Nenhuma ética anterior tinha de levar em consideração a condição global da vida humana, o futuro distante e até mesmo a existência da espécie. Com a consciência da extrema vulnerabilidade da natureza à intervenção tecnológica do homem, surge a ecologia. Repensar os princípios básicos da ética. Procurar não só o bem humano, mas também o bem de coisas – extra-humanas, ou seja, alargar o conhecimento dos “fins em si mesmos” para além da esfera do homem, e fazer com que o bem humano incluísse o cuidado delas.
JONAS, Hans. Ética, medicina e técnica. Lisboa: Vega Passagens, 1994, p. 40.
Com base nos princípios da ética da responsabilidade de Hans Jonas, voltada para as especificidades dos desafios impostos pelo que o autor chama de civilização tecnológica, considere as seguintes assertivas:
I As éticas tradicionais são suficientes para responder às demandas ambientais da civilização tecnológica.
II As interferências técnicas dos seres humanos no meio ambiente atingiram proporções nunca antes vistas, as quais exigem uma nova postura ética à altura.
III A humanidade precisa expandir o campo de preocupação ética, atualizando-a, corrigindo-a e ampliando-a para o âmbito das coisas extra-humanas.
IV As ações humanas não têm consequências na natureza. O meio ambiente é capaz de tolerar todas as intervenções da civilização tecnológica sem sofrer prejuízos.
V Cada pessoa deve agir moralmente apenas com base nos próprios interesses. A humanidade não tem nenhum dever ético para com as gerações futuras.
Estão CORRETAS as assertivas.
Em um texto de suas Preleções sobre a História da Filosofia, o filósofo alemão Hegel (1770-1831) afirma:
I Que a proposição fundamental daquele que é considerado o primeiro filósofo, Tales de Mileto, é filosófica porque afirma a unidade da totalidade dos seres;
II Que essa afirmação da unidade do Todo se distingue do discurso homérico, marcado pelos mitos, porque em Homero supõem-se muitas realidades e princípios, sem unidade clara;
III Que o erro da proposição de Tales está em nomear e entender a unidade absoluta como água, já que água é um dos seres, e não o princípio universal (arkhé).
É indiferente que haja ordem ou desordem no visto, mas o critério para essa ordenação ou para a desordem, ou seja, a possibilidade mesma de que o múltiplo intuído (o “visto imediatamente”) tenha alguma ordem é uma representação prévia ao intuído, que lhe dá forma.
A partir do que se disse, é INCORRETO afirmar.
A suposta teoria dos dois mundos diz que, ao diferenciar dóxa [opinião] e epistéme [conhecimento], no final do livro V [do diálogo República], é justificado dizer que Platão propõe uma visão que implica compreender a realidade como cindida entre duas totalidades paralelas: o mundo das aparências e o mundo das ideias.
MARQUES, Marcelo Pimenta. “Contra a teoria dos dois mundos na filosofia de Platão (República V 476e-478e)” In CONTE, J. & BAUSCHWITZ,O.F. (orgs). O QUE É METAFÍSICA?, Atas do III Colóquio Internacional de Metafísica. Natal, RN: Ed.UFRN, 20l1.
Contra essa interpretação tradicional, porém, Marcelo Pimenta conclui que, “no caso do livro V da República, na participação entre coisas múltiplas visíveis e Formas inteligíveis, podemos dizer que a Forma participada é o que é, existe, tem sua determinação total e é causa da determinação maior ou menor de outros seres; mas também as coisas que aparecem são o que são; elas não são menos que as Formas, não têm menos “quantidade” de ser; elas são de modo diferente, ou seja, existem e são menos determinadas, têm um grau menor de determinação, do que quer que sejam. A meu ver, essa compreensão articulada pode e deve nos levar a rejeitar a tal doutrina dualista e a nos posicionarmos contra a teoria dos dois mundos na filosofia de Platão”.
Considerando seus conhecimentos em filosofia e a posição da interpretação enunciada acima, assinale a alternativa INCORRETA.
Como a moral, portanto, tem uma influência sobre as ações e os afetos, segue-se que não pode ser derivada da razão, porque a razão sozinha, como já provamos, nunca poderia ter tal influência. A moral desperta paixões, e produz ou impede ações. A razão, por si só, é inteiramente impotente quanto a esse aspecto. As regras da moral, portanto, não são conclusões da razão.
HUME, David. Tratado sobre a natureza humana. São Paulo: Edunesp, 2009, p. 497.
Sobre a teoria do sentimento moral de David Hume é INCORRETO afirmar.
Sobre a estética transcendental, Kant nos diz:
Toda a nossa intuição não é senão a representação de fenômeno: as coisas que intuímos não são em si mesmas tais quais as que intuímos, nem suas relações são em si mesmas constituídas do modo como nos aparecem e, se suprimíssemos o nosso sujeito ou também apenas a constituição subjetiva dos sentidos em geral, em tal caso desapareceriam toda a constituição, todas as relações dos objetos no espaço e no tempo, e mesmo espaço e tempo. Todas essas coisas enquanto fenômenos não podem existir em si mesmas, mas somente em nós. O que há com os objetos em si e separados de toda esta receptividade de nossa sensibilidade, permanece-nos inteiramente desconhecido. Não conhecemos senão o nosso modo de percebê-los.
KANT, I. “Estética transcendental § 8”. In Crítica da razão pura. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
Considerando o trecho acima e seu conhecimento sobre a filosofia kantiana, assinale a alternativa INCORRETA.
O filósofo Thomas Kuhn afirma sobre as revoluções científicas:
[...] as revoluções científicas iniciam-se com um sentimento crescente, também seguidamente restrito a uma pequena subdivisão da comunidade científica, de que o paradigma existente deixou de funcionar adequadamente na exploração de um aspecto da natureza, cuja exploração fora anteriormente dirigida pelo paradigma. […] o sentimento de funcionamento defeituoso, que pode levar à crise é um pré-requisito para a revolução.
KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 3a ed., 1995, p. 126.
Considerando o trecho acima e seus conhecimentos sobre o pensamento de Kuhn, assinale a alternativa CORRETA.