Os pedaços de papel presos perpendicularmente, que vinham caídos sobre os outros, finalmente se apartaram, balançando soltos e revelando o que verdadeiramente eram: orelhas e tromba. As extremidades mostraram-se como pernas e o imenso miolo, antes informe, o corpo de um elefante que, agora, pairava desengonçado sobre o convés do navio. E as crianças corriam e riam muito porque o elefante estava finalmente de pé, imponente e frágil.
STIGGER, Veronica. Opisanie Świata. São Paulo: SESI-SP, 2018. p. 95-96.
Considere as seguintes afirmações sobre as formas linguísticas do excerto:
I- O advérbio “verdadeiramente” exprime a intenção do narrador de ironizar o objeto construído pelas crianças.
II- O verbo expressa a ideia de “aparência” na frase “As extremidades mostraram-se como pernas”.
III- O adjetivo “informe” altera o sentido do substantivo “miolo”.
IV- A expressão “imponente e frágil” é contraditória, porque relaciona duas características mutuamente excludentes.
Estão corretas apenas as afirmativas
As personagens principais da obra de Veronica Stigger são inspiradas em dois artistas do século XX: Roman Opalka, pintor polonês, autor de uma série de imagens denominada Opsianie Świata, e Raul Bopp, poeta-viajante brasileiro, autor do poema Cobra Norato. Na temática do livro, essas referências são responsáveis pela
No anúncio, publicado em 1939, as diferenças de grafia em relação à língua padrão atual revelam que
Com Bopp em cima de si, Opalka não conseguia se concentrar na leitura, mas seguia fingindo que lia atentamente. Bopp abaixou a cabeça até perto do jornal, como se tivesse dificuldade para enxergar as pequenas letras impressas. Opalka revirou os olhos e suspirou fundo. Bopp se curvou ainda mais, interpondo-se quase totalmente entre Opalka e o jornal. [...].
– Onde foi mesmo que o senhor aprendeu português?
Opalka respirou fundo e encarou Bopp, que continuava em pé à sua frente, quase em cima de si devido ao espaço reduzido da cabine.
– No Brasil – respondeu.
– No Brasil? Que interessante! – disse Bopp, todo sorridente, acrescentando, orgulhoso. – Eu sou de lá.
– Não me espanta – falou Opalka, circunspecto.
STIGGER, Veronica. Opisanie Świata. São Paulo: SESI-SP, 2018. p. 37-38. (Adaptado)
Considerando o contexto da narrativa, a reação de Opalka ao final do fragmento explora um humor estereotipado, ao associar o povo brasileiro a um comportamento
– Obrigado pelo guia – disse subitamente Opalka. – Mas não vou ao Brasil a passeio.
– Ah, não? – retrucou Bopp, saindo de seu ensimesmamento.
– Mas pode ficar com ele mesmo assim. Pode ser que o senhor tenha alguma folga no trabalho e queira dar uma volta.
– Tampouco vou ao Brasil a trabalho.
– Ah, não? Então – Bopp deu um sorrisinho e piscou o olho para Opalka – vai ver o sapo-cururu? Ah, não há como resistir ao sapocururu.
STIGGER, Veronica. Opisanie Świata. São Paulo: SESI-SP, 2018. p. 42.
No diálogo, a expressão “sapo-cururu” é uma metáfora para
A questão refere-se ao texto a seguir.
O tipo era atarracado, braços e pernas como pequenas toras. [...] A parte inferior da barriga protuberante não se continha dentro da camisa vermelho-sangue: saltava para fora por baixo e pelas aberturas entre os botões produzidas pela pressão do corpo roliço sob a justeza do tecido. [...] Embora fizesse calor naquele mês de agosto, trazia sobre a camisa vermelho-sangue e a calça clara de linho um longo quimono de seda espalhafatosamente estampado, que, de tão comprido, arrastava no chão e levava consigo poeira, areia, pedrinhas e toda sorte de detritos que porventura encontrasse pelo caminho. Levava, com esforço, quatro malas de tamanhos diferentes: duas em cada uma das mãos e duas debaixo dos braços troncudos. Ao ver Opalka sentado num dos bancos da estação, lendo compenetrado o jornal, sorriu feliz. Acelerou o passinho, tropeçou na barra do quimono e se espatifou no chão a apenas alguns passos do banco.
STIGGER, Veronica. Opisanie Świata. São Paulo: SESI-SP, 2018. p. 23.
No fragmento, a apresentação da personagem ressalta sua