Leia o poema “Epígrafe”, de Manuel Bandeira, para responder à questão.
Epígrafe
Sou bem-nascido. Menino,
Fui, como os demais, feliz.
Depois, veio o mau destino
E fez de mim o que quis.
Veio o mau gênio da vida,
Rompeu em meu coração,
Levou tudo de vencida,
Rugiu como um furacão,
Turbou, partiu, abateu,
Queimou sem razão nem dó −
Ah, que dor!
Magoado e só,
− Só! − meu coração ardeu.
Ardeu em gritos dementes
Na sua paixão sombria...
E dessas horas ardentes
Ficou esta cinza fria.
− Esta pouca cinza fria.
(Estrela da vida inteira, 2009.)
Para o eu lírico, as paixões da vida adulta representam
Leia o capítulo IX do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, para responder à questão.
Transição
E vejam agora com que destreza, com que arte faço eu a maior transição deste livro. Vejam: o meu delírio começou em presença de Virgília; Virgília foi o meu grão pecado da juventude; não há juventude sem meninice; meninice supõe nascimento; e eis aqui como chegamos nós, sem esforço, ao dia 20 de outubro de 1805, em que nasci. Viram? Nenhuma juntura aparente, nada que divirta a atenção pausada do leitor: nada. De modo que o livro fica assim com todas as vantagens do método, sem a rigidez do método. Na verdade, era tempo. Que isto de método, sendo, como é, uma coisa indispensável, todavia é melhor tê-lo sem gravata nem suspensórios, mas um pouco à fresca e à solta, como quem não se lhe dá da vizinha fronteira, nem do inspetor de quarteirão. É como a eloquência, que há uma genuína e vibrante, de uma arte natural e feiticeira, e outra tesa, engomada e chocha. Vamos ao dia 20 de outubro.
(Memórias póstumas de Brás Cubas, 2018.)
No contexto deste capítulo, os termos “gravata” e “suspensórios” representam
Em 2019, Dorrico [...] lançou “Eu sou Macuxi e outras histórias” (Caos e Letras). Em um dos contos, ela “vira o jogo”: transforma o Deus dos homens brancos em um caçula dos deuses dos povos da floresta. Um troco a Mário de Andrade, que transformou o deus dela em um herói peculiar.
(Marcos Cândido. “Nova colunista da Ecoa leva literatura indígena a milhares de seguidores”. https://uol.com.br, 09.03.2021.)
A escritora Julie Dorrico é descendente do povo Macuxi que, atualmente, vive na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. A cosmogonia dos Macuxi relata que eles são descendentes do herói mítico Macunaíma.
Pode-se considerar o conto em que a escritora “vira o jogo” contra Mário de Andrade, autor de Macunaíma, como