
IV. A velhice não causa medo ao poeta.
V. O poema é profundo e de grande significação existencial.
É correto apenas o que se afirma em:
FANATISMO
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isso, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...
(ESPANCA, Florbela. Livro de Sóror Saudade, 1923)
A respeito do texto Fanatismo, analise as afirmações a seguir.
I. O texto retrata o amor e o sofrer.
II. O texto, no seu início, apresenta o amor e a dor, características da autora portuguesa.
III. A fugacidade da vida é encontrada no texto.
É correto apenas o que se afirma em:
“Juazeiro nunca será uma vila, mas sempre uma vileza”, torpedeou em Fortaleza o jornal Unitário, em artigo assinado pelo polemista João Brígido, uma das penas mais ácidas da imprensa cearense de todos os tempos. De nada adiantou o protesto. Dois dias depois, pela Lei 1028, de 22 de julho de 1911, votada e aprovada pela Assembléia Legislativa do Ceará, estava oficialmente criada a vila auônoma do Juazeiro.
(Trecho do livro Padre Cícero – Poder, Fé e Guerra no Sertão / Lira Neto. São Paulo. Companhia das Letras, 2009).
A história política de Juazeiro do Norte e, por consequência, a do estado do Ceará, na primeira metade do século XX, estão intimamente ligadas à figura de Padre Cícero Romão Batista. Analise as afirmativas abaixo.
I. Padre Cícero foi o primeiro prefeito de Juazeiro, chegando também a ocupar o cargo de primeiro vice-presidente do estado do Ceará.
II. Padre Cícero foi um dos mais ferrenhos adversários políticos da chamada oligarquia acciolina, liderada por Nogueira Accioly, que dominou o Ceará por 16 anos.
III. Apesar da enorme popularidade junto ao povo e de seu poder político, Padre Cícero nunca teve boas relações com as autoridades da Igreja Católica, chegando até a ser excomungado.
IV. Em 1914, tropas formadas por seguidores de Padre Cícero chegaram até Fortaleza e provocaram a renúncia de Franco Rabelo do governo do Estado.
V. Os devotos de Padre Cícero constituíram um dos principais aliados com que a “Coluna Prestes”, liderada por Luis Carlos Prestes, contou quando de sua passagem pelo Ceará, em 1926.
São CORRETAS apenas as afirmativas: