Texto 1
PREFÁCIO
São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai- os. As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos de amor.
É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço.
Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira interna que agitava um sonho, notas que o vento levou, – como isso dou a lume essas harmonias.
São as páginas despedaçadas de um livro não lido...
AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 120.
Se ao invés de usar períodos compostos como em "É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço.", o autor tivesse escolhido períodos simples: "É uma lira sem cordas. É uma primavera sem flores. É uma coroa de folhas sem viço.", a imagem construída a respeito de sua obra não seria a mesma, porque
Leia o trecho a seguir.
“Inclina, Senhor, o teu ouvido, e ouve-me; porque eu sou desvalido e pobre.” (Salmos, LXXXV, 1)
RUBIÃO, Murilo. O ex-mágico da Taberna Minhota. Obra completa. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 21.
Considerando-se a relação de sentido que se estabelece entre a epígrafe transcrita e o conto do qual ela foi extraída, o ex-mágico se julga “desvalido e pobre” no desfecho dessa narrativa por
Leia os poemas apresentados a seguir.
MALVA-MAÇÃ
A P...
De teus seios tão mimosos
Quem gozasse o talismã!
Quem ali deitasse a fronte
Cheia de amoroso afã!
E quem nele respirasse
A tua malva-maçã!
Dá-me essa folha cheirosa
Que treme no seio teu!
Dá-me a folha… hei de beijá-la
Sedenta no lábio meu!
Não vês que o calor do seio
Tua malva emurcheceu...
[...]
AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 269.
Há uma flor que está em redor de mim,
uma flor que nasce nos cabelos da aurora
e desce sobre as águas e os ombros
de todos nós. Não, não quero amar
senão a natureza quando ela se abre
como uma flor e suas corolas à madrugada;
eu não quero amar, senão a mulher
que está em redor de mim, a mulher
que me acolhe com seus braços
e me oferece o que há de mais íntimo,
a sua pérola e sonho à madrugada.
GARCIA, José Godoy. Poesia. Brasília: Thesaurus, 1999. p. 153.
Nos poemas transcritos, a representação da figura feminina se assemelha por apresentar