UPE 2021 1ª Fase 1° Dia
50 Questões
Os Textos 1, 2 e 3 servem de base à Questão.
Texto 1
Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra, o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
Glossário:
Capa: cobertura
Carepa: caspa, sujeira.
Vil: ordinário.
Increpar: censurar, repreender.
Garlopa: ferramenta de marcenaria, termo
usado como sinônimo de trabalho braçal.
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1997, p. 42
Texto 2
Pondera agora com mais atenção a formosura de D. Ângela
Não vira em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura:
Ontem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma mulher, que em Anjo se mentia,
De um Sol, que se trajava em criatura:
Matem-me, disse eu vendo abrasar-me,
Se esta a cousa não é, que encarecer-me
Sabia o mundo, e tanto exagerar-me:
Olhos meus, disse então por defender-me,
Se a beleza hei de ver para matar-me,
Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me.
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1997, p. 201.
Texto 3
No dia de quarta-feira de cinzas
Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,
Te lembra hoje Deus por sua Igreja;
De pó te faz espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te.
Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te,
E como o teu baixel sempre fraqueja
Nos mares da vaidade, onde peleja,
Te põe à vista a terra, onde salvar-te.
Alerta, alerta, pois, que o vento berra.
Se assopra a vaidade e incha o pano,
Na proa a terra tens, amaina e ferra.
Todo o lenho mortal, baixel humano,
Se busca a salvação, tome hoje terra,
Que a terra de hoje é porto soberano.
Glossário:
Amainar: sossegar, acalmar, abrandar.
Baixel: barco, navio.
Ferrar: jogar âncora.
Inchar o pano: inflar as velas.
Lenho: embarcação.
Pelejar: lutar, batalhar.
Proa: parte dianteira de uma embarcação.
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1997. p. 309.
Com base na leitura dos Textos 1, 2 e 3, e, considerando as características da produção poética de Gregório de Matos, assinale a alternativa CORRETA.
O Texto serve de base à questão.
Texto
JC – Gregório de Matos é meio maldito até hoje – seus restos estão no Recife, mas sem nenhuma referência oficial. Ainda é um personagem que precisamos celebrar e homenagear? Talvez sua poesia ainda seja muito forte – em seu conteúdo moral e político –, mesmo para os dias atuais.
ANA MIRANDA – Ah, sim, a poesia satírica dele é forte, às vezes chocante, porque não estamos acostumados a obscenidades, ou a política, ou a crônicas na poesia... a poesia é um lugar de sensibilidades, lirismo, sonhos, amores, insônias, coisas assim – João Cabral é outra exceção temática. E Augusto dos Anjos. Mas a obra de Gregório carrega um esclarecimento fabuloso sobre a nossa identidade brasileira, ela desvenda nossas origens como sociedade e como pessoas. Além disso, é uma obra de grande beleza e carga emocional, grandeza de expressão, e um manancial de palavras e termos. Um espetáculo de linguagem e narrativa. Tem ritmo, tem encanto, promove descobertas... Acho que seria bom, sim, averiguar a sua passagem e morte em Recife, e assinalar, incorporar à imensa riqueza que os pernambucanos guardam em seu baú cultural.
Excerto de entrevista da escritora Ana Miranda ao Jornal do Commercio. Disponível em: https://jc.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2015/09/06/ana-miranda-fala-sobre-a-recriacao-de-gregorio-de-matos-e-seusinteresses-literarios-197682.php. Acesso em: 16 ago. 2021.
Considerando o gênero em que o Texto se realiza e seus modos de organização, assinale a alternativa CORRETA
O Texto serve de base à questão.
Texto
JC – Gregório de Matos é meio maldito até hoje – seus restos estão no Recife, mas sem nenhuma referência oficial. Ainda é um personagem que precisamos celebrar e homenagear? Talvez sua poesia ainda seja muito forte – em seu conteúdo moral e político –, mesmo para os dias atuais.
ANA MIRANDA – Ah, sim, a poesia satírica dele é forte, às vezes chocante, porque não estamos acostumados a obscenidades, ou a política, ou a crônicas na poesia... a poesia é um lugar de sensibilidades, lirismo, sonhos, amores, insônias, coisas assim – João Cabral é outra exceção temática. E Augusto dos Anjos. Mas a obra de Gregório carrega um esclarecimento fabuloso sobre a nossa identidade brasileira, ela desvenda nossas origens como sociedade e como pessoas. Além disso, é uma obra de grande beleza e carga emocional, grandeza de expressão, e um manancial de palavras e termos. Um espetáculo de linguagem e narrativa. Tem ritmo, tem encanto, promove descobertas... Acho que seria bom, sim, averiguar a sua passagem e morte em Recife, e assinalar, incorporar à imensa riqueza que os pernambucanos guardam em seu baú cultural.
Excerto de entrevista da escritora Ana Miranda ao Jornal do Commercio. Disponível em: https://jc.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2015/09/06/ana-miranda-fala-sobre-a-recriacao-de-gregorio-de-matos-e-seusinteresses-literarios-197682.php. Acesso em: 16 ago. 2021.
Observe, ao longo do Texto, como alguns pronomes são empregados para se referir a outros elementos presentes no texto.
Acerca desse recurso referencial, assinale a alternativa CORRETA.
Os Textos 5, 6, 7 e 8 servem de base à Questão.
Texto 5
Quem deixa o trato pastoril, amado,
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos, trasladado
No gênio do Pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado.
Ali respira amor sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre:
Um só trata a mentira, outro a verdade.
[...]
COSTA, Cláudio Manuel da. Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa. Excertos. Disponível em: Acesso em: 05 jul. 2021.
Texto 6
Sou Pastor; não te nego; os meus montados
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados;
Ali me ouvem os troncos namorados,
Em que se transformou a antiga gente;
Qualquer deles o seu estrago sente;
Como eu sinto também os meus cuidados.
[...]
COSTA, Cláudio Manuel da. Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa. Excertos. Disponível em: Acesso em: 05 jul. 2021.
Texto 7
Enquanto pasta, alegre, o manso gado,
Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive, nos descobre
A sábia Natureza.
GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. São Paulo: DCL, 2010. Excertos.
Texto 8
Com base na leitura dos Textos 5, 6, 7 e 8, e considerando as características do Arcadismo no Brasil, assinale a alternativa CORRETA.
O Texto serve de base à Questão.
Texto
A arquitetura neoclássica é um estilo arquitetônico que promoveu, entre os séculos XVIII e XIX, um retorno às formas da cultura greco-romana da Antiguidade. O neoclassicismo, que englobou também a literatura, a escultura e a pintura, buscava fazer uma oposição ao barroco e ao rococó, movimentos que privilegiavam o rebuscamento e a complexidade. Para os arquitetos da época, era o momento de trazer de volta as características das arquiteturas grega e romana, adequando-as à Idade Moderna.
O neoclassicismo coincide com a Revolução Francesa, ocorrida em 1789 e com a Revolução Industrial, trazendo mudanças que tiveram como pano de fundo o Iluminismo, movimento intelectual e filosófico que ficou conhecido como “século das luzes”. Com os pensadores iluministas, o interesse pelas obras do passado foi reacendido. [...]
O Brasil possui alguns teatros-monumento que nos mostram o quanto o período entre o século XIX e início do século XX foi importante para o desenvolvimento cultural do país. Eles são prova do quanto a população da época desejava se parecer com a Europa, principalmente com a França.
A cidade do Recife possui um teatro dessa época, motivo de muito orgulho para todos os pernambucanos: o Teatro de Santa Isabel. Além de ser um dos mais bonitos teatros do país, foi o primeiro e é até hoje o principal exemplo de arquitetura neoclássica de Pernambuco. Ele também testemunhou boa parte da vida do Recife nesses quase dois séculos de existência.
Durante sua história, o teatro foi usado para outros fins, não somente para apresentações teatrais. Já no seu primeiro ano de funcionamento, em 1850, foi palco de animados bailes de carnaval. Para que isso fosse possível, foi colocada uma grande estrutura de madeira sobre a plateia na altura do palco. A técnica foi repetida durante a visita de D. Pedro II, em 1859. O Teatro de Santa Isabel foi palco também de calorosos embates literários. Curiosamente, alguns dos mais famosos ocorreram entre Castro Alves e Tobias Barreto, na década de 1860, em defesa das atrizes Eugênia Câmara e Adelaide Amaral. Dizem que eles eram grandes amigos até se envolverem com as duas. Daí em diante viraram inimigos. [...]
Imagens e excertos coletados de: https://laart.art.br/blog/arquitetura-neoclassica e https://www.borapralacomigo.com.br/2015/10/teatro-desanta-isabel-recife.html. Acesso em 16 ago. 2021. Adaptados.
A partir da compreensão do conteúdo global do Texto, o leitor é autorizado a concluir que
O Texto serve de base à Questão.
Texto
A arquitetura neoclássica é um estilo arquitetônico que promoveu, entre os séculos XVIII e XIX, um retorno às formas da cultura greco-romana da Antiguidade. O neoclassicismo, que englobou também a literatura, a escultura e a pintura, buscava fazer uma oposição ao barroco e ao rococó, movimentos que privilegiavam o rebuscamento e a complexidade. Para os arquitetos da época, era o momento de trazer de volta as características das arquiteturas grega e romana, adequando-as à Idade Moderna.
O neoclassicismo coincide com a Revolução Francesa, ocorrida em 1789 e com a Revolução Industrial, trazendo mudanças que tiveram como pano de fundo o Iluminismo, movimento intelectual e filosófico que ficou conhecido como “século das luzes”. Com os pensadores iluministas, o interesse pelas obras do passado foi reacendido. [...]
O Brasil possui alguns teatros-monumento que nos mostram o quanto o período entre o século XIX e início do século XX foi importante para o desenvolvimento cultural do país. Eles são prova do quanto a população da época desejava se parecer com a Europa, principalmente com a França.
A cidade do Recife possui um teatro dessa época, motivo de muito orgulho para todos os pernambucanos: o Teatro de Santa Isabel. Além de ser um dos mais bonitos teatros do país, foi o primeiro e é até hoje o principal exemplo de arquitetura neoclássica de Pernambuco. Ele também testemunhou boa parte da vida do Recife nesses quase dois séculos de existência.
Durante sua história, o teatro foi usado para outros fins, não somente para apresentações teatrais. Já no seu primeiro ano de funcionamento, em 1850, foi palco de animados bailes de carnaval. Para que isso fosse possível, foi colocada uma grande estrutura de madeira sobre a plateia na altura do palco. A técnica foi repetida durante a visita de D. Pedro II, em 1859. O Teatro de Santa Isabel foi palco também de calorosos embates literários. Curiosamente, alguns dos mais famosos ocorreram entre Castro Alves e Tobias Barreto, na década de 1860, em defesa das atrizes Eugênia Câmara e Adelaide Amaral. Dizem que eles eram grandes amigos até se envolverem com as duas. Daí em diante viraram inimigos. [...]
Imagens e excertos coletados de: https://laart.art.br/blog/arquitetura-neoclassica e https://www.borapralacomigo.com.br/2015/10/teatro-desanta-isabel-recife.html. Acesso em 16 ago. 2021. Adaptados.
O leitor deve compreender que o autor do Texto não se compromete com a certeza da informação no seguinte trecho: