DESCREVE O QUE ERA NAQUELE TEMPO A CIDADE DA BAHIA
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem frequente olheiro,
Que a vida do vizinho, e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
Para o levar à praça, e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis aqui a cidade da Bahia.
A partir do soneto acima, de Gregório de Matos, pode-se compreender que
I. o poema se centra em dualidades, traço típico do Barroco.
II. na terceira estrofe, a crítica do poeta aos “mulatos” pode ser entendida como preconceituosa, pois os toma como enganadores.
III. na última estrofe, o poeta revela a Bahia como um lugar em que são ricos apenas os que roubam.
Está correto o que se afirma
Leia o texto abaixo:
“Os primeiros escritos da nossa vida [...] são informações que viajantes e missionários europeus colheram sobre a natureza e o homem brasileiro.
[...]
Em mais de um momento a inteligência brasileira, reagindo contra certos processos agudos de europeização, procurou nas raízes da terra e do nativo imagens para se afirmar em face do estrangeiro: então, os cronistas voltaram a ser lidos, e até glosados, tanto por um Alencar romântico e saudosista como por um Mário ou um Oswald de Andrade modernistas. Daí o interesse obliquamente estético da ‘literatura’ de informação.”
(BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43 ed. São Paulo: Cultrix, 2006)
Tendo como referência o excerto acima, pode-se dizer que
I. a primeira “literatura” brasileira, a de informação, não pode ser considerada efetivamente como literatura.
II. os cronistas do descobrimento são sempre as referências literárias dos escritores em todas as épocas da literatura brasileira.
III. o interesse estético dos textos dos cronistas só existe indiretamente, a partir dos escritores literários que os citaram ou a eles fizeram referência.
Está correto o que se afirma
“O Barroquismo nasce com as primeiras vozes jesuítas, penetra os séculos XVII e XVIII, manifestando-se pela poesia e prosa ufanista, pela poesia crioula de Gregório de Matos, pela parenética de Vieira e seus descendentes, pela prosa e poesia das academias, e atinge mesmo o começo do século XIX, sob um mimetismo de decadência.”
(COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: volume 2. 7 ed. São Paulo: Global, 2004)
De acordo com a citação acima, pode-se dizer que
I. o Barroco não foi uma escola literária do século XVII, mas de todo o período colonial brasileiro.
II. o Barroco, enquanto escola, diferencia-se do barroquismo, que vai além dos limites do século XVII, penetrando outras escolas literárias.
III. o Barroco surge no século XVII e continua vivo até o século XIX, quando é chamado de Simbolismo ou Decadentismo.
Está correto o que se afirma
“Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!”
A partir do trecho do poema “Navio Negreiro”, de Castro Alves, podese dizer que
I. a descrição das mulheres é idealizada, como era típico do romantismo indianista de Castro Alves.
II. o “voam” (em “E voam mais e mais...”) pode se referir aos sacolejos do navio nas ondas do mar.
III. a terceira estrofe revela o poeta Barroco que era Castro Alves na concatenação de ideias opostas.
Está correto o que se afirma
“À turva luz oscilante dos lampiões de petróleo, em linha, dando à noite lúgubres pavores de enterros, veem-se fundas e extensas valas cavadas de fresco, onde alguns homens ásperos, rudes, com o tom soturno dos mineiros, andam colocando largos tubos de barro para o encanamento das águas da cidade.
A terra, em torno dos formidáveis ventres abertos, revolta e calcária, com imensa quantidade de pedras brutas sobrepostas, dá ideia da derrocada de terrenos abalados por bruscas convulsões subterrâneas.”
Sobre o trecho acima, de Umbra, de Cruz e Sousa, pode-se dizer que
I. é claramente de prosa ficcional, já que a linguagem é literária, com alto índice de figuras, e não possui versos.
II. nada tem de simbolismo, pois a descrição é bastante nítida.
III. é de poema em prosa, espécie cultivada por poetas simbolistas como Cruz e Sousa.
Está correto o que se afirma