Prova UEFS 2012/1 Caderno 1
60 Questões
TEXTO:
As campanhas políticas invadiram a web. É a era
da política 2.0. Os candidatos inundam as redes sociais
e os blogs, mas, na maioria dos casos, apenas repetem
a mesma propaganda que penduram nos postes ou
5 gritam nos alto-falantes. Ignoram que, como diz o
sociólogo Carlos Martini, “em Atenas, a ágora era a
praça onde se expressavam as opiniões. A ágora
contemporânea inclui as redes sociais, mas essa praça
não termina aí, não se limita às redes virtuais. Se
10 completa com a presença pública”. Desrespeitam a
variedade de formas de comunicação, de possibilidades
de manifestar o descontentamento, dentro e fora das
ruas. Em nenhum caso, há uma possibilidade real de
participação do cidadão. Usam outros meios de
15 comunicação, mas o tipo de política é o mesmo: “se faz
tudo pelo povo, mas sem o povo” (lema do velho
“despotismo esclarecido”).
No recente artigo A revolução será tuitada, Enrique
Dans, professor da IE Business School, fala sobre a
20 evolução da democracia na Espanha: “O chamado
‘espírito da transição’, após a ditadura franquista,
conseguiu que, em pouco tempo, os espanhóis fossem
capazes de evoluir para um sistema de democracia
representativa. Com uma agilidade inédita, a Espanha
25 se reinventou. A democracia que estabelecemos é
um fiel reflexo da sociedade da época: a voz dos
cidadãos deveria estar expressa por um sistema de
representantes que a transmitisse, em cada âmbito, aos
círculos do poder. O cidadão tinha poucos meios para
30 expressar sua vontade além de um voto a cada quatro
anos. A produção de informação estava reservada aos
que tinham o controle dos meios de comunicação”.
Essa realidade social mudou. Em países ditatoriais,
como Tunísia, Egito, Líbia, Síria ou Iêmen, os cidadãos
35 que começaram a navegar pelas redes sociais entraram
em contato com pessoas que integravam grupos que
manifestavam vontade de mudança. Na Líbia, por
exemplo, o alto desemprego, o elevado preço dos
alimentos e a importação da maior parte dos bens
40 necessários ao abastecimento foram os principais
problemas que levaram parte da população a iniciar uma
onda de protestos que se espalhou por todo o país,
acompanhando os movimentos revoltosos no Egito e na
Tunísia, que lutavam por liberdade desde o ano passado.
45 Entrando em blogs subversivos, em grupos de denúncias,
encontraram onde expressar a frustração contida.
Começaram a difundir mensagens, comunicar-se,
organizar-se, expressar-se direta e publicamente como
cidadãos. E fizeram isso com muita visibilidade, com
50 imagens, relatos, depoimentos e gravações in loco.
Hoje, o jogo do poder depende das novas mídias,
via internet e celular, que são redes horizontais ou
autocomunicação de massa. O espaço público se
reconstitui fora das instituições. As mudanças se
55 produzem nessa nova comunicação.
Na última reunião do G8, a G8-digital, o presidente
francês Nicolas Sarkozy reconheceu o papel
preponderante da web na difusão da liberdade e citava
como exemplo o ocorrido nesses países do norte da
60 África.
Estamos passando de uma pretendida política 2.0
a uma reivindicada democracia 2.0, mas ainda não
sabemos como ela funciona nem que efeitos secundários
ela tem. Seria essa a chamada democracia participativa.
ROSSI, Cláudia. Mídias sociais: rumo à democracia participativa? Política 2.0 X Democracia 2.0. Sociologia. ed. 4, ano IV, São Paulo: Escala, p. 32, abr./maio 2011. Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2011. Adaptado.
A partir da leitura do texto, é correto afirmar:
TEXTO:
As campanhas políticas invadiram a web. É a era
da política 2.0. Os candidatos inundam as redes sociais
e os blogs, mas, na maioria dos casos, apenas repetem
a mesma propaganda que penduram nos postes ou
5 gritam nos alto-falantes. Ignoram que, como diz o
sociólogo Carlos Martini, “em Atenas, a ágora era a
praça onde se expressavam as opiniões. A ágora
contemporânea inclui as redes sociais, mas essa praça
não termina aí, não se limita às redes virtuais. Se
10 completa com a presença pública”. Desrespeitam a
variedade de formas de comunicação, de possibilidades
de manifestar o descontentamento, dentro e fora das
ruas. Em nenhum caso, há uma possibilidade real de
participação do cidadão. Usam outros meios de
15 comunicação, mas o tipo de política é o mesmo: “se faz
tudo pelo povo, mas sem o povo” (lema do velho
“despotismo esclarecido”).
No recente artigo A revolução será tuitada, Enrique
Dans, professor da IE Business School, fala sobre a
20 evolução da democracia na Espanha: “O chamado
‘espírito da transição’, após a ditadura franquista,
conseguiu que, em pouco tempo, os espanhóis fossem
capazes de evoluir para um sistema de democracia
representativa. Com uma agilidade inédita, a Espanha
25 se reinventou. A democracia que estabelecemos é
um fiel reflexo da sociedade da época: a voz dos
cidadãos deveria estar expressa por um sistema de
representantes que a transmitisse, em cada âmbito, aos
círculos do poder. O cidadão tinha poucos meios para
30 expressar sua vontade além de um voto a cada quatro
anos. A produção de informação estava reservada aos
que tinham o controle dos meios de comunicação”.
Essa realidade social mudou. Em países ditatoriais,
como Tunísia, Egito, Líbia, Síria ou Iêmen, os cidadãos
35 que começaram a navegar pelas redes sociais entraram
em contato com pessoas que integravam grupos que
manifestavam vontade de mudança. Na Líbia, por
exemplo, o alto desemprego, o elevado preço dos
alimentos e a importação da maior parte dos bens
40 necessários ao abastecimento foram os principais
problemas que levaram parte da população a iniciar uma
onda de protestos que se espalhou por todo o país,
acompanhando os movimentos revoltosos no Egito e na
Tunísia, que lutavam por liberdade desde o ano passado.
45 Entrando em blogs subversivos, em grupos de denúncias,
encontraram onde expressar a frustração contida.
Começaram a difundir mensagens, comunicar-se,
organizar-se, expressar-se direta e publicamente como
cidadãos. E fizeram isso com muita visibilidade, com
50 imagens, relatos, depoimentos e gravações in loco.
Hoje, o jogo do poder depende das novas mídias,
via internet e celular, que são redes horizontais ou
autocomunicação de massa. O espaço público se
reconstitui fora das instituições. As mudanças se
55 produzem nessa nova comunicação.
Na última reunião do G8, a G8-digital, o presidente
francês Nicolas Sarkozy reconheceu o papel
preponderante da web na difusão da liberdade e citava
como exemplo o ocorrido nesses países do norte da
60 África.
Estamos passando de uma pretendida política 2.0
a uma reivindicada democracia 2.0, mas ainda não
sabemos como ela funciona nem que efeitos secundários
ela tem. Seria essa a chamada democracia participativa.
ROSSI, Cláudia. Mídias sociais: rumo à democracia participativa? Política 2.0 X Democracia 2.0. Sociologia. ed. 4, ano IV, São Paulo: Escala, p. 32, abr./maio 2011. Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2011. Adaptado.
De acordo com a leitura do texto, a partir da prática de discussões políticas e ideológicas por meio das redes sociais, a democracia participativa
TEXTO:
As campanhas políticas invadiram a web. É a era
da política 2.0. Os candidatos inundam as redes sociais
e os blogs, mas, na maioria dos casos, apenas repetem
a mesma propaganda que penduram nos postes ou
5 gritam nos alto-falantes. Ignoram que, como diz o
sociólogo Carlos Martini, “em Atenas, a ágora era a
praça onde se expressavam as opiniões. A ágora
contemporânea inclui as redes sociais, mas essa praça
não termina aí, não se limita às redes virtuais. Se
10 completa com a presença pública”. Desrespeitam a
variedade de formas de comunicação, de possibilidades
de manifestar o descontentamento, dentro e fora das
ruas. Em nenhum caso, há uma possibilidade real de
participação do cidadão. Usam outros meios de
15 comunicação, mas o tipo de política é o mesmo: “se faz
tudo pelo povo, mas sem o povo” (lema do velho
“despotismo esclarecido”).
No recente artigo A revolução será tuitada, Enrique
Dans, professor da IE Business School, fala sobre a
20 evolução da democracia na Espanha: “O chamado
‘espírito da transição’, após a ditadura franquista,
conseguiu que, em pouco tempo, os espanhóis fossem
capazes de evoluir para um sistema de democracia
representativa. Com uma agilidade inédita, a Espanha
25 se reinventou. A democracia que estabelecemos é
um fiel reflexo da sociedade da época: a voz dos
cidadãos deveria estar expressa por um sistema de
representantes que a transmitisse, em cada âmbito, aos
círculos do poder. O cidadão tinha poucos meios para
30 expressar sua vontade além de um voto a cada quatro
anos. A produção de informação estava reservada aos
que tinham o controle dos meios de comunicação”.
Essa realidade social mudou. Em países ditatoriais,
como Tunísia, Egito, Líbia, Síria ou Iêmen, os cidadãos
35 que começaram a navegar pelas redes sociais entraram
em contato com pessoas que integravam grupos que
manifestavam vontade de mudança. Na Líbia, por
exemplo, o alto desemprego, o elevado preço dos
alimentos e a importação da maior parte dos bens
40 necessários ao abastecimento foram os principais
problemas que levaram parte da população a iniciar uma
onda de protestos que se espalhou por todo o país,
acompanhando os movimentos revoltosos no Egito e na
Tunísia, que lutavam por liberdade desde o ano passado.
45 Entrando em blogs subversivos, em grupos de denúncias,
encontraram onde expressar a frustração contida.
Começaram a difundir mensagens, comunicar-se,
organizar-se, expressar-se direta e publicamente como
cidadãos. E fizeram isso com muita visibilidade, com
50 imagens, relatos, depoimentos e gravações in loco.
Hoje, o jogo do poder depende das novas mídias,
via internet e celular, que são redes horizontais ou
autocomunicação de massa. O espaço público se
reconstitui fora das instituições. As mudanças se
55 produzem nessa nova comunicação.
Na última reunião do G8, a G8-digital, o presidente
francês Nicolas Sarkozy reconheceu o papel
preponderante da web na difusão da liberdade e citava
como exemplo o ocorrido nesses países do norte da
60 África.
Estamos passando de uma pretendida política 2.0
a uma reivindicada democracia 2.0, mas ainda não
sabemos como ela funciona nem que efeitos secundários
ela tem. Seria essa a chamada democracia participativa.
ROSSI, Cláudia. Mídias sociais: rumo à democracia participativa? Política 2.0 X Democracia 2.0. Sociologia. ed. 4, ano IV, São Paulo: Escala, p. 32, abr./maio 2011. Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2011. Adaptado.
Quanto à linha de raciocínio desenvolvida no texto, levando-se em consideração sua estruturação por parágrafo, é correto afirmar:
TEXTO:
As campanhas políticas invadiram a web. É a era
da política 2.0. Os candidatos inundam as redes sociais
e os blogs, mas, na maioria dos casos, apenas repetem
a mesma propaganda que penduram nos postes ou
5 gritam nos alto-falantes. Ignoram que, como diz o
sociólogo Carlos Martini, “em Atenas, a ágora era a
praça onde se expressavam as opiniões. A ágora
contemporânea inclui as redes sociais, mas essa praça
não termina aí, não se limita às redes virtuais. Se
10 completa com a presença pública”. Desrespeitam a
variedade de formas de comunicação, de possibilidades
de manifestar o descontentamento, dentro e fora das
ruas. Em nenhum caso, há uma possibilidade real de
participação do cidadão. Usam outros meios de
15 comunicação, mas o tipo de política é o mesmo: “se faz
tudo pelo povo, mas sem o povo” (lema do velho
“despotismo esclarecido”).
No recente artigo A revolução será tuitada, Enrique
Dans, professor da IE Business School, fala sobre a
20 evolução da democracia na Espanha: “O chamado
‘espírito da transição’, após a ditadura franquista,
conseguiu que, em pouco tempo, os espanhóis fossem
capazes de evoluir para um sistema de democracia
representativa. Com uma agilidade inédita, a Espanha
25 se reinventou. A democracia que estabelecemos é
um fiel reflexo da sociedade da época: a voz dos
cidadãos deveria estar expressa por um sistema de
representantes que a transmitisse, em cada âmbito, aos
círculos do poder. O cidadão tinha poucos meios para
30 expressar sua vontade além de um voto a cada quatro
anos. A produção de informação estava reservada aos
que tinham o controle dos meios de comunicação”.
Essa realidade social mudou. Em países ditatoriais,
como Tunísia, Egito, Líbia, Síria ou Iêmen, os cidadãos
35 que começaram a navegar pelas redes sociais entraram
em contato com pessoas que integravam grupos que
manifestavam vontade de mudança. Na Líbia, por
exemplo, o alto desemprego, o elevado preço dos
alimentos e a importação da maior parte dos bens
40 necessários ao abastecimento foram os principais
problemas que levaram parte da população a iniciar uma
onda de protestos que se espalhou por todo o país,
acompanhando os movimentos revoltosos no Egito e na
Tunísia, que lutavam por liberdade desde o ano passado.
45 Entrando em blogs subversivos, em grupos de denúncias,
encontraram onde expressar a frustração contida.
Começaram a difundir mensagens, comunicar-se,
organizar-se, expressar-se direta e publicamente como
cidadãos. E fizeram isso com muita visibilidade, com
50 imagens, relatos, depoimentos e gravações in loco.
Hoje, o jogo do poder depende das novas mídias,
via internet e celular, que são redes horizontais ou
autocomunicação de massa. O espaço público se
reconstitui fora das instituições. As mudanças se
55 produzem nessa nova comunicação.
Na última reunião do G8, a G8-digital, o presidente
francês Nicolas Sarkozy reconheceu o papel
preponderante da web na difusão da liberdade e citava
como exemplo o ocorrido nesses países do norte da
60 África.
Estamos passando de uma pretendida política 2.0
a uma reivindicada democracia 2.0, mas ainda não
sabemos como ela funciona nem que efeitos secundários
ela tem. Seria essa a chamada democracia participativa.
ROSSI, Cláudia. Mídias sociais: rumo à democracia participativa? Política 2.0 X Democracia 2.0. Sociologia. ed. 4, ano IV, São Paulo: Escala, p. 32, abr./maio 2011. Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2011. Adaptado.
A polifonia presente no texto permite afirmar:
TEXTO:
As campanhas políticas invadiram a web. É a era
da política 2.0. Os candidatos inundam as redes sociais
e os blogs, mas, na maioria dos casos, apenas repetem
a mesma propaganda que penduram nos postes ou
5 gritam nos alto-falantes. Ignoram que, como diz o
sociólogo Carlos Martini, “em Atenas, a ágora era a
praça onde se expressavam as opiniões. A ágora
contemporânea inclui as redes sociais, mas essa praça
não termina aí, não se limita às redes virtuais. Se
10 completa com a presença pública”. Desrespeitam a
variedade de formas de comunicação, de possibilidades
de manifestar o descontentamento, dentro e fora das
ruas. Em nenhum caso, há uma possibilidade real de
participação do cidadão. Usam outros meios de
15 comunicação, mas o tipo de política é o mesmo: “se faz
tudo pelo povo, mas sem o povo” (lema do velho
“despotismo esclarecido”).
No recente artigo A revolução será tuitada, Enrique
Dans, professor da IE Business School, fala sobre a
20 evolução da democracia na Espanha: “O chamado
‘espírito da transição’, após a ditadura franquista,
conseguiu que, em pouco tempo, os espanhóis fossem
capazes de evoluir para um sistema de democracia
representativa. Com uma agilidade inédita, a Espanha
25 se reinventou. A democracia que estabelecemos é
um fiel reflexo da sociedade da época: a voz dos
cidadãos deveria estar expressa por um sistema de
representantes que a transmitisse, em cada âmbito, aos
círculos do poder. O cidadão tinha poucos meios para
30 expressar sua vontade além de um voto a cada quatro
anos. A produção de informação estava reservada aos
que tinham o controle dos meios de comunicação”.
Essa realidade social mudou. Em países ditatoriais,
como Tunísia, Egito, Líbia, Síria ou Iêmen, os cidadãos
35 que começaram a navegar pelas redes sociais entraram
em contato com pessoas que integravam grupos que
manifestavam vontade de mudança. Na Líbia, por
exemplo, o alto desemprego, o elevado preço dos
alimentos e a importação da maior parte dos bens
40 necessários ao abastecimento foram os principais
problemas que levaram parte da população a iniciar uma
onda de protestos que se espalhou por todo o país,
acompanhando os movimentos revoltosos no Egito e na
Tunísia, que lutavam por liberdade desde o ano passado.
45 Entrando em blogs subversivos, em grupos de denúncias,
encontraram onde expressar a frustração contida.
Começaram a difundir mensagens, comunicar-se,
organizar-se, expressar-se direta e publicamente como
cidadãos. E fizeram isso com muita visibilidade, com
50 imagens, relatos, depoimentos e gravações in loco.
Hoje, o jogo do poder depende das novas mídias,
via internet e celular, que são redes horizontais ou
autocomunicação de massa. O espaço público se
reconstitui fora das instituições. As mudanças se
55 produzem nessa nova comunicação.
Na última reunião do G8, a G8-digital, o presidente
francês Nicolas Sarkozy reconheceu o papel
preponderante da web na difusão da liberdade e citava
como exemplo o ocorrido nesses países do norte da
60 África.
Estamos passando de uma pretendida política 2.0
a uma reivindicada democracia 2.0, mas ainda não
sabemos como ela funciona nem que efeitos secundários
ela tem. Seria essa a chamada democracia participativa.
ROSSI, Cláudia. Mídias sociais: rumo à democracia participativa? Política 2.0 X Democracia 2.0. Sociologia. ed. 4, ano IV, São Paulo: Escala, p. 32, abr./maio 2011. Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2011. Adaptado.
Embora o texto seja predominantemente denotativo, há expressões conotativas ao longo de seu desenvolvimento.
A única alternativa em que a conotação está ausente é a
TEXTO:
As campanhas políticas invadiram a web. É a era
da política 2.0. Os candidatos inundam as redes sociais
e os blogs, mas, na maioria dos casos, apenas repetem
a mesma propaganda que penduram nos postes ou
5 gritam nos alto-falantes. Ignoram que, como diz o
sociólogo Carlos Martini, “em Atenas, a ágora era a
praça onde se expressavam as opiniões. A ágora
contemporânea inclui as redes sociais, mas essa praça
não termina aí, não se limita às redes virtuais. Se
10 completa com a presença pública”. Desrespeitam a
variedade de formas de comunicação, de possibilidades
de manifestar o descontentamento, dentro e fora das
ruas. Em nenhum caso, há uma possibilidade real de
participação do cidadão. Usam outros meios de
15 comunicação, mas o tipo de política é o mesmo: “se faz
tudo pelo povo, mas sem o povo” (lema do velho
“despotismo esclarecido”).
No recente artigo A revolução será tuitada, Enrique
Dans, professor da IE Business School, fala sobre a
20 evolução da democracia na Espanha: “O chamado
‘espírito da transição’, após a ditadura franquista,
conseguiu que, em pouco tempo, os espanhóis fossem
capazes de evoluir para um sistema de democracia
representativa. Com uma agilidade inédita, a Espanha
25 se reinventou. A democracia que estabelecemos é
um fiel reflexo da sociedade da época: a voz dos
cidadãos deveria estar expressa por um sistema de
representantes que a transmitisse, em cada âmbito, aos
círculos do poder. O cidadão tinha poucos meios para
30 expressar sua vontade além de um voto a cada quatro
anos. A produção de informação estava reservada aos
que tinham o controle dos meios de comunicação”.
Essa realidade social mudou. Em países ditatoriais,
como Tunísia, Egito, Líbia, Síria ou Iêmen, os cidadãos
35 que começaram a navegar pelas redes sociais entraram
em contato com pessoas que integravam grupos que
manifestavam vontade de mudança. Na Líbia, por
exemplo, o alto desemprego, o elevado preço dos
alimentos e a importação da maior parte dos bens
40 necessários ao abastecimento foram os principais
problemas que levaram parte da população a iniciar uma
onda de protestos que se espalhou por todo o país,
acompanhando os movimentos revoltosos no Egito e na
Tunísia, que lutavam por liberdade desde o ano passado.
45 Entrando em blogs subversivos, em grupos de denúncias,
encontraram onde expressar a frustração contida.
Começaram a difundir mensagens, comunicar-se,
organizar-se, expressar-se direta e publicamente como
cidadãos. E fizeram isso com muita visibilidade, com
50 imagens, relatos, depoimentos e gravações in loco.
Hoje, o jogo do poder depende das novas mídias,
via internet e celular, que são redes horizontais ou
autocomunicação de massa. O espaço público se
reconstitui fora das instituições. As mudanças se
55 produzem nessa nova comunicação.
Na última reunião do G8, a G8-digital, o presidente
francês Nicolas Sarkozy reconheceu o papel
preponderante da web na difusão da liberdade e citava
como exemplo o ocorrido nesses países do norte da
60 África.
Estamos passando de uma pretendida política 2.0
a uma reivindicada democracia 2.0, mas ainda não
sabemos como ela funciona nem que efeitos secundários
ela tem. Seria essa a chamada democracia participativa.
ROSSI, Cláudia. Mídias sociais: rumo à democracia participativa? Política 2.0 X Democracia 2.0. Sociologia. ed. 4, ano IV, São Paulo: Escala, p. 32, abr./maio 2011. Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2011. Adaptado.
Sobre o termo transcrito, está correto o que se afirma em