“Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido
de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas
óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.”
Em seu “Manifesto antropófago”, do qual foi retirado o trecho acima, Oswald de Andrade defende
Estudar um movimento de ideias querendo ignorar o que o precedeu ou o seguiu, abstraindo a situação social e política que o alimentou e sobre a qual, por sua vez, ele pôde agir é trabalho inócuo. O Surrealismo, particularmente, está fortemente engajado no período entre as duas guerras. Dizer, como alguns, que ele não passa, no plano da arte, de uma manifestação pura e simples é de um materialismo por demais simplista: ele constitui também o herdeiro e o continuador dos movimentos artísticos que o precederam sem os quais não teria existido. É, portanto, sob esses dois aspectos ao mesmo tempo que devemos considerá-lo.
Entre 1918 e 1940, foi o contemporâneo de acontecimentos sociais, políticos, científicos, filosóficos de primeira importância. Alguns o marcaram fortemente; a outros deu seu colorido próprio.
Na Exposição Internacional do Surrealismo, realizada em Paris (1938), estavam representados quatorze países. O Surrealismo havia rompido os quadros nacionais da arte. Nenhum movimento artístico antes dele, inclusive o Romantismo, teve essa influência e essa audiência internacionais. Foi o alimento saboroso dos melhores artistas de cada país, o reflexo de uma época que, também no plano artístico, devia encarar seus problemas em escala mundial.
(História do Surrealismo, 2008. Adaptado.)
Segundo o texto, é correto afirmar que o Surrealismo