Cansei-me de tentar o teu segredo:
No teu olhar sem cor, — frio escalpelo, —
O meu olhar quebrei, a debatê-lo,
Como a onda na crista dum rochedo.
Segredo dessa alma, e meu degredo
E minha obsessão! Para bebê-lo,
Fui teu lábio oscular, num pesadelo,
Por noites de pavor, cheio de medo.
E o meu ósculo ardente, alucinado,
Esfriou sobre o mármore correto
Desse entreaberto lábio gelado...
Desse lábio de mármore, discreto,
Severo como um túmulo fechado,
Sereno como um pélago quieto.
PESSANHA, Camilo. Clepsidra: poemas de Camilo Pessanha. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009. p. 63.
O sujeito poético
Derramai-vos, prantos meus!
Dai-me prantos, ó meu Deus!
Eu quero chorar aqui!
Em que sonhos de ebriedade
No arrebol da mocidade
Eu nesta sombra dormi!
Passado, por que murchaste?
Ventura, por que passaste
Degenerando em saudade?
Do estio secou-se a fonte,
Só ficou na minha fronte
A febre da mocidade.
AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. São Paulo: FTD, 1994. p. 90.
A geração romântica a que pertenceu Álvares de Azevedo voltou-se para o cultivo de uma poesia marcada pela subjetividade e pela expressão dos desejos mais íntimos.
Esse poema é um exemplo disso porque expressa
Cansei-me de tentar o teu segredo:
No teu olhar sem cor, — frio escalpelo, —
O meu olhar quebrei, a debatê-lo,
Como a onda na crista dum rochedo.
Segredo dessa alma, e meu degredo
E minha obsessão! Para bebê-lo,
Fui teu lábio oscular, num pesadelo,
Por noites de pavor, cheio de medo.
E o meu ósculo ardente, alucinado,
Esfriou sobre o mármore correto
Desse entreaberto lábio gelado...
Desse lábio de mármore, discreto,
Severo como um túmulo fechado,
Sereno como um pélago quieto.
PESSANHA, Camilo. Clepsidra: poemas de Camilo Pessanha. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009. p. 63.
As comparações utilizadas pelo poeta sugerem
E assim era. Quase todas as tardes havia bombardeio, do mar para as fortalezas, e das fortalezas para o mar; e tanto os navios como os fortes saíam incólumes de tão terríveis provas.
Lá vinha uma ocasião, porém, que acertavam, então os jornais noticiavam: “Ontem, o forte Acadêmico fez um maravilhoso disparo. Com o canhão tal, meteu uma bala no ´Guanabara`.” No dia seguinte, o mesmo jornal retificava, a pedido da bateria do cais Pharoux que era a que tinha feito o disparo certeiro.. passavam-se dias e a coisa já estava esquecida, quando aparecia uma carta de Niterói, reclamando as honras do tiro para a fortaleza de Santa Cruz.
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Atica, 1995. p. 143.
Sobre esse trecho do livro Triste fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto, identifique com V as afirmativas verdadeiras e com F, as falsas.
( ) O narrador vê com ironia a revolta da marinha.
( ) O episódio em foco e seus desdobramentos comprovam a defesa da causa dos direitos humanos por Quaresma.
( ) O “triste fim” do major Quaresma traduz-se tanto na morte de suas crenças quanto na morte física.
( ) O narrador, por meio dos acontecimentos da revolta da Armada, mitifica Floriano Peixoto retratando-o como um grande estadista.
( ) O idealismo de Policarpo encontra ressonância nas pessoas com quem convivia, a exemplo de Bustamante e Armando Borges.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a
E assim era. Quase todas as tardes havia bombardeio, do mar para as fortalezas, e das fortalezas para o mar; e tanto os navios como os fortes saíam incólumes de tão terríveis provas.
Lá vinha uma ocasião, porém, que acertavam, então os jornais noticiavam: “Ontem, o forte Acadêmico fez um maravilhoso disparo. Com o canhão tal, meteu uma bala no ´Guanabara`.” No dia seguinte, o mesmo jornal retificava, a pedido da bateria do cais Pharoux que era a que tinha feito o disparo certeiro.. passavam-se dias e a coisa já estava esquecida, quando aparecia uma carta de Niterói, reclamando as honras do tiro para a fortaleza de Santa Cruz.
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Atica, 1995. p. 143.
A obra Triste Fim é representativa do pré-modernismo no Brasil porque
Relógio
As coisas são
As coisas vêm
As coisas vão
As coisas
Vão e vêm
Não em vão
As horas
Vão e vêm
Não em vão
ANDRADE, Oswald. Uma poética da radicalidade, por Haroldo de Campos. São Paulo: Globo, 1998. p. 55.
A afirmativa em desacordo com o texto é a