Poeticamente, o sal metaforiza o mar, as lágrimas, a força de viver. Castro Alves, em sua obra poética, lança mão desse recurso para unir arte e crítica social. Observe os fragmentos:
Fragmento 1 - “A Canção do Africano”
Lá, na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...
Fonte: CASTRO ALVES, 1995, p. 100.
Fragmento 2 - “O Navio Negreiro”
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...
Fonte: CASTRO ALVES, 1995, p. 137.
Em relação a esses versos, é possível afirmar:
I - O canto, as saudades e o pranto do escravo, no primeiro fragmento, são decorrentes do cativeiro resultante da escravidão, situação aviltante ao ser humano.
II - O “horror perante os céus” a que se refere o eulírico, no segundo fragmento, corresponde ao tráfico de escravos, mácula sociomoral que envergonha o Brasil.
III - Em ambos os fragmentos, a crueldade da escravidão se faz presente.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
Padecia deveras, no mais íntimo do amorpróprio [...]. Teso na cadeira, o Rangel estava atônito. De cabeça espatifou o Queirós; depois cogitou a possibilidade de um desastre qualquer, uma dor bastava, mas coisa forte, que levasse dali aquele intruso. Nenhuma dor, nada; o diabo parecia cada vez mais lépido, e toda a sala fascinada por ele.
Fonte: MACHADO DE ASSIS, 1997, p. 86.
A fina e contundente análise que Machado de Assis costuma fazer de suas personagens frequentemente aponta para as fraquezas e mazelas do caráter humano. O trecho evidencia que Rangel mostra-se
Ainda uma vez ‒ adeus! ‒ [XVIII] Lerás porém algum dia Meus versos, d'alma arrancados, D'amargo pranto banhados, Com sangue escritos; ‒ e então Confio que te comovas, Que a minha dor te apiade, Que chores, não de saudade, Nem de amor, ‒ de compaixão. Fonte: GONÇALVES DIAS, 2000. p. 63-68.
Uma leitura comparativa dos excertos permite afirmar que os dois eus-líricos
O nacionalismo literário do Romantismo brasileiro tem na prosa indianista sua maior expressão. Leia atentamente o excerto seguinte e marque verdadeira (V) ou falsa (F) em cada afirmativa sobre ele.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha
os cabelos mais negros que a asa da graúna, e
mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso;
nem a baunilha recendia no bosque como seu
hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena
virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde
campeava sua guerreira tribo, da grande nação
tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava
apenas a verde pelúcia que vestia a terra com
as primeiras águas.
Fonte: ALENCAR, 1999, p. 20.
( ) O nacionalismo se traduz, nesse trecho, pela escolha do léxico, que incorpora palavras em tupi, por exemplo.
( ) Os atributos da protagonista metaforizam o paraíso, traçando um paralelo entre Iracema e a terra que recebe o colonizador.
( ) A figura indígena é idealizada, como são idealizados também o espaço e as origens do povo brasileiro ao longo do romance.
( ) A caracterização de Iracema assinala sua total integração à natureza.
A sequência correta é
Bom-Crioulo não pensou em dormir, cheio,
como estava, de ódio e desespero. [...]
Amigado, o Aleixo! [...] Amigar-se, viver com
uma mulher, sentir o contato de outro corpo
que não o seu, deixar-se beijar, morder, nas
ânsias do gozo, por outra pessoa que não o
Bom-Crioulo!...
Agora é que tinha um desejo enorme, uma
sofreguidão louca de vê-lo rendido, a seus pés
[...] As palavras de Herculano (aquela história
do grumete com uma rapariga) tinham-lhe
despertado o sangue, fora como uma espécie
de urtiga brava arranhando-lhe a pele,
excitando-o, enfurecendo-o de desejo. [...]
Não, não era somente o gozo comum, a
sensação ordinária, o que ele queria depois das
palavras de Herculano: era o prazer brutal,
doloroso, fora de todas as leis, de todas as
normas...
Fonte: CAMINHA, 2002. p. 108-109.
No trecho destacado, predominam as seguintes características da narrativa de Adolfo Caminha: