Redação #738632
Previsão: 28/07/2021
O livro "Utopia", de Thomas More, retrata uma sociedade ausente de impasses civís, voltada à perfeição idealizada. Entretanto, em paralelo com a sociedade contemporânea, é visto que a inferiorização da população negra nos meios urbanos, atrelada à marginalização étnico-social das mulheres atuantes nas comunidades brasileiras, juntamente à negligência governamental, tornou o semblante feminino vulnerável à alta concentração de mulheres no sistema carcerário. Logo, observa-se que o cenário nacional diverge-se do proposto por More, fundamentando um ambiente desarmônico.
Em primeiro plano, é válido pontuar que a persistência de valores racistas intrínsecos no meio social contribui com a marginalização de mulheres negras na sociedade. A sobreposição étnica da elite fundiária, durante o Segundo Reinado brasileiro, configurou o escanteamento da população negra recém liberta , às margens dos centros nacionais. Tal conjuntura, influenciou a baixa participação feminina negra às atividades urbanas influentes, sendo direcionada à prática de atividades ilícitas circundantes em sua comunidade, como forma de mantimento no meio social. Dessa forma, percebe-se que a inferiorização da classe feminina negra colaborou com a marginalização do semblante feminista partindo da desigualdade de gênero e racial, no Brasil.
Em segunda instância, é visto que a ausência federal no fornecimento de meios interventores contribuiu com o encarceramento feminino. A falta de auxílios sociais às comunidades, habitadas pela população negra em sua maioria, à margem dos contigentes urbanos, colaborou a atuação femista nos pontos criminais nos paralelos formados ao meio central, direcionando as mulheres à participação no tráfico presente em sua comunidade, impulsionando a concentração da parcela feminina negra nos centros penitenciários. Desse modo, é visto que a negligência governamental vai de encontro ao " Contrato Social" do filósofo John Locke, que fundamenta o dever público na garantia da um Estado harmônico. Fica evidente, portanto, a necessidade de medidas para mitigar o encarceramento feminino negra no país.
Destarte, é imperial que o Ministério da Cidadania implemente, por meio de verbas públicas, centros comunitários de emprego nas redes urbanas, voltados às mulheres negras com baixo poder aquisitivo, reduzindo a participação feminina nas atividades criminais e influenciando a homogeneização étnica no meio social. Ademais, é indispensável que o órgão supracitado disponibilize, por meio de estruturas públicas, unidades de reinclusão aos indivíduos liberados das penitenciárias, com intuito de ressocializar a população negra marginalizada, aproximando o ambiente nacional ao proposto por More.
-