Começava a anoitecer.
A gente de casa ficou toda na maior aflição; ninguém sabia o que se havia de fazer. O Leonardo tomou a resolução de acompanhar Vidinha a ver se a detinha em caminho.
Vidinha caminhava tão depressa que a princípio o Leonardo quase que a perdia de vista; finalmente conseguiu alcançá-la, e começou a pedir-lhe que voltasse, fazendo as maiores promessas de comedir-se dali em diante, e de lhe não dar mais motivos de desgosto. Vidinha porém a nada atendia, e caminhava sempre. O Leonardo recorreu a ameaças; Vidinha redobrou a passos: voltou de novo a rogativas; Vidinha caminhava sempre.
Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias.
O trecho revela um romance que tem como orientação temática
Fabiano estava de bom humor. Dias antes a enchente havia coberto as marcas postas no fim da terra de aluvião, alcançava as catingueiras, que deviam estar submersas. Certamente só apareciam as folhas, a espuma subia, lambendo ribanceiras que se desmoronavam. Dentro em pouco o despotismo de água ia acabar, mas Fabiano não pensava no futuro. Por enquanto a inundação crescia, matava bichos, ocupava grotas e várzeas.
Graciliano Ramos, Vidas secas.
O romance citado trata de
Em Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, o narrador-personagem, ao ser arrebatado por um hipopótamo que lhe serve de montaria, parte em uma viagem ao passado e ao encontro com a representação da natureza, que se apresenta como uma entidade fascinante. Desse encontro e do diálogo que se estabelece entre eles, conclui-se que
Depois vai o Sem-Pernas. [...] Monta um cavalo azul que tem estrelas pintadas no lombo de madeira. Os lábios estão apertados, seus ouvidos não ouvem a música da pianola. Só vê as luzes que giram com ele e prende em si a certeza de que está num carrossel, girando num cavalo como todos aqueles meninos que têm pai e mãe, e uma casa e quem os beije e quem os ame. Pensa que é um deles e fecha os olhos para guardar melhor esta certeza. Já não vê os soldados que o surraram, o homem de colete que ria. Volta Seca os matou na sua corrida. O Sem-Pernas vai teso no seu cavalo. É como se corresse sobre o mar para as estrelas na mais maravilhosa viagem do mundo. [...] Seu coração bate tanto, tanto, que ele o aperta com a mão.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
O personagem Sem-Pernas, apelido de um dos meninos que moram no trapiche, representa uma realidade social que direciona os menores à delinquência, por falta de oportunidades e condições de uma vida regular, sob a proteção da família. Assim formou-se o grupo que passa a praticar pequenos crimes, formado por personagens
Nos romances Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e O cortiço, de Aluí-sio Azevedo, observam-se as seguintes características em comum: