Leia o excerto de um texto de João Guimarães Rosa, O burrinho pedrês, do livro Sagarana, para responder à questão
Era um burrinho pedrês, miúdo e resignado, vindo de Passa-Tempo, Conceição do Serro, ou não sei onde no sertão. Chamava-se Sete-de-Ouros, e já fora tão bom, como outro não existiu e nem pode haver igual.
Agora, porém, estava idoso, muito idoso. Tanto, que nem seria preciso abaixar-lhe a maxila teimosa, para espiar os cantos dos dentes. Era decrépito mesmo a distância: no algodão bruto do pelo — sementinhas escuras em rama rala e encardida(...)
O texto de Rosa, por suas características e sua filiação aos princípios estéticos de uma época, pode enquadrar-se como
Leia o texto que segue para responder à questão
CANÇÃO DO EXÍLIO
Murilo Mendes
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!
O poema de Murilo Mendes nos leva a considerar as seguintes proposições:
I. O poema em pauta é uma paródia, de gosto modernista, a um clássico da literatura romântica brasileira, da autoria de Gonçalves Dias.
II. Há, no poema de Murilo, o fenômeno da intertextualidade, já a partir do título e presente no primeiro verso, mas não ao longo do texto, pois para haver intertextualidade deve haver similaridade sintática.
III. Encontramos também tom parodístico ao poema romântico de Gonçalves Dias no poeta Oswald de Andrade, no texto Canto de Regresso à Pátria, no qual o escritor diz: “Minha terra tem palmares / Onde gorjeia o mar / Os passarinhos daqui / Não cantam como os de lá”.
IV. Mário Quintana é outro poeta que empresta um tom de tristeza corrosiva em sua paródia ao romântico, quando escreve “Minha terra não tem palmeiras... / E em vez de um mero sabiá, cantam aves invisíveis / Nas palmeiras que não há”.
V. A paródia conserva o tom do texto original; já a paráfrase o destrói. Portanto o poema de Murilo Mendes é uma paráfrase e não uma paródia.
Estão corretas apenas
“O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia.
(...)
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta”.
A expressão “não tenho outro de pia” justifica-se porque o narrador-personagem
I. não tem sobrenome cartorial.
II. não tem nome de batismo.
III. representa todos os nordestinos que sofrem com a miséria
IV. tem pouca tinta no sangue.
Estão corretas apenas