Era uma tarde triste, mas límpida e suave...
Eu — pálido poeta — seguia triste e grave
A estrada, que conduz ao campo solitário,
Como um filho, que volta ao paternal sacrário,
E ao longe abandonando o múrmur da cidade
— Som vago, que gagueja em meio à imensidade, —
No drama do crepúsculo eu escutava atento
A surdina da tarde ao sol, que morre lento.
A poeira da estrada meu passo levantava,
Porém minh’alma ardente no céu azul marchava
E os astros sacudia no voo violento
— Poeira, que dormia no chão do firmamento.
A pávida andorinha, que o vendaval fustiga,
Procura os coruchéus da catedral antiga.
Eu — andorinha entregue aos vendavais do inverno,
Ia seguindo triste p’ra o velho lar paterno.
(Castro Alves, “Boa vista”. In: Espumas Flutuantes)
Vocabulário
múrmur: ruído, burburinho
coruchéu: torre pontiaguda
Embora tenha se notabilizado pela poesia de caráter social, Castro Alves também se destacou por sua obra lírico-amorosa, na qual se encontram resquícios da chamada segunda geração romântica. Recorrente no contexto cultural do Romantismo, a temática que se encontra nesse soneto é
Texto I
A dança do verbo regente
A imagem de um maestro a conduzir a orquestra com batuta e fraque pode ser severa em demasia. Mas talvez traduza como poucas a ideia que fazemos da regência verbal. Como um maestro, o verbo regente cria uma unidade necessária entre personas diversas, que o seguem a seu sinal. Ele é, no entanto, regente caprichoso: o mesmo verbo pode assumir significados diferentes a cada relação que mantém com seus complementos.
(Revista Língua, edição 45, fevereiro de 2012)
Considerando as informações do Texto I, identifique a alternativa em que o verbo “amar”, tal como no título do livro de Mário de Andrade (Texto II), é intransitivo.
É noite! Treme a lâmpada medrosa
Velando a longa noite do poeta...
Além, sob as cortinas transparentes
Ela dorme... formosa Julieta!
Entram pela janela quase aberta
Da meia-noite os preguiçosos ventos
E a lua beija o seio alvinitente
- Flor que abrira das noites aos relentos.
O Poeta trabalha!... A fronte pálida
Guarda talvez fatídica tristeza...
Que importa? A inspiração lhe acende o verso
Tendo por musa - o amor e a natureza!
E como o cáctus desabrocha a medo
Das noites tropicais na mansa calma,
A estrofe entreabre a pétala mimosa
Perfumada da essência de sua alma.
No entanto Ela desperta... num sorriso
Ensaia um beijo que perfuma a brisa... ...
A Casta-diva apaga-se nos montes...
Luar de amor! Acorda-te, Adalgisa!
(Castro Alves, “Aves da arribação”. In: Espumas Flutuantes)
Nos versos, o eu lírico apresenta,
É noite! Treme a lâmpada medrosa
Velando a longa noite do poeta...
Além, sob as cortinas transparentes
Ela dorme... formosa Julieta!
Entram pela janela quase aberta
Da meia-noite os preguiçosos ventos
E a lua beija o seio alvinitente
- Flor que abrira das noites aos relentos.
O Poeta trabalha!... A fronte pálida
Guarda talvez fatídica tristeza...
Que importa? A inspiração lhe acende o verso
Tendo por musa - o amor e a natureza!
E como o cáctus desabrocha a medo
Das noites tropicais na mansa calma,
A estrofe entreabre a pétala mimosa
Perfumada da essência de sua alma.
No entanto Ela desperta... num sorriso
Ensaia um beijo que perfuma a brisa... ...
A Casta-diva apaga-se nos montes...
Luar de amor! Acorda-te, Adalgisa!
(Castro Alves, “Aves da arribação”. In: Espumas Flutuantes)
Castro Alves, poeta da 3ª geração romântica no Brasil, faz amplo uso de recursos expressivos em sua obra. Nos versos transcritos, essa tendência é exemplificada por meio