Entre os séculos XVI e XVIII prevaleceu na teoria política clássica a compreensão de que a origem do Estado ou Sociedade Civil (nesta doutrina os dois termos ainda se equivalem) seria o resultado de um entendimento estabelecido entre os seres humanos. Antes da constituição da Sociedade Civil os homens viveriam no estado de natureza e só então, após estabelecido este pacto coletivo, as regras do convívio social e do ordenamento político seriam estabelecidas.
Com base no enunciado, assinale a alternativa CORRETA que indique a denominação desta doutrina ou teoria política.
No diálogo Fédon, no qual Sócrates dialoga com Cebes, tratando do problema da física, Platão faz Sócrates dizer o seguinte a respeito da busca da causalidade:
Em minha mocidade senti-me apaixonado por esse gênero de estudos a que dão o nome de “exame da natureza”; parecia-me admirável, com efeito, conhecer as causas de tudo, saber por que tudo vem à existência, por que perece e por que existe (...) Ora, certo dia ouvi alguém que lia um livro de Anaxágoras. Dizia este que “o espírito é o ordenador e a causa de todas as coisas”. (...) Grandes eram as minhas esperanças! Pus-me logo a ler, com muita atenção e entusiasmo os seus livros. Lia o mais depressa que podia a fim de conhecer o que era o melhor e o pior. Mas, meu grande amigo, bem depressa essa maravilhosa esperança se afastava de mim! À medida que avançava e ia estudando mais e mais, notava que esse homem não fazia nenhum uso do espírito nem lhe atribuía papel algum como causa na ordem do universo (...) Não me foi possível, porém, adquirir esse conhecimento então, pois nem mesmo eu o encontrei, nem o recebi de pessoa alguma. Mas, quererias, estimado Cebes, que descrevesse a segunda excursão que realizei em busca dessa causalidade?
(PLATÃO. Fédon)
Com base neste texto e em seu conhecimento filosófico, assinale a alternativa INCORRETA.
Uma vez que é possível afirmar e negar tanto a presença daquilo que está presente quanto a presença daquilo que está ausente, (…), tudo o que se possa afirmar é possível também negar, e tudo o que se possa negar é possível também afirmar. Conclui-se que toda afirmação terá sua própria negação oposta, tal como toda negação terá sua própria afirmação oposta. Chamaremos de antífasis o par formado por uma proposição afirmativa e uma negativa em oposição (…).
ARISTÓTELES. Da Interpretação. [17a1 27-33]. São Paulo: Edipro, 2005. Modificado.
O trecho acima, extraído da Parte 6 do escrito Da Interpretação, apresenta a noção de par de opostos. Logo em seguida, Aristóteles estabelece que um par de opostos contraditórios será aquele em que, quando uma proposição indica universalmente algo, a outra o indica não universalmente. Desse modo, necessariamente, a verdade de uma de suas proposições implica a falsidade da outra e, inversamente, a falsidade de uma implica a verdade da outra.
Segundo tais definições, indique, entre as alternativas, o par de opostos contraditórios:
Embora não haja país em que a medicina seja menos necessária do que em Utopia, essa ciência nunca esteve em maior honra, pois eles incluem seu conhecimento entre as mais belas e úteis áreas da filosofia, uma vez que, quando perscrutam os segredos da natureza com a ajuda da filosofia, parece que não só percebem um admirável prazer, mas também recebem a graça suprema junto ao criador e autor na natureza. Eles pensam que o criador, à maneira dos outros artífices, expôs a máquina do mundo para ser admirada e vista pelo homem, a quem ele fez o único a ser capaz de compreender a dimensão da sua obra.
MORE, Thomas. Utopia. Belo Horizonte: Autêntica, 2017, p.149.
O gênero das narrativas utópicas ganha impulso com a obra Utopia (1516), de Thomas More. De modo geral, obras como A Cidade do Sol (1623), de Tommaso Campanella, A Nova Atlântida (1627), de Francis Bacon e Panorthosia (1657), de Iohannes Comenius, colaboraram na formação de um imaginário científico repleto de elementos racionais e naturalistas. Além disso, o progresso da sociedade é apresentado como atrelado ao das ciências, das artes e do ensino.
Com base nos textos acima e nos conhecimentos acerca das narrativas utópicas dos séculos XVI e XVII, é INCORRETO afirmar que elas...
Considere o excerto de Spinoza, a seguir:
O desejo (cupiditas) é a própria essência do homem, enquanto esta é concebida como determinada a fazer algo por uma afecção qualquer nela verificada. Explicação: (...) Na verdade, por “afecção da essência do homem” entendemos toda disposição dessa essência, quer inata ou adquirida, quer se conceba apenas pelo atributo do pensamento ou apenas pelo atributo da extensão, quer, enfim, se refira ao mesmo tempo a ambos. Portanto, pelo nome de desejo entendo todos os esforços, impulsões, apetite e volições do homem, os quais variam segundo a disposição variável de um mesmo homem e não raro são de tal modo opostos entre si que o homem é puxado em sentidos contrários e não sabe para onde voltar-se.
(SPINOZA, Ética III, Definições dos afetos)
Conforme o acima exposto, assinale a alternativa CORRETA
Edmund Husserl é conhecido como fundador da Fenomenologia. A raiz do pensamento husserliano reside na meditação sobre o modo de ser da consciência, cuja marca principal, para o autor, é a intencionalidade. Esta pode ser assim resumida: toda consciência é consciência de algo, tem algo sob atenção. Logo, não é aqui determinante que de fato haja algo perante nós: a consciência preenche-se de conteúdo significacional, isto é, intenciona algo, “pensamos em algo”. Dentro de uma sala de aula, imaginamos um campo aberto – o campo aberto é o conteúdo significacional, o objeto intencionado. Quando, porém, por exemplo, deixamos a sala de aula e vemo-nos em meio ao campo aberto, diz-se haver a intuição (visão direta) do objeto. A intuição preenche a intenção – o antes intencionado é, agora, diretamente intuído. Por fim, a consciência da intuição é nomeada “evidência”. Evidência apodítica seria aquela em que se verificasse perfeita coincidência entre intencionado e intuído – o que não é possível para nós.
Com base nos esclarecimentos acima, considere as afirmações a seguir e assinale a alternativa CORRETA.
I É possível, para Husserl, obtermos evidência apodíctica apenas de intuições empíricas.
II Sempre coincidem o conteúdo significacional de uma intenção e as intuições.
III A intenção preenche a intuição: intuímos algo e, em seguida, a consciência se permite intencionar um objeto.
IV Intencionalidade é uma característica eventual da consciência, irrompendo quando imaginamos algum objeto.