Texto 1
Devolva-me
(Renato Barros e Lílian Knapp)
Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim será melhor
Meu bem!
O retrato que eu te dei
Se ainda tens,
Não sei!
Mas se tiver
Devolva-me!
Deixe-me sozinho
Porque assim
Eu viverei em paz
Quero que sejas bem feliz
Junto do seu novo rapaz...
Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim vai ser melhor
Meu bem!
O retrato que eu te dei
Se ainda tens
Não sei!
Mas se tiver
Devolva-me!
O retrato que eu te dei
Se ainda tens
Não sei!
Mas se tiver
Devolva-me!
Devolva-me!
Devolva-me!
Disponível em: <http://letras.terra.com.br>. Acesso em: 25 abr. 2012.
Tendo em vista o espaço conflituoso das relações amorosas e a entrega afetiva pressuposta nesse tipo de relacionamento, a repetição dos versos finais favorece uma leitura ambígua, pois
Leia o trecho apresentado a seguir.
ÁLVARES
A escrita existe desde sempre.
ZÉ PAULO
Errado. A escrita é uma invenção do século XIX e ela está morrendo.
ÁLVARES
Você está delirando! A escrita é antiquíssima... Os chineses já escreviam em ossos de animais, os babilônios em tabletes de barro...
ZÉ PAULO
Minha sincera homenagem aos chineses e aos babilônios, mas a escrita, a indústria da escrita, tal como a conhecemos e a praticamos há até bem pouco tempo, é uma invenção do século XIX.
ÁLVARES
Ah, você quer dizer a indústria gráfica, não a literatura.
ZÉ PAULO
É a mesma coisa.
ÁLVARES
O século XX afetou a sua cabeça!
MARTINS, Alberto. Uma noite em cinco atos. São Paulo: Editora 34, 2009. p. 80-81.
O trecho retirado da obra Uma noite em cinco atos, de Alberto Martins, apresenta pontos de vista antagônicos, o que permite associar a crítica dos poetas Zé Paulo e Álvares ao contexto histórico em que se inserem. Essa associação se expressa no seguinte confronto:
Leia os trechos apresentados a seguir.
As tribos vizinhas, sem força, sem brio, As armas quebrando, lançando-as ao rio, O incenso aspiraram dos seus maracás: Medrosos das guerras que os fortes acendem, Custosos tributos ignavos lá rendem, Aos duros guerreiros sujeitos na paz.
No centro da taba se estende um terreiro, Onde ora se aduna o concílio guerreiro Da tribo senhora, das tribos servis: Os velhos sentados praticam d'outrora, E os moços inquietos, que a festa enamora, Derramam-se em torno de um índio infeliz.
[…]
Acerva-se a lenha da vasta fogueira, Entesa-se a corda da embira ligeira, Adorna-se a maça com penas gentis: A custo, entre as vagas do povo da aldeia Caminha o Timbira, que a turba rodeia, Garboso nas plumas de vário matiz.
DIAS, Gonçalves. I - Juca Pirama. Porto Alegre: LP&M Pocket, 2007. p. 11-12.
Glossário:
maracás: chocalho usado pelos indígenas em solenidades
ignavo: fraco, covarde
adunar: reunir
embira: cipó usado para amarração
maça: bastão ou porrete com que se sacrifica o prisioneiro
garboso: elegante, distinto
O poema I – Juca Pirama se destaca por representar um painel da cultura indígena. Nos versos transcritos, o elemento desse painel que se evidencia é:
Leia os trechos apresentados a seguir.
A bicicleta flutua. Ele cometeu um erro. Esqueceu do quinto ponto delicado do percurso. As lajes de pedra cobertas de limo. […] Aderência praticamente nula. É um sabão.
[…]
A gangue o desafia com xingamentos. Ele hesita. Não pode hesitar. O garoto no chão toma mais um chute na cabeça. O barbado vem em sua direção com um pedaço de pau. Mad Max está paralisado.
GALERA, Daniel. Mãos de Cavalo. São Paulo: Cia das Letras, 2006. p. 15; 150.
Como se percebe nos trechos transcritos, há na narrativa de Mãos de Cavalo a predominância da fragmentação, aspecto comum às obras literárias da contemporaneidade. Esse aspecto se manifesta por meio da