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A Escrava Isaura foi composta fora do enquadramento habitual dos outros romances e é algo excêntrica em relação a eles: conta as desditas de uma escrava com aparência de branca, educada, de caráter nobre, vítima dum senhor devasso e cruel, terminando tudo com a punição dos culpados e o triunfo dos justos. A narrativa se funda em pessoas e lugares alheios à experiência de Bernardo Guimarães — fazenda luxuosa de Campos, a cidade do Recife — reclamando esforço aturado de imaginação. O resultado não foi bom: o livro se encontra mais próximo das lendas que dos outros romances, quando o seu próprio caráter de tese requeria maior peso de realidade.
O malogro da obra é devido em parte à tese que desejou expor, e que faz da construção novelística mero pretexto, já que não soube transcender o tom esquemático, de parábola. Mas, considerada a situação brasileira do tempo, daí provém igualmente o alcance humano e social que consagrou o livro, destacando-o como panfleto corajoso e viril, que pôs em relevo ante a imaginação popular situações intoleráveis de cativeiro. Numa literatura tão aplicada quanto a nossa, não é qualidade desprezível. Tanto mais quanto o romancista timbrou em passar da descrição à doutrina, pondo na boca de personagens (sobretudo na parte decorrida em Recife) tiradas e argumentos abolicionistas.
(Antonio Candido. Formação da literatura brasileira, 2000. Adaptado.)
As considerações do crítico literário Antonio Candido em relação à obra de Bernardo Guimarães têm o objetivo de
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Subamos os degraus, que conduzem ao alpendre, todo engrinaldado de viçosos festões e lindas flores, que serve de vestíbulo ao edifício. Entremos sem cerimônia. Logo à direita do corredor, encontramos aberta uma larga porta, que dá entrada à sala de recepção, vasta e luxuosamente mobiliada. Acha-se ali sozinha e sentada ao piano uma bela e nobre figura de moça. As linhas de perfil desenham-se distintamente entre o ébano da caixa do piano, e as bastas madeixas ainda mais negras do que ele. São tão puras e suaves essas linhas, que fascinam os olhos, enlevam a mente, e paralisam toda análise. A tez é como o marfim do teclado, alva que não deslumbra, embaçada por uma nuança delicada, que não sabereis dizer se é leve palidez ou cor-de-rosa desmaiada. O colo donoso e do mais puro lavor sustenta com graça inefável o busto maravilhoso. Os cabelos soltos e fortemente ondulados se despenham caracolando pelos ombros em espessos e luzidios rolos, e como franjas negras escondiam quase completamente o dorso da cadeira, que se achava recostada. Na fronte calma e lisa como mármore polido, a luz do ocaso esbatia um róseo e suave reflexo; di-la-íeis misteriosa lâmpada de alabastro guardando no seio diáfano o fogo celeste da inspiração. Tinha a face voltada para as janelas, e o olhar vago pairava-lhe pelo espaço.
(Bernardo Guimarães. A Escrava Isaura. In: Massaud Moisés (org.). A literatura brasileira através dos textos, 2004.)
A personagem apresentada no trecho pelo narrador é Isaura, uma escrava que foi criada e educada fora da senzala. No texto, essa figura feminina é descrita
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Texto
Oprimido entre a projeção mítica do eterno herói e a perda de papel de protagonista no trabalho e em casa, o homem enfrenta a encruzilhada. Se a inversão de funções com as mulheres parece menos problema que solução para certos estratos, para outros o resultado é a reinsurgência do velho machismo. Ainda mais no Brasil, onde 52% das mulheres economicamente ativas sofrem assédio
(Paulo Vieira. “Poder analisa a nova percepção da masculinidade que enfrenta uma encruzilhada com o fim do protagonismo”. https://glamurama.uol.com.br, 06.04.2019.)
Texto
No início do século, as mulheres exerciam um papel de quase total submissão aos homens. Transgressora, Tarsila foi na contramão dos costumes da época e se separou do primeiro marido, o médico André Teixeira Pinto, em 1913, alegando divergências culturais. Para ela era inaceitável assumir o papel de dona do lar e abdicar de suas pretensões artísticas. E, sem medo de julgamentos, encarou o desquite e demorou anos, até 1925, para conseguir a anulação de seu casamento. Só assim conseguiu concretizar sua união com Oswald de Andrade, com quem ficou entre 1926 e 1930. Depois dele, Tarsila teve outros dois companheiros — o último deles, o jornalista Luis Martins, 21 anos mais jovem do que ela. Eles ficaram 18 anos juntos.
(Mariana Kid. “Por que Tarsila do Amaral foi uma mulher à frente do seu tempo?”. https://universa.uol.com.br, 06.04.2019.)
A ideia de “oprimido”, no Texto, e a de “transgressora”, no Texto 2, são justificadas, respectivamente, por:
Brasil/Tarsila
Tarsila
descendente direta de Brás Cubas
Tarsila
princesa do café na alta de ilusões
Tarsila
engastada na pulseira gótica do colégio de Barcelona
Tarsila
medularmente paulistinha de Capivari reaprendendo
o amarelo vivo
o rosa violáceo
o azul pureza
o verde cantante
desprezados pelo doutor bom gosto oficial.
(Carlos Drummond de Andrade. As impurezas do branco, 2012.)
Evidencia-se, na maneira como o eu lírico descreve o objeto do poema,
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Um dia, recebi um telefonema do meu querido amigo Roberto Carlos. Ele queria saber se poderia usar, na mesma quadra de uma de suas composições, pronomes misturados de 2º e 3] pessoas. Mesmo sabedor da liberdade literária, que é dada aos poetas, disse ao nosso maior cantor que era preferível acatar a concordância pronominal, empregando em cada quadra um só tratamento. É isso aí, bicho.
(Arnaldo Niskier. Na ponta da língua, 2001.)
A liberdade literária referida por Arnaldo Niskier está exemplificada em: