FEMA 2019/1 Medicina
70 Questões
Considere a charge de Angeli.
CARNAVAL É UMA FESTA DEMOCRÁTICA
Segundo a charge,
Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade para responder à questão.
Sociedade
O homem disse para o amigo:
− Breve irei a tua casa
e levarei minha mulher.
O amigo enfeitou a casa
e quando o homem chegou com a mulher,
soltou uma dúzia de foguetes.
O homem comeu e bebeu.
A mulher bebeu e cantou.
Os dois dançaram.
O amigo estava muito satisfeito.
Quando foi hora de sair,
o amigo disse para o homem:
− Breve irei a tua casa.
E apertou a mão dos dois.
No caminho o homem resmunga:
− Ora essa, era o que faltava.
E a mulher ajunta: − Que idiota.
− A casa é um ninho de pulgas.
− Reparaste o bife queimado?
O piano ruim e a comida pouca.
E todas as quintas-feiras
eles voltam à casa do amigo
que ainda não pôde retribuir a visita.
(Poesia, 2012.)
Na história narrada no poema,
Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade para responder à questão.
Sociedade
O homem disse para o amigo:
− Breve irei a tua casa
e levarei minha mulher.
O amigo enfeitou a casa
e quando o homem chegou com a mulher,
soltou uma dúzia de foguetes.
O homem comeu e bebeu.
A mulher bebeu e cantou.
Os dois dançaram.
O amigo estava muito satisfeito.
Quando foi hora de sair,
o amigo disse para o homem:
− Breve irei a tua casa.
E apertou a mão dos dois.
No caminho o homem resmunga:
− Ora essa, era o que faltava.
E a mulher ajunta: − Que idiota.
− A casa é um ninho de pulgas.
− Reparaste o bife queimado?
O piano ruim e a comida pouca.
E todas as quintas-feiras
eles voltam à casa do amigo
que ainda não pôde retribuir a visita.
(Poesia, 2012.)
A expressão sublinhada no verso “− Ora essa, era o que faltava.” (5ª estrofe), considerada em seu contexto, sugere que, na opinião do homem,
Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade para responder à questão.
Sociedade
O homem disse para o amigo:
− Breve irei a tua casa
e levarei minha mulher.
O amigo enfeitou a casa
e quando o homem chegou com a mulher,
soltou uma dúzia de foguetes.
O homem comeu e bebeu.
A mulher bebeu e cantou.
Os dois dançaram.
O amigo estava muito satisfeito.
Quando foi hora de sair,
o amigo disse para o homem:
− Breve irei a tua casa.
E apertou a mão dos dois.
No caminho o homem resmunga:
− Ora essa, era o que faltava.
E a mulher ajunta: − Que idiota.
− A casa é um ninho de pulgas.
− Reparaste o bife queimado?
O piano ruim e a comida pouca.
E todas as quintas-feiras
eles voltam à casa do amigo
que ainda não pôde retribuir a visita.
(Poesia, 2012.)
“O homem disse para o amigo:
− Breve irei a tua casa” (1ª estrofe)
Assinale a alternativa em que o conteúdo da fala do homem está corretamente registrado em discurso indireto.
Leia o trecho inicial de “Perder tempo, vontade, uma cena escura”, de Nuno Ramos, para responder à questão.
Entre o que podemos de melhor e mais generoso, entre todas as chamadas virtudes, que tanta tinta (e tanto sangue) já fizeram derramar, nenhuma se equipara à capacidade de perder tempo. Só humanos perdem tempo, já que dispõem também da possibilidade de ganhá-lo, e se nos diferenciamos claramente dos animais talvez seja pelo exercício desta escolha. Animais cumprem apenas, em linha razoavelmente reta, a lista de suas alternativas, sem diferenciá-las demais. Mas em nós um pequeno demônio grita alto e o tempo todo: Aproveite o dia!, ou Concentre-se!, ou Estude!, ou Ganhe dinheiro!, ou Seja feliz!, ou Agradeça o pão!, ou Obedeça seu chefe!, ou Mergulhe!, ou Ame ou seu semelhante! Quaisquer que sejam os valores em jogo, é sempre a uma produtividade difusa, escondida debaixo de tudo, que este papagaio nervoso se refere, e um Casanova1 ou um Ford2 são, neste sentido, funcionários de um mesmo patrão. É a constância de propósitos e a fuga a qualquer dissipação que estes sistemas, por mais variados, almejam; é ao horror à continuidade anônima de nossa respiração, da queda ou do crescimento dos nossos cabelos ou dos troncos das árvores, à orientação para a luz que têm as avencas, ao propósito autocentrado, mineral, de continuar, imóvel em sua continuidade, que parece a mais antiga vitalidade da vida, é contra isso que todos estes sistemas se lançam. E o pobre indivíduo que olha para fora e se distrai, que medita, inconclusivo, dentro de seu torpor meio pasmado, aquele de quem, usando a velha expressão, a vida passou na janela, este foi, acreditem, quem mais se aproximou do que nela é direto e despido − aquele que abre mão de deixar neste mundo o duplo de sua vitalidade (uma obra literária, dinheiro, uma lancha, uma família), aquele que a cada momento não sabe bem o que está fazendo, onde está pisando (que erra o passo e tropeça na poça do meio fio), o perdulário, o bêbado renitente, o sonado, o suicida que nunca se mata, aquele que fita o muro.
(Ó, 2009. Adaptado.)
1 Giacomo Casanova: aventureiro italiano que viveu no século XVIII e que ficou conhecido por ter dedicado parte da vida a se relacionar com muitas mulheres.
2 Henry Ford: empresário americano, inventor da linha de montagem para automatizar a produção de suas fábricas.
Segundo o texto,
Leia o trecho inicial de “Perder tempo, vontade, uma cena escura”, de Nuno Ramos, para responder à questão.
Entre o que podemos de melhor e mais generoso, entre todas as chamadas virtudes, que tanta tinta (e tanto sangue) já fizeram derramar, nenhuma se equipara à capacidade de perder tempo. Só humanos perdem tempo, já que dispõem também da possibilidade de ganhá-lo, e se nos diferenciamos claramente dos animais talvez seja pelo exercício desta escolha. Animais cumprem apenas, em linha razoavelmente reta, a lista de suas alternativas, sem diferenciá-las demais. Mas em nós um pequeno demônio grita alto e o tempo todo: Aproveite o dia!, ou Concentre-se!, ou Estude!, ou Ganhe dinheiro!, ou Seja feliz!, ou Agradeça o pão!, ou Obedeça seu chefe!, ou Mergulhe!, ou Ame ou seu semelhante! Quaisquer que sejam os valores em jogo, é sempre a uma produtividade difusa, escondida debaixo de tudo, que este papagaio nervoso se refere, e um Casanova1 ou um Ford2 são, neste sentido, funcionários de um mesmo patrão. É a constância de propósitos e a fuga a qualquer dissipação que estes sistemas, por mais variados, almejam; é ao horror à continuidade anônima de nossa respiração, da queda ou do crescimento dos nossos cabelos ou dos troncos das árvores, à orientação para a luz que têm as avencas, ao propósito autocentrado, mineral, de continuar, imóvel em sua continuidade, que parece a mais antiga vitalidade da vida, é contra isso que todos estes sistemas se lançam. E o pobre indivíduo que olha para fora e se distrai, que medita, inconclusivo, dentro de seu torpor meio pasmado, aquele de quem, usando a velha expressão, a vida passou na janela, este foi, acreditem, quem mais se aproximou do que nela é direto e despido − aquele que abre mão de deixar neste mundo o duplo de sua vitalidade (uma obra literária, dinheiro, uma lancha, uma família), aquele que a cada momento não sabe bem o que está fazendo, onde está pisando (que erra o passo e tropeça na poça do meio fio), o perdulário, o bêbado renitente, o sonado, o suicida que nunca se mata, aquele que fita o muro.
(Ó, 2009. Adaptado.)
1 Giacomo Casanova: aventureiro italiano que viveu no século XVIII e que ficou conhecido por ter dedicado parte da vida a se relacionar com muitas mulheres.
2 Henry Ford: empresário americano, inventor da linha de montagem para automatizar a produção de suas fábricas.
Na perspectiva expressa pelo texto, “uma obra literária, dinheiro, uma lancha, uma família” são