Redação #1040887
Previsão: 06/06/2022
No filme "O túmulo dos vaga-lumes", é retratado a escassez de alimentos no Japão devido à Segunda Guerra Mundial. Nele, a trama é centrada nos irmãos Seita e Setsuko, que após a perda de seus pais, são obrigados a conviver com a fome. Já na realidade brasileira, apesar do país não estar envolvido em nenhum conflito militar, muitos habitantes também sofrem com a falta de comida. Isso se deve ao fato do Brasil priorizar as exportações, o que gera um aumento interno no preço dos alimentos.
A partir desse cenário, pode-se afirmar que o governo nacional favorece os grandes produtores de commodities para exportação em detrimento dos pequenos agricultores, os quais são os principais abastecedores de alimentos para o mercado interno. Sob tal perspectiva, os dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos- o Brasil é o segundo maior exportador mundial de alimentos industrializados- contrastam com os 10 milhões de brasileiros que vivem em situação de insegurança alimentar grave, conforme divulgado em 2020 pelo IBGE. Com base nisso, é notável que essa situação preocupante não será resolvida enquanto não for colocada em primeiro plano a produção para o abastecimento interno.
Como consequência, as dificuldades enfrentadas por pequenos agricultores, em razão da insuficiência de apoio governamental, atingem a população por meio do aumento no preço dos alimentos. Nesse sentido, são afetados, principalmente, os indivíduos mais pobres, uma vez que a inflação incide com uma maior intensidade os itens da cesta básica. Como exemplo desse acréscimo no valor dos alimentos encontra-se o arroz, que sofreu uma alta de 42% no preço da saca em agosto de 2020, segundo a CNN. Logo, com os alimentos cada vez mais inacessíveis à camada mais carente da sociedade, a fome é uma realidade que se faz presente e que precisa ser combatida.
Portanto, a fim de garantir alimentos com preços acessíveis e assim reduzir a insegurança alimentar urge que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento redirecione seus recursos de modo menos desigual, mediante o aumento de investimentos e incentivos aos pequenos agricultores, já que eles são os grandes responsáveis por fornecer alimento para os brasileiros. Só assim, vítimas da fome, como Seita e Setsuko, não serão comuns.
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