Redação #1155358
Previsão: 20/09/2022
O Brasil é marcado por uma grande miscigenação cultural, tendo em vista o processo de colonização do país, o que inclui, também, práticas religiosas. No entanto, mesmo com essa latente pluralidade existindo há tanto tempo, os preconceitos relacionados à religião ainda são um desafio para a liberdade dos cidadãos. Isso se deve, sobretudo, à discriminação racial e à presença da fé no meio político.
Sob esse viés, é nítido que a discriminação racial, sem dúvidas, repercute na persistência do quadro em análise, visto que, historicamente, os negros e os indígenas são os que mais sofrem por conta das suas crenças. Nesse contexto, vale destacar que as religiões de matrizes africanas e indígenas, por exemplo, tiveram que ser recriadas e adaptadas durante o descobrimento do Brasil e o período escravocrata devido à grande repressão e criminalização existente, o que é um reflexo do racismo estrutural enraizado na sociedade, presente até os dias atuais. Mostra-se, então, que os preconceitos vigentes impedem o exercício religioso, gerando, cada vez mais, intolerância.
Outrossim, nota-se que a política também exerce influência sobre a religião e vice-versa, o que, muitas vezes, dificulta a liberdade do povo. Nesse sentido, é importante salientar que no ano de 1889, quando a República brasileira foi proclamada, ocorreu a separação entre a igreja e o governo, bem como a introdução dos princípios de laicização do Estado, com o intuito de abolir qualquer intervenção, mas a fé continua presente no meio político, haja vista a existência da bancada evangélica no Poder Legislativo, privilegiando algumas doutrinas em detrimento de outras. Dessa forma, é evidente que a religiosidade, quando relacionada ao poder estadual, contribui para a menor autonomia de cada setor em questão e para a segregação.
Portanto, medidas são necessárias para combater a discriminação racial e a presença da fé na política. Logo, urge que o Ministério da Cidadania, por meio da parceria com os colégios públicos, realize projetos que levem o tema da diversidade cultural para as escolas, a partir de grupos religiosos, a fim de que os estudantes entendam a pluralidade latente no pais, e fiscalize a interferência das crenças pessoais no Estado. Somente assim a sociedade poderá mudar e passar a ser mais tolerante.
- BA