Texto para a questão
“Imagina tu, leitor, uma redução dos séculos e um desfilar de todos eles, as raças todas, todas as paixões, o tumulto dos impérios, a guerra dos apetites e dos ódios, a destruição recíproca dos seres e das coisas. Tal era o espetáculo.”
(Machado de Assis, in Memórias póstumas de Brás Cubas)
A “conversa com o leitor”, característica da literatura de Machado de Assis, se materializa no excerto por meio de um mecanismo sintático:
Um texto, ainda que pertença a um determinado período literário, pode apresentar algumas particularidades. Quando isso acontece dizemos que ele pertence a uma geração, como ocorreu com os que se enquadraram na Geração de 30, no Modernismo, assim como com a Primeira Geração, no Romantismo, por exemplo.
Identifique a alternativa em que o trecho poético corresponde à 1º geração romântica.
No próximo dia 10 de dezembro de 2020, os 100 anos de nascimento de Clarice Lispector (1920) serão comemorados. A literata nasceu na Ucrânia e foi naturalizada brasileira. Considerada uma das maiores escritoras e poetisas da literatura contemporânea, em suas obras dá destaque ao emprego intenso da metáfora, ao fluxo de consciência e à quebra da ordem cronológica do enredo. Fez uso de uma técnica que colabora para a visitação do mundo interior das personagens: o fluxo de consciência.
Observe o trecho a seguir extraído de “Felicidade Clandestina”:
Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo?”
(LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998).
O segmento apresenta o que nos estudos literários costuma-se chamar de “monólogo interior”.
A respeito deste, especificamente, pode-se afirmar que:
No Arcadismo era comum que o eu-lírico sofresse com o distanciamento da mulher amada. Tomás Antônio Gonzaga, em Marília de Dirceu, também sofreu, mas deu um outro tom a esse aspecto do arcadismo.
Leia atentamente os fragmentos dos poemas de Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa e, em seguida, indique a alternativa cujos versos comprovam a afirmação acima.
I- [...]
Mas tenho ainda mais cruel tormento:
Por coisas que me afligem, roda, e gira
Cansado pensamento.
Com retorcidas unhas agarrado
Às tépidas entranhas não me come
Um abutre esfaimado;
Mas sinto de outro monstro a crueldade:
Devora o coração, que mal palpita,
O abutre da saudade.
Não vejo os pomos, nem as águas vejo,
Que de mim se retiram quando busco
Fartar o meu desejo;
Mas quer, Marília, o meu destino ingrato
Que lograr-se não possa, estando vendo
Nesta alma o teu retrato.
Estou no Inferno, estou, Marília bela;
E numa coisa só é mais humana
A minha dura estrela:
Uns não podem mover do Inferno os passos;
Eu pretendo voar, e voar cedo
À glória dos teus braços.
Tomás Antônio Gonzaga.
II- Ai Nise amada...
Ai Nise amada! se este meu tormento,
se estes meus sentidíssimos gemidos
lá no teu peito, lá nos teus ouvidos
achar pudessem brando acolhimento;
como alegre em servir-te, como atento
meus votos tributara agradecidos!
Por séculos de males bem sofridos
trocara todo o meu contentamento.
Mas se na incontrastável pedra dura
de teu rigor não há correspondência
para os doces afetos de ternura,
cesse de meus suspiros a veemência;
que é fazer mais soberba a formosura
adorar o rigor da resistência.
Cláudio Manuel da Costa
Textos para a questão
I- [...] vejo milhares de homens de fisionomias discordes, de cor vária e de caracteres diferentes.
E esses homens formam círculos concêntricos, como os que forma a pedra, caindo no
meio das águas plácidas de um lago.
E os que formam os círculos externos têm maneiras submissas e respeitosas, são de cor
preta; — e os outros, que são como um punhado de homens, formando o centro de todos
os círculos, têm maneiras senhoris e arrogantes, e são de cor branca.
(DIAS, Antônio Gonçalves, Meditação Guanabara, revista mensal, artística, científica e literária, Rio de
Janeiro tomo i, 1850, p. 102.)
II- Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus!
Meu Deus! Que horror!
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
(...)
(Navio Negreiro, Cantos II, IV e V, Castro Alves.)
Os excertos trabalham o tema da escravidão.
Avaliando atentamente os recursos poéticos utilizados em cada um deles, pode-se dizer que o movimento literário a que pertencem é o: