Considerando o contexto da obra Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, leia o texto para responder à questão
TEXTO
O retirante explica ao leitor quem é e a que vai
— O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da MariaMas isso ainda diz pouco:
[...]
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
[...]
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte Severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
[...]
Fonte: MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida Severina. 1º ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.
Severino chega a uma conclusão que lhe parece óbvia e que confirma, por fim, as similaridades entre os Severinos.
Trata-se do fato de
A questão têm como texto base fragmento do romance O Mulato, de Aluísio Azevedo. Leia-o para responder à questão
TEXTO
As paredes, barradas de azulejos portugueses e, para o alto, cobertas de papel pintado, mostravam, nos seus desenhos repetidos de assuntos de caça, alguns lugares sem tinta, cujas manchas brancacentas traziam
à ideia joelheiras de calças surradas. Ao lado, dominando a mesa de jantar, aprumava-se um velho armário de jacarandá polido, muito bem tratado, com as vidraças bem limpas, expondo as pratas e as porcelanas de gosto moderno; a um canto dormia, esquecida na sua caixa de pinho envernizado, uma máquina de costura de Wilson, das primeiras que chegaram ao Maranhão; nos intervalos das portas simetrizavam-se quatro estudos de Julien, representando em litografia as estações do ano; defronte do guarda-louça, um relógio de corrente embalava melancolicamente a sua pêndula do tamanho de um prato e apontava para as duas horas. Duas horas da tarde.
Não obstante, ainda permanecia sobre a mesa a louça que servira ao almoço. Uma garrafa branca, com uns restos de vinho de Lisboa cintilava à claridade reverberante que vinha do quintal. De uma gaiola, dependurada entre as janelas desse lado, chilreava um sabiá.
Fonte: AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Martin Claret, 2010.
O fragmento ilustra uma característica muito presente na prosa naturalista brasileira, conhecida como
A questão têm como texto base fragmento do romance O Mulato, de Aluísio Azevedo. Leia-o para responder à questão
TEXO
Raimundo tinha vinte e seis anos e seria um tipo acabado de brasileiro, se não fossem os grandes olhos azuis, que puxara do pai. Cabelos muito pretos, lustrosos e crespos; tez morena e amulatada, mas fina; dentes claros que reluziam sob a negrura do bigode; estatura alta e elegante; pescoço largo, nariz direito e fronte espaçosa. A parte mais característica de sua fisionomia eram os olhos grandes, ramalhudos, cheios de sombras azuis; pestanas eriçadas e negras, pálpebras de um roxo vaporoso e úmido; as sobrancelhas, muito desenhadas no rosto, como a nanquim, faziam sobressair a frescura da epiderme, que, no lugar da barba raspada, lembrava os tons suaves e transparentes de uma aquarela sobre papel de arroz.
Tinha os gestos bem-educados, sóbrios, despidos de pretensão; falava em voz baixa, distintamente, sem armar ao efeito; vestia-se com seriedade e bom gosto; amava as artes, as ciências, a literatura e, um pouco menos, a política.
Fonte: AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Martin Claret, 2010.
Ao longo da narrativa acima, o autor nos brinda com diferentes descrições do protagonista Raimundo.
O fragmento revela uma visão do personagem como
Leia o texto a seguir para responder à questão
— Não chores, minha flor... segredou-lhe afinal. Tens toda a razão... perdoa-me se fui grosseiro contigo! Mas que queres? todos nós temos orgulho, e a minha posição ao teu lado era tão falsal!... Acredita que ninguém te amará mais do que te amo e te desejo! Se soubesses, porém, quanto custa ouvir cara a cara: Não lhe dou minha filha, porque o senhor é indigno dela, o senhor é filho de uma escrava! Se me dissessem: É porque é pobre! Que diabo! eu trabalharia! se me dissessem: É porque não tem uma posição social! juro-te que a conquistaria, fosse como fosse! É porque é um infame! um ladrão! um miserável! eu me comprometeria a fazer de mim o melhor modelo dos homens de bem! Mas um ex-escravo, um filho de negra, um mulato! E, como hei de transformar todo meu sangue, gota por gota? como hei de apagar a minha história da lembrança de toda esta gente que me detesta?
Fonte: AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Martins Claret, 2010. a
O diálogo entre os personagens Raimundo e Ana Rosa na obra O Mulato, de Aluísio Azevedo (1881), expressa o preconceito racial existente na sociedade maranhense do século XIX.
Da leitura do romance O Mulato, percebe-se que