CUSC 2017 Medicina 2° Semestre
50 Questões
Para responder a questão, leia o poema “pobre alimária” de Oswald de Andrade (1890-1954), publicado em 1925.
pobre alimária1
O cavalo e a carroça
Estavam atravancados nos trilhos
E como o motorneiro2 se impacientasse
Porque levava os advogados para os escritórios
Desatravancaram o veículo
E o animal disparou
Mas o lesto3 carroceiro
Trepou na boleia
E castigou o fugitivo atrelado
Com um grandioso chicote
(Obras completas, vol 7, 1974.)
1 alimária: animal quadrúpede.
2 motorneiro: indivíduo que dirige bonde.
3 lesto: ágil, ligeiro.
É correto afirmar que o poema
Para responder a questão, leia o poema “pobre alimária” de Oswald de Andrade (1890-1954), publicado em 1925.
pobre alimária1
O cavalo e a carroça
Estavam atravancados nos trilhos
E como o motorneiro2 se impacientasse
Porque levava os advogados para os escritórios
Desatravancaram o veículo
E o animal disparou
Mas o lesto3 carroceiro
Trepou na boleia
E castigou o fugitivo atrelado
Com um grandioso chicote
(Obras completas, vol 7, 1974.)
1 alimária: animal quadrúpede.
2 motorneiro: indivíduo que dirige bonde.
3 lesto: ágil, ligeiro.
Os sujeitos de “estavam” (2º verso) e “desatravancaram” (5º verso) podem ser classificados, respectivamente, como
Leia o excerto do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder a questão.
Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la construir de propósito, levado de um desejo tão particular que me vexa imprimi-lo, mas vá lá. Um dia há bastantes anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua de Matacavalos, dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra, que desapareceu. Construtor e pintor entenderam bem as indicações que lhes fiz: é o mesmo prédio assobradado, três janelas de frente, varanda ao fundo, as mesmas alcovas e salas. [...]
O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos-santos1. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas creem na mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal frequência é cansativa.
(Dom Casmurro, 1971.)
1campo-santo: cemitério.
No excerto, o narrador
Leia o excerto do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder a questão.
Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la construir de propósito, levado de um desejo tão particular que me vexa imprimi-lo, mas vá lá. Um dia há bastantes anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua de Matacavalos, dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra, que desapareceu. Construtor e pintor entenderam bem as indicações que lhes fiz: é o mesmo prédio assobradado, três janelas de frente, varanda ao fundo, as mesmas alcovas e salas. [...]
O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos-santos1. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas creem na mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal frequência é cansativa.
(Dom Casmurro, 1971.)
1campo-santo: cemitério.
Considere os trechos:
• “Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente.”
• “Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos-santos.”
As figuras de linguagem utilizadas pelo autor nesses trechos são, respectivamente,
Leia o excerto do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder a questão.
Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la construir de propósito, levado de um desejo tão particular que me vexa imprimi-lo, mas vá lá. Um dia há bastantes anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua de Matacavalos, dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra, que desapareceu. Construtor e pintor entenderam bem as indicações que lhes fiz: é o mesmo prédio assobradado, três janelas de frente, varanda ao fundo, as mesmas alcovas e salas. [...]
O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos-santos1. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas creem na mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal frequência é cansativa.
(Dom Casmurro, 1971.)
1campo-santo: cemitério.
“O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta.” (2º parágrafo)
No trecho, a palavra “hábito” está empregada na seguinte acepção:
Leia o texto de Eugênio Bucci para responder a questão.
Se há, como há, um “marketing do bem” que promove a solidariedade social, devemos admitir que a solidariedade se tornou um valor de mercado e um valor para o mercado. Logo, estamos diante de uma “solidariedade de mercado”, uma solidariedade que é não bem um sentimento interior, mas uma imagem de solidariedade. É uma imagem que ganha vida própria e que vai se associar a outras imagens para valorizá-las – imagens de empresas, de marcas, de governos e governantes, de personalidades públicas. A solidariedade, assim posta, como imagem autônoma ou como imagem que reforça outras imagens, existe no mercado não como um fim que se basta, um fim desinteressado, mas como um argumento para o consumo – o consumo de marcas (consumo que é pago em dinheiro, pela compra dos produtos), de governos e governantes (consumo que é pago em delegação de poder, pelo voto), de personalidades públicas, as tais celebridades (que são consumidas pela imitação, pela admiração, o que se remunera com índices de popularidade). Portanto, esse tipo mercadológico de solidariedade, além de constituir um valor de mercado e para o mercado, torna-se também um fator que, para usar aqui a linguagem dos marqueteiros e marquetólogos, “agrega valor” a produtos, marcas, empresas, pessoas e governos. A solidariedade assim posta, mais que um valor ético, é um fator de lucro – ou de proteção contra prejuízos (econômicos e de imagem). É, necessariamente, uma solidariedade exibicionista.
(Eugênio Bucci. “A solidariedade que não teme aparecer”. In: Eugênio Bucci e Maria Rita Kehl. Videologias: ensaios sobre televisão, 2004.)
Implícita à argumentação do autor está a ideia de que a solidariedade deveria ser