O fragmento a seguir é um dos diálogos entre os dois estrangeiros que protagonizam Canaã.
— Parece que já vi este quadro em algum lugar — disse Milkau, cismando, — Mas não, este ar, este conjunto suave, este torpor instantâneo, e que se percebe vai passar daqui a pouco, é seguramente a primeira vez que conheço.
— E por quanto tempo aqui ficaremos? — disse o outro num bocejo de desalento; e o seu olhar pairava preguiçosamente sobre a paisagem.
— Não meço o tempo — respondeu Milkau —, porque não sei até quando viverei, e agora espero que este seja o quadro definitivo da minha existência. Sou um imigrado, e tenho a alma do repouso; este será o meu último movimento na terra...
— Mas nada o agita? Nada o impelirá para fora daqui, fora desta paz dolorosa, que é uma sepultura para nós?...
— Aqui fico. E se aqui está a paz, é a paz que procuro exatamente...Eu me conservarei na humildade; em torno de mim desejarei uma harmonia infinita.
ARANHA, G. (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo: Martins Claret, 2013.
A relação discurso/personagem está representada, corretamente, na seguinte associação:
O diálogo a seguir serve de base para responder à questão. Leia-o com atenção.
LENTZ — Até agora não vejo probabilidade da raça negra atingir a civilização dos brancos. Jamais a África ...
MILKAU — O tempo da África chegará. As raças civilizam-se pela fusão; é no encontro das raças adiantadas com as raças virgens, selvagens, que está o repouso conservador, o milagre do rejuvenescimento da civilização. O papel dos povos superiores é o instintivo impulso do desdobramento da cultura, transfundindo de corpo a corpo o produto dessa fusão que, passada a treva da gestação, leva mais longe o capital acumulado nas infinitas gerações. Foi assim que a Gália se tornou França e a Germânia, Alemanha.
LENTZ — Não acredito que da fusão com espécies radicalmente incapazes resulte uma raça sobre que se possa desenvolver a civilização. Será sempre uma cultura inferior, civilização de mulatos, eternos escravos em revoltas e quedas. Enquanto não se eliminar a raça que é o produto de tal fusão, a civilização será sempre um misterioso artifício, todos os minutos rotos pelo sensualismo, pela bestialidade e pelo servilismo inato do negro. O problema social para o progresso de uma região como o Brasil está na substituição de uma raça híbrida, como a dos mulatos, por europeus. A imigração não é simplesmente para o futuro da região do País um caso de simples estética, é antes de tudo uma questão complexa, que interessa o futuro humano.
ARANHA, G. (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo: Martins Claret, 2013.
O contexto sociohistórico da época do Romance Canaã, ainda que seu valor como obra literária seja posto em dúvida, retrata algumas teses de realidades vitais.
Pode-se afirmar que o enredo do romance
O diálogo a seguir serve de base para responder à questão. Leia-o com atenção.
LENTZ — Até agora não vejo probabilidade da raça negra atingir a civilização dos brancos. Jamais a África ...
MILKAU — O tempo da África chegará. As raças civilizam-se pela fusão; é no encontro das raças adiantadas com as raças virgens, selvagens, que está o repouso conservador, o milagre do rejuvenescimento da civilização. O papel dos povos superiores é o instintivo impulso do desdobramento da cultura, transfundindo de corpo a corpo o produto dessa fusão que, passada a treva da gestação, leva mais longe o capital acumulado nas infinitas gerações. Foi assim que a Gália se tornou França e a Germânia, Alemanha.
LENTZ — Não acredito que da fusão com espécies radicalmente incapazes resulte uma raça sobre que se possa desenvolver a civilização. Será sempre uma cultura inferior, civilização de mulatos, eternos escravos em revoltas e quedas. Enquanto não se eliminar a raça que é o produto de tal fusão, a civilização será sempre um misterioso artifício, todos os minutos rotos pelo sensualismo, pela bestialidade e pelo servilismo inato do negro. O problema social para o progresso de uma região como o Brasil está na substituição de uma raça híbrida, como a dos mulatos, por europeus. A imigração não é simplesmente para o futuro da região do País um caso de simples estética, é antes de tudo uma questão complexa, que interessa o futuro humano.
ARANHA, G. (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo: Martins Claret, 2013.
O pré-modernismo não é considerado um estilo de época, pois apresenta uma multiplicidade de temáticas. É entendido como um período literário brasileiro que faz a transição entre o simbolismo e o modernismo. Por isso, é possível encontrar, nas obras dessa época, características de estilos passados, como parnasianismo, realismo, naturalismo e simbolismo.
O fragmento de Canaã em que há predomínio de traços característicos do movimento simbolista é