Cidadezinha cheia de graça...
Tão pequenina que até causa dó!
Com seus burricos a pastar na praça...
Sua igrejinha de uma torre só...
Nuvens que venham, nuvens e asas,
Não param nunca nem um segundo...
E fica a torre, sobre as velhas casas,
Fica cismando como é vasto o mundo!...
Eu que de longe venho perdido,
Sem pouso fixo (a triste sina!)
Ah! Quem me dera ter lá nascido!
Lá toda a vida poder morar!
Cidadezinha...Tão pequenina
Que toda cabe num só olhar...
QUINTANA, Mário. “A rua dos cata-ventos”. In: Poesia completa. Org. Tânia Franco Carvalhal. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006. p. 107.
Com relação ao lugar descrito no poema, o eu lírico revela um(a)
SE SE MORRE DE AMOR!
(fragmento)
Amar, e não saber, não ter coragem
Para dizer que amor que em nós sentimos
Temer que olhos profanos nos devassem
O templo, onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis, de ilusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!
Gonçalves Dias
A Literatura brasileira através dos textos, Massaud Moisés.
Nesse fragmento, Gonçalves Dias evidencia o regresso a uma concepção trovadoresca do ofício poético.
A leitura do fragmento permite inferir que o eu lírico