Redação #639012
Previsão: 11/06/2021
"O mais escandaloso dos escândalos é que nos habituamos a eles". A afirmação, atribuída à filósofa francesa Simone de Beauvoir, pode facilmente ser aplicada às preocupante abrangência do negacionismo científico em nossa sociedade, o que vem ganhando cada vez mais força com a atual pandemia da Covid-19 e teimosia da população em seguir os protocolos de prevenção recomendados pela OMS.
Quando há provas concretas sobre algo e mesmo assim alguém teima em não acreditar no fato apresentado sem ter para isso nenhum motivo além de algo abstrato (como intuição, implicância, ignorância ou mesmo vontade de não crer que o outro esteja certo por qualquer motivo), chamamos a atitude dessa pessoa de Negacionismo Científico, que pode ser motivado por diversos fatores sociais, econômicos, políticos, religiosos, culturais e etc. Tendo em vista o momento difícil pelo qual o mundo está passando atualmente devido à proporção devastadora do contágio do novo coronavírus e suas variantes, o Negacionismo Científico tem tomado força principalmente no meio políticos, o que tem gerado um estado de aflitiva calamidade na saúde pública de nosso país por negligência e ignorância da população em relação à necessidade de medidas rígidas de prevenção contra a Covid-19, como por exemplo o uso de máscaras e o distanciamento social, precauções necessárias, porém constantemente ignoradas pelos cidadãos brasileiros.
"Em países mais desiguais, as pessoas tendem a desconfiar mais da ciência do que em nações mais igualitárias". A do atual diretor de comunicações da Wellcome Trust nos leva crer que a descrença na ciência está diretamente ligada às reputação de outras instituições, como por exemplo o governo federal, já que geralmente países subdesenvolvidos e em desenvolvimento â€" como o Brasil â€" tendem a ser mais corruptos e desonestos com sua população. "As pessoas desconfiam da ciência assim como desconfiam de outras estruturas de poder, como o governo, o sistema judiciário e a imprensa", reforça Yurij Castelfranchi, pesquisador da UFMG. O sociólogo e físico afirma também que é inevitável que esse sentimento coletivo reverbere na ciência.
Tendo em vista o exposto, é imprescindível que sejam tomadas pelo Governo Federal em parceria com os Ministérios da Cultura, Educação e Ciência medidas para reduzir a desinformação ou a propagação de mentiras por pessoas influentes, sejam elas do meio político, religioso ou qualquer outro. Deve-se também investir na ministração de aulas de ciência com conteúdos o mais próximos possíveis da realidade em que vivemos, tratando de temas atuais e necessários nós quais o negacionismo tenda a se perpetuar com mais afinco, a fim de evitar mais gerações futuramente cegas por este estigma social.
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