Redação #940155
A tragédia em Petrópoles, para além da demonstração da fragilidade do ser humano perante as forças da natureza, escancarou a problemática questão da habitação no Brasil. Nesse sentido, o que se nota, na atualidade, é que, apesar do crescimento no número de novos imóveis em 2021(dado revelado pelo site governamental Agencia Brasil), muitas das residências no país encontram-se em localidades não propícias para habitação. Sob tal ótica, razões de cunho econômico e a má gestão municipal podem elucidar tal lastima social.
Primeiramente, cabe ressaltar que a desigualdade social representa a razão econômica de tal problemática. Dessa forma, seguindo a lógica neoliberal de lucro a todo custo, observa-se que a especulação imobiliária, termo que se refere a valorização de terrenos de acordo com sua centralidade, é fator determinante para a intensificação da periferialização. Como consequência, a parcela mais pobre da população apenas consegue firmar-se em regiões preteridas das cidades, como morros e encostas, dando início a ocupação humana em áreas de risco e que, em muitas vezes, carece da infraestrutura mínima para residir.
Ademais, para além das questõs econômicas,vale salientar o descaso na elaboração do plano diretor das cidades brasileiras, responsvel por planejar a conformação dos espaços urbanos, como elemento responsável por expor a população a essa condição. Nessa perspectiva, observa-se que o grande número de espaços sem função social, abandonados ou tombados nos grandes centros urbanos são responsáveis por limitar os espaços e onera-los. Com resultado, as cidades cada vez mais crescem horizontalmente e periferializa pessoas mais fragilizadas.
Portanto, torna-se evidente que, dentre as várias razões que explicam a triste realidade dos espaços urbanos e o encarecimento das regiões centrais das cidades. Por fim, nesse cenário alarmante, se esse contexto persistir, tragédis como em Petropoles, ano a ano, irão se repetir.
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