Redação #705830
A ascensão da internet e das redes sociais abriu espaço para a propagação de ideias, novas formas de expressão e denúncias sociais. Acompanhando estes fenômenos, surge o tribunal da internet, o qual é aplicado para caluniar pessoas que cometem erros, e raramente age em função do aperfeiçoamento do próximo, contribuindo para a consolidação da cultura do cancelamento. Quais são as consequências do ato de cancelar?
A priori, é preciso compreender que a prática da injúria por meio da internet é fruto do abuso da liberdade da expressão, bem como a ausência de um limite entre a crítica construtiva e o linchamento virtual. É o caso de Karol Conká, cuja carreira musical desabou após participar de um reality show e sofrer cancelamento nas mídias após cometer erros durante o programa. Dessa forma, esta ação possui como principais desdobramentos os danos morais e o isolamento.
Aliado a linha tênue estabelecida entre a violência e a correção, é quase impossivel estabelecer um debate coerente e construtivo, já que o cancelador se sobrepõe a diferentes opiniões e impede a troca de ideias e a possibilidade de melhora da sociedade. Assim, consolida-se mais uma forma de manutenção da cultura do cancelamento, pois é estabelecido um padrão moral que deve ser seguido a risca por todos os membros da sociedade e estes são julgados pela justiça virtual.
Em suma, a internet é um meio de comunicação muito dinâmico e fonte de novas ideias e ascensão de personalidades, ao passo que há uma formação de coletivos julgamentos destas em nome da melhoria da sociedade, o qual muitas vezes é apenas um pano de fundo para a violência em redes sociais. Para evitar este cenário, é necessário que o Estado, aliado a iniciativa privada, promova cursos e leis que garantam a melhoria da educação na internet, a fim de estabelecer nas mídias um espaço democrático, aberto ao dialogo e a formação de opinião e seguro para o uso.
Santa Cruz das Palmeiras - SP