O poeta Carlos Drummond de Andrade, autor de vasta e significativa obra, escreveu muitos poemas sobre o amor. Abaixo temos um desses poemas, sobre o qual é correto afirmar:
Sentimental
Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçado na mesa, todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!
– Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
“Neste país é proibido sonhar”.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 16.
O indianismo romântico teve como principal romancista o cearense José de Alencar, autor de obras representativas desse movimento no Brasil.
Com base na leitura do trecho de O Guarani, transcrito abaixo, assinale a opção incorreta.
“Em pé, no meio do espaço que formava a grande abóbada de árvores, encostado a um velho tronco decepado pelo raio, via-se um índio na flor da idade.
“Uma simples túnica de algodão, a que os indígenas chamavam aimará, apertada à cintura por uma faixa de penas escarlates, caía-lhe dos ombros até o meio da perna, e desenhava o talhe delgado e esbelto como um junco selvagem.”
ALENCAR, José de. O guarani. 20 ed. São Paulo: Ática, 1996, p. 19.
Machado de Assis é autor de textos consagrados na tradição literária brasileira. Entre seus romances, destacam-se: Memórias póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Memorial de Aires e Esaú e Jacó.
Sobre este último, do qual foi transcrito abaixo um fragmento, é correto afirmar:
“Tudo esperavam, menos os dois gêmeos, e nem por ser o espanto grande, foi menor o amor. Entende-se isto sem ser preciso insistir, assim como se entende que a mãe desse aos dois filhos aquele pão inteiro e dividido do poeta; eu acrescento que o pai fazia a mesma coisa. Viveu os primeiros tempos a contemplar os meninos, a compará-los, a medi-los, a pesá-los. Tinham o mesmo peso e cresciam por igual medida. A mudança ia-se fazendo por um só teor. O rosto comprido, cabelos castanhos, dedos finos e tais que, cruzados os da mão direita de um com os da esquerda de outro, não se podia saber que eram de duas pessoas. Viriam a ter gênio diferente, mas por ora eram os mesmos estranhões. Começaram a sorrir no mesmo dia. O mesmo dia os viu batizar.”
ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Esaú e Jacó. São Paulo: FDT, 2011, p. 34.
Graciliano Ramos inicia Memórias do cárcere com o seguinte trecho:
“Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos – e, antes de começar, digo os motivos porque silenciei e porque me decido. Não conservo notas: algumas que tomei foram inutilizadas, e assim, com o decorrer do tempo, ia-me parecendo cada vez mais difícil, quase impossível, redigir esta narrativa. Não vai aqui falsa modéstia, como adiante se verá. Também me afligiu a ideia de jogar no papel criaturas vivas, sem disfarces, com os nomes que têm no registro civil. Repugnava-me deformá-las, dar-lhes pseudônimo, fazer do livro uma espécie de romance. Mas teria eu o direito de utilizá-las em história presumivelmente verdadeira? Que diriam elas se se vissem impressas, realizando atos esquecidos, repetindo palavras contestáveis e obliteradas?”
RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. Vol. I. 21. ed. Rio de Janeiro: Record, 1986, p. 33.
Sobre este livro, é correto concluir:
Grande sertão: veredas, do escritor mineiro João Guimarães Rosa, é considerado um romance que renova a narrativa brasileira, em especial, a narrativa de caráter regionalista que tinha como espaço de suas ações o sertão. Leia atentamente o trecho transcrito. Dadas, em seguida, as afirmações acerca desse romance,
“O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.”
ROSA. João Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p. 15.
I. Em Grande sertão: veredas, a narrativa se pauta na transformação, tudo está em contínua mudança, as personagens, a paisagem, as relações pessoais e profissionais.
II. Grande sertão: veredas é marcado, principalmente, pela linguagem bastante inovadora, no que concerne à sintaxe e à seleção vocabular, com muitos arcaísmos e neologismos.
III. O romance de Guimarães Rosa tem como principal tema a seca, que assola o sertão, provocando mudanças na paisagem e muitos sofrimentos para os personagens centrais, os camponeses Riobaldo e Diadorim.
IV. Este é o único romance da obra de Guimarães Rosa, autor que escreveu principalmente contos, reunidos, entre outros, nos livros Primeiras estórias e Tutameia: terceiras estórias.
verifica-se que estão corretas