O cego Estrelinho era pessoa de nenhuma vez: sua história poderia ser contada e descontada não fosse seu guia, Gigito Efraim. A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades. Aquela mão era repartidamente comum, extensão de um no outro, siamensal. E assim era quase de nascença. Memória de Estrelinho tinha cinco dedos e eram os de Gigito postos, em aperto, na sua própria mão.
O cego, curioso, queria saber de tudo. Ele não fazia cerimônia no viver. O sempre lhe era pouco e o tudo insuficiente. Dizia, deste modo:
- Tenho que viver já, senão esqueço-me.
(...)
Foi no mês de dezembro que levaram Gigitinho. Lhe tiraram do mundo para pôr na guerra: obrigavam os serviços militares. O cego reclamou: que o moço inatingia a idade. E que o serviço que ele a si prestava era vital e vitalício.
COUTO, Mia. Estórias abensonhadas. São Paulo: Cia das Letras, 2012.
O conto “O cego Estrelinho”, do livro Estórias abensonhadas, do escritor moçambicano Mia Couto, narra a história do cego e seu guia, Gigito Efraim. Quando Gigito é convocado a ir para a guerra, Estrelinho sente-se perdido.
Considerando o excerto acima, o enredo e o desenvolvimento da narrativa, assinale a alternativa correta.
Um erro
Descobri um novo jeito
de encarar o espelho:
por partes, na maquiagem;
por inteiro,
uso luz
que vem da telha.
incrível
como a mulher
se vê culpada
quando se vê como velha.
Como se ela cometesse
um erro
que por culpa exclusiva dela
a maldição se desse;
como se acometida por mal
indigno e fatal;
como se o signo do tempo
viesse de um julgamento;
como se o tempo no corpo
fosse um diagnóstico
degradante e terminal.
CARVALHO, Luciene. Dona. 2 ed. Cuiabá: Carlini & Caniato, 2019.
Mário Cezar Silva Leite, no Prefácio de Dona, de Luciene Carvalho, afirma que “o que vem à tona, por essa Dona, e de tudo talvez o mais importante dessa poética de existir com e após os cinquenta anos, é que há já marcas nas mãos, mas as mãos fazem poesia!” (sic)
Considerando a obra Dona e o comentário do crítico, leia o poema e assinale a alternativa correta.
A obra Memórias de um sargento de milícias, escrita por Manuel Antônio de Almeida, no período de 1854 a 1855, está situada no movimento do Romantismo brasileiro, cujas características mais conhecidas desse estilo literário são o nacionalismo e o exagero pelo subjetivismo. No entanto, esse romance traz, além de uma forte carga irônica relacionada ao meio social, juntamente com o elemento cômico, um personagem protagonista diferente daqueles que povoam a maioria dos romances desse período, sobretudo por não se encaixar nos padrões de representação do ideal do homem brasileiro.
ALMEIDA, Antônio Manuel de. Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Editora Moderna, 1993. Coleção Travessias.
De acordo com as considerações apresentadas no texto-base, é possível afirmar que o personagem protagonista do romance Memórias de um sargento de milícias não se encaixa na representação do ideal do homem brasileiro elaborado pelo Romantismo: