Leia o poema abaixo e responda à questão.
Às vezes, em dias de luz perfeita e exata,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Por que sequer atribuo eu
Beleza às coisas.
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então por que digo eu das coisas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ver senão o visível!
(Alberto Caeiro/ Fernando Pessoa, Obra poética)
“Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.”
O adjetivo sublinhado qualifica:
Álvaro Lins, crítico literário, comentando “Vidas secas”, de Graciliano Ramos, aponta dois defeitos consideráveis. Um deles seria o fato de a obra ser construída em quadros, verdadeiros capítulos independentes, que não se articulam com bastante firmeza e segurança. Outro defeito seria o excesso de introspecção em personagens tão primárias e rústicas.
Esses defeitos seriam decorrentes de dois problemas relacionados:
“E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem,
Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
E assim escrevo, ora bem, ora mal,
Ora acertando com o que quero dizer, ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.”
(poema XLVI, de “O guardador de rebanhos” in Poemas completos, Alberto Caeiro)
São características do conjunto de poemas “O guardador de rebanhos”:
“Falam por mim os abandonados de justiça, os simples de coração,
os párias, os falidos, os mutilados, os deficientes, os recalcados,
os oprimidos, os solitários, os indecisos, os líricos, os cismarentos,
os irresponsáveis, os pueris, os cariciosos, os loucos e os patéticos.”
(“Canto ao homem do povo Charlie Chaplin” in A rosa do povo, Carlos Drummond de Andrade)
Além da preocupação sociopolítica, são temas dessa obra drummondiana:
Machado de Assis é ainda muito estudado pela crítica literária brasileira, e de seus textos literários muita coisa se pode dizer. Um contemporâneo de Machado de Assis, referindo-se à personagem Quincas Borba, de seu romance homônimo, questionava se a personagem não seria o Brasil. Raciocínio semelhante para outras analogias pode ser aproveitado ao se ler “O alienista”, conto de Papéis avulsos.
O que NÃO se pode dizer da literatura machadiana: