Das utopias
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
QUINTANA, Mário. Das utopias. Disponível em: <https:// www.escritas.org/pt/t/1637/das-utopias>. Acesso em: 3 fev. 2018.
O poema de Mário Quintana
TEXTO:
Identidade
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem inseto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço.
COUTO, Mia. Identidade. Disponível em: <http://portugues.uol. com.br/literatura/cinco-poemas-mia-couto.html>. Acesso em: 3 fev. 2019.
Sobre esses versos de Mia Couto, a única informação sem comprovação no texto é a que afirma que o eu lírico
O poema-objeto, de Augusto de Campos, foi construído com a superposição das palavras viver, morrer, sorrir e sofrer e nele estão citadas todas as características com exceção de
Mas quando a fazenda se despovoou, viu que tudo estava perdido, combinou a viagem com a mulher, matou o bezerro morrinhento que possuíam, salgou a carne, largou-se com a família, sem se despedir do amo. Não poderia nunca liquidar aquela dívida exagerada. Só lhe restava jogar-se ao mundo, como negro fugido.
Saíram de madrugada. Sinha Vitória meteu o braço pelo buraco da parede e fechou a porta da frente com a taramela. Atravessaram o pátio, deixaram na escuridão o chiqueiro e o curral, vazios, de porteiras abertas, o carro de bois que apodrecia, os juazeiros. Ao passar junto às pedras onde os meninos atiravam cobras mortas, Sinha Vitória lembrou-se da cachorra Baleia, chorou, mas estava invisível e ninguém percebeu o choro.
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 65. ed. Rio de Janeiro: Record, 1994. p. 116.
O fragmento, inserido na obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, põe em foco a
I. repetição do primeiro capítulo da narrativa, por trazer novamente a fuga das personagens centrais, movida pelo flagelo da seca e pela fome, em busca de sustento e paradeiro.
II. saudade que a mulher do protagonista sente da cadela Baleia, considerada um membro da família, que teve de ser sacrificada pelas próprias mãos de Fabiano, por suspeita de hidrofobia.
III. figura de Sinha Vitória, que era admirada pelo marido, mas que nunca conseguia fixar o pensamento por muito tempo num só assunto, salvo em possuir uma cama com o lastro de couro, como a de Tomás da bolandeira.
IV. referência ao amo marcada por certo pesar, pois, de alguma forma, ele os ajudara, quando permitiu que ficassem morando na sua fazenda em troca dos serviços do vaqueiro, que não tinha raiva dele por suas trapaças, culpando só a sua sina ruim.
V. alusão aos meninos como uma forma de retratar o quanto admiravam o pai, considerado um herói pelos dois, razão de ambos desejarem seguir a profissão dele, principalmente por não terem a quem se apegar, uma vez que eram ignorados pela mãe.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a
–– Lampiãããããão morreeeu...!
Apanhado de susto, no papoco da notícia que acaba de atroar, Coriolano estremece de coração em rebates pegando a boca do peito. Freme-lhe o couro, esbarra a costura da chinela e apura as ouças de faro aguçado, espichando o pescoço pra fora da cacunda. Será, meu Pai do Céu, que o Herodes, enfim, desencarnou? Não, não pode ser! Na certa isto é capricho da idade! [...]
–– Toma lá, satanás dos infernos!
Sim senhor: Lampião morreu! Apregoa, aos quatro ventos, de matraca na mão, o fiscal da intendência, em nome da maior autoridade, responsável pela paz do município.
DANTAS, Francisco J. C. Os desvalidos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 13-14.
O excerto, contextualizado na obra literária intitulada de Os Desvalidos,
I. constitui o início da narrativa, cujo anúncio feito significa o fim de um período marcado não só por uma série de violência e desatinos, mas também do começo de melhoria de vida para todos aqueles marginalizados pela seca.
II. evidencia a alegria contida de Coriolano com morte de Lampião, do qual tinha medo, porque, ainda na juventude, teve a casa por ele invadida, conseguindo fugir do Aribé, além de ter sido obrigado a prestar-lhe serviços depois.
III. mostra a figura do líder do bando sob o olhar do narrador-personagem, o que sinaliza o quanto ele era temido pelos desvalidos sem proteção de coronel, os quais sofriam nas mãos dos cangaceiros ou da volante, naquela época.
IV. faz lembrar a crença de que Virgulino tinha o “corpo fechado”, o que traz à mente do leitor um quadro de superstições e de crendices próprias de uma camada social pouco esclarecida.
V. prenuncia a ausência de conflitos existenciais, inclusive, já que a paz voltou a reinar no sertão nordestino com o extermínio do cangaço.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a