Leia os dois poemas, a seguir, de Oswald de Andrade, e responda à questão.
A Descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam por a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real Não permita
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.
Canto de Regresso à Pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.
(ANDRADE, Oswald. Poesias Reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971. p.80 e p.144.)
Com relação aos poemas, considere as afirmativas a seguir.
I. No primeiro verso do poema Canto de regresso à pátria, o termo “palmares” remete à escravidão no Brasil.
II. Diferentemente da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, a saudade do poeta em relação a sua terra natal se dá, em Canto de Regresso à Pátria, principalmente por elementos culturais.
II. No verso “Com cabelos mui pretos pelas espáduas”, o poeta manteve o formato original do advérbio “mui” como gesto respeitoso em relação ao texto original.
IV. Em “Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis”, a palavra “moças” é empregada primeiramente como substantivo e depois como adjetivo.
Assinale a alternativa correta.
Leia os dois poemas, a seguir, de Oswald de Andrade, e responda à questão.
A Descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam por a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real Não permita
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.
Canto de Regresso à Pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.
(ANDRADE, Oswald. Poesias Reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971. p.80 e p.144.)
Com base nos poemas, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
( ) Oswald de Andrade, em consonância com o Modernismo, procura retratar o sentimento nacionalista a partir da idealização da pátria e de seus elementos.
( ) Oswald de Andrade é autor do Manifesto Antropofágico, que realça a contradição violenta entre as duas culturas formadoras da cultura brasileira: de um lado, a ameríndia e a africana, e, de outro, a latina (de herança cultural europeia).
( ) Os dois poemas se apresentam como releituras de textos consagrados no intuito de resgatar e homenagear as obras originais e seus autores, mantendo a essência ideológica e temática dos textos originais.
( ) O primeiro poema mantém uma relação de intertextualidade com a Carta de Pero Vaz de Caminha.
( ) No segundo poema, Oswald de Andrade faz uma paródia da Canção do Exílio com relação ao sonho da terra prometida, a partir de uma visão irônica, urbana e crítica do sentimento do exilado.
Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.
Leia o texto, a seguir, e responda à questão.
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitoria com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.
Os juazeiros aproximaram-se, recuaram-se, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou- -se no chão.
– Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.
Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse.
[...]
O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde.
[...]
Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado.[...] Fabiano meteu a faca na bainha, guardou no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda a sinha Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, finos como cambitos.[...]
E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silêncio grande.
(RAMOS, G. Vidas Secas. 66.ed. São Paulo: Record, 1994. p.9-10.)
Esse texto inaugura a obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos.
Sobre o romance, assinale a alternativa correta.
Leia o texto, a seguir, e responda à questão.
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitoria com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.
Os juazeiros aproximaram-se, recuaram-se, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou- -se no chão.
– Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.
Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse.
[...]
O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde.
[...]
Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado.[...] Fabiano meteu a faca na bainha, guardou no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda a sinha Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, finos como cambitos.[...]
E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silêncio grande.
(RAMOS, G. Vidas Secas. 66.ed. São Paulo: Record, 1994. p.9-10.)
A respeito das personagens da obra, assinale a alternativa correta.