Unilago 2018/2
64 Questões
Leia o texto a seguir e responda à questão.
O pedido de carona, a solicitação de táxi, a escolha da refeição, a rotina de exercícios físicos, a aula de língua estrangeira e vários outros serviços são ofertados por meio dos milhares de aplicativos para celular. Desde 2015, o atendimento médico domiciliar também passou a ser viabilizado por meio desse novo sistema, mesmo sem a regulamentação do CFM (Conselho Federal de Medicina). A tecnologia aproximou pacientes de especialistas, clínicos gerais, enfermeiros e outros profissionais da saúde.
Após uma ampla discussão sobre questões éticas e legais envolvendo a nova forma de acionar o atendimento médico, o CFM elaborou normas gerais publicadas no final de fevereiro. A partir de agora, os responsáveis pelos aplicativos e pelo contato entre médicos e pacientes terão que cumprir algumas obrigações para manter-se no mercado.
De acordo com o documento (2.178/2017), as empresas devem se cadastrar junto ao CRM (Conselho Regional de Medicina) correspondente ao local em que serão ofertadas as consultas e ainda indicar o nome do médico que vai atuar como diretor técnico. Desse profissional serão exigidos registro no CRM e Registro de Qualificação de Especialidade (quando o médico se apresentar como especialista). O diretor técnico também deve atuar no monitoramento das propagandas para que estejam de acordo com as normas do CFM, nas questões relacionadas à remuneração dos médicos e na garantia de qualidade dos serviços prestados.
Os profissionais que prestarem atendimento por meio dos aplicativos também serão obrigados a informar os números de registro, além de conservar e arquivar as fichas de atendimento e prescrições repassadas durante as consultas.
Para o presidente do CRM-PR (Conselho Regional de Medicina do Paraná), Wilmar Mendonça Guimarães, a instituição e os profissionais precisam acompanhar os avanços tecnológicos. “Era uma exigência da atividade moderna da medicina. A presença dos aplicativos é uma realidade. Hoje em dia, os aplicativos estão ocupando um papel importante na vida das pessoas para tornar rápidos todos os serviços. A medicina acabou, inicialmente, sendo surpreendida por esses aplicativos que se diferenciam dos modos tradicionais, mas temos que acompanhar. Não existe um caminho inverso”, comentou.
Com a disseminação dos aplicativos, o debate sobre o tema foi levado para reuniões mensais do Conselho Federal de Medicina e a questão foi estudada por integrantes da Câmara Técnica de Bioética e do setor de fiscalização. O CFM não soube informar a quantidade exata de empresas que já oferecem o serviço. Porém, estima que o atendimento por meio de três aplicativos nacionais já esteja disponível em grande parte das capitais e em mais de 100 cidades do país.
(Adaptado de: COSTA, V. Médicos ao alcance do celular. Folha de Londrina, 9 de abr. de 2018. Folha Saúde. p. 10.)
Em relação ao fragmento: “Porém, estima que o atendimento por meio de três aplicativos nacionais já esteja disponível”, assinale a alternativa que contém, corretamente, o trecho do texto com o mesmo efeito de sentido apresentado no fragmento.
Leia o texto a seguir e responda à questão.
O pedido de carona, a solicitação de táxi, a escolha da refeição, a rotina de exercícios físicos, a aula de língua estrangeira e vários outros serviços são ofertados por meio dos milhares de aplicativos para celular. Desde 2015, o atendimento médico domiciliar também passou a ser viabilizado por meio desse novo sistema, mesmo sem a regulamentação do CFM (Conselho Federal de Medicina). A tecnologia aproximou pacientes de especialistas, clínicos gerais, enfermeiros e outros profissionais da saúde.
Após uma ampla discussão sobre questões éticas e legais envolvendo a nova forma de acionar o atendimento médico, o CFM elaborou normas gerais publicadas no final de fevereiro. A partir de agora, os responsáveis pelos aplicativos e pelo contato entre médicos e pacientes terão que cumprir algumas obrigações para manter-se no mercado.
De acordo com o documento (2.178/2017), as empresas devem se cadastrar junto ao CRM (Conselho Regional de Medicina) correspondente ao local em que serão ofertadas as consultas e ainda indicar o nome do médico que vai atuar como diretor técnico. Desse profissional serão exigidos registro no CRM e Registro de Qualificação de Especialidade (quando o médico se apresentar como especialista). O diretor técnico também deve atuar no monitoramento das propagandas para que estejam de acordo com as normas do CFM, nas questões relacionadas à remuneração dos médicos e na garantia de qualidade dos serviços prestados.
Os profissionais que prestarem atendimento por meio dos aplicativos também serão obrigados a informar os números de registro, além de conservar e arquivar as fichas de atendimento e prescrições repassadas durante as consultas.
Para o presidente do CRM-PR (Conselho Regional de Medicina do Paraná), Wilmar Mendonça Guimarães, a instituição e os profissionais precisam acompanhar os avanços tecnológicos. “Era uma exigência da atividade moderna da medicina. A presença dos aplicativos é uma realidade. Hoje em dia, os aplicativos estão ocupando um papel importante na vida das pessoas para tornar rápidos todos os serviços. A medicina acabou, inicialmente, sendo surpreendida por esses aplicativos que se diferenciam dos modos tradicionais, mas temos que acompanhar. Não existe um caminho inverso”, comentou.
Com a disseminação dos aplicativos, o debate sobre o tema foi levado para reuniões mensais do Conselho Federal de Medicina e a questão foi estudada por integrantes da Câmara Técnica de Bioética e do setor de fiscalização. O CFM não soube informar a quantidade exata de empresas que já oferecem o serviço. Porém, estima que o atendimento por meio de três aplicativos nacionais já esteja disponível em grande parte das capitais e em mais de 100 cidades do país.
(Adaptado de: COSTA, V. Médicos ao alcance do celular. Folha de Londrina, 9 de abr. de 2018. Folha Saúde. p. 10.)
Acerca das informações apresentadas pelo texto, considere as afirmativas a seguir.
I. O CFM é desfavorável à nova forma de atendimento médico.
II. O atendimento médico domiciliar com uso de aplicativos é mais eficiente.
III. As normas gerais do CFM visam garantir a manutenção da ética médica.
IV. Avanços tecnológicos exigem adaptações e mudanças na vida das pessoas.
Assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir e responda à questão.
O pedido de carona, a solicitação de táxi, a escolha da refeição, a rotina de exercícios físicos, a aula de língua estrangeira e vários outros serviços são ofertados por meio dos milhares de aplicativos para celular. Desde 2015, o atendimento médico domiciliar também passou a ser viabilizado por meio desse novo sistema, mesmo sem a regulamentação do CFM (Conselho Federal de Medicina). A tecnologia aproximou pacientes de especialistas, clínicos gerais, enfermeiros e outros profissionais da saúde.
Após uma ampla discussão sobre questões éticas e legais envolvendo a nova forma de acionar o atendimento médico, o CFM elaborou normas gerais publicadas no final de fevereiro. A partir de agora, os responsáveis pelos aplicativos e pelo contato entre médicos e pacientes terão que cumprir algumas obrigações para manter-se no mercado.
De acordo com o documento (2.178/2017), as empresas devem se cadastrar junto ao CRM (Conselho Regional de Medicina) correspondente ao local em que serão ofertadas as consultas e ainda indicar o nome do médico que vai atuar como diretor técnico. Desse profissional serão exigidos registro no CRM e Registro de Qualificação de Especialidade (quando o médico se apresentar como especialista). O diretor técnico também deve atuar no monitoramento das propagandas para que estejam de acordo com as normas do CFM, nas questões relacionadas à remuneração dos médicos e na garantia de qualidade dos serviços prestados.
Os profissionais que prestarem atendimento por meio dos aplicativos também serão obrigados a informar os números de registro, além de conservar e arquivar as fichas de atendimento e prescrições repassadas durante as consultas.
Para o presidente do CRM-PR (Conselho Regional de Medicina do Paraná), Wilmar Mendonça Guimarães, a instituição e os profissionais precisam acompanhar os avanços tecnológicos. “Era uma exigência da atividade moderna da medicina. A presença dos aplicativos é uma realidade. Hoje em dia, os aplicativos estão ocupando um papel importante na vida das pessoas para tornar rápidos todos os serviços. A medicina acabou, inicialmente, sendo surpreendida por esses aplicativos que se diferenciam dos modos tradicionais, mas temos que acompanhar. Não existe um caminho inverso”, comentou.
Com a disseminação dos aplicativos, o debate sobre o tema foi levado para reuniões mensais do Conselho Federal de Medicina e a questão foi estudada por integrantes da Câmara Técnica de Bioética e do setor de fiscalização. O CFM não soube informar a quantidade exata de empresas que já oferecem o serviço. Porém, estima que o atendimento por meio de três aplicativos nacionais já esteja disponível em grande parte das capitais e em mais de 100 cidades do país.
(Adaptado de: COSTA, V. Médicos ao alcance do celular. Folha de Londrina, 9 de abr. de 2018. Folha Saúde. p. 10.)
Sobre os recursos linguístico-semânticos presentes no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. As expressões “novo sistema” e “nova forma” são utilizadas como sinônimas no texto.
II. Em “Os profissionais que prestarem atendimento por meio dos aplicativos[...]”, o pronome “que” pode ser substituído por “os quais”, sem mudança de sentido.
III. No trecho “[...] passou a ser viabilizado por meio desse novo sistema”, o termo “desse” faz referência à expressão “atendimento domiciliar”.
IV. O trecho entre parênteses “quando o médico se apresentar como especialista” enfatiza uma ideia de comparação.
Assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir e responda à questão.
O pedido de carona, a solicitação de táxi, a escolha da refeição, a rotina de exercícios físicos, a aula de língua estrangeira e vários outros serviços são ofertados por meio dos milhares de aplicativos para celular. Desde 2015, o atendimento médico domiciliar também passou a ser viabilizado por meio desse novo sistema, mesmo sem a regulamentação do CFM (Conselho Federal de Medicina). A tecnologia aproximou pacientes de especialistas, clínicos gerais, enfermeiros e outros profissionais da saúde.
Após uma ampla discussão sobre questões éticas e legais envolvendo a nova forma de acionar o atendimento médico, o CFM elaborou normas gerais publicadas no final de fevereiro. A partir de agora, os responsáveis pelos aplicativos e pelo contato entre médicos e pacientes terão que cumprir algumas obrigações para manter-se no mercado.
De acordo com o documento (2.178/2017), as empresas devem se cadastrar junto ao CRM (Conselho Regional de Medicina) correspondente ao local em que serão ofertadas as consultas e ainda indicar o nome do médico que vai atuar como diretor técnico. Desse profissional serão exigidos registro no CRM e Registro de Qualificação de Especialidade (quando o médico se apresentar como especialista). O diretor técnico também deve atuar no monitoramento das propagandas para que estejam de acordo com as normas do CFM, nas questões relacionadas à remuneração dos médicos e na garantia de qualidade dos serviços prestados.
Os profissionais que prestarem atendimento por meio dos aplicativos também serão obrigados a informar os números de registro, além de conservar e arquivar as fichas de atendimento e prescrições repassadas durante as consultas.
Para o presidente do CRM-PR (Conselho Regional de Medicina do Paraná), Wilmar Mendonça Guimarães, a instituição e os profissionais precisam acompanhar os avanços tecnológicos. “Era uma exigência da atividade moderna da medicina. A presença dos aplicativos é uma realidade. Hoje em dia, os aplicativos estão ocupando um papel importante na vida das pessoas para tornar rápidos todos os serviços. A medicina acabou, inicialmente, sendo surpreendida por esses aplicativos que se diferenciam dos modos tradicionais, mas temos que acompanhar. Não existe um caminho inverso”, comentou.
Com a disseminação dos aplicativos, o debate sobre o tema foi levado para reuniões mensais do Conselho Federal de Medicina e a questão foi estudada por integrantes da Câmara Técnica de Bioética e do setor de fiscalização. O CFM não soube informar a quantidade exata de empresas que já oferecem o serviço. Porém, estima que o atendimento por meio de três aplicativos nacionais já esteja disponível em grande parte das capitais e em mais de 100 cidades do país.
(Adaptado de: COSTA, V. Médicos ao alcance do celular. Folha de Londrina, 9 de abr. de 2018. Folha Saúde. p. 10.)
Sobre os recursos de pontuação empregados no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. As vírgulas usadas no início do texto (linhas 1 e 2) servem para separar termos justapostos, marcando uma enumeração.
II. No trecho “Desde 2015, o atendimento médico domiciliar [...]”, a vírgula serve para separar uma expressão de caráter temporal.
III. As aspas são utilizadas para destacar o discurso direto, a fala do presidente do CRM-PR.
IV. O uso de parênteses no texto impede a fluidez da leitura, que fica prejudicada e prolixa a cada explicação dada.
Assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir, que contém trechos do conto “Noite de almirante”, e responda à questão.
Deolindo Venta-Grande (era uma alcunha de bordo) saiu do Arsenal de Marinha e enfiou pela Rua de
Bragança. Batiam três horas da tarde. Era a fina flor dos marujos e, de mais, levava um grande ar de
felicidade nos olhos. A corveta dele voltou de uma longa viagem de instrução, e Deolindo veio a terra
tão depressa alcançou licença. Os companheiros disseram-lhe, rindo:
[5] – Ah! Venta-Grande! Que noite de almirante vai você passar! ceia, viola e os braços de Genoveva.
Colozinho de Genoveva...
Deolindo sorriu. Era assim mesmo, uma noite de almirante, como eles dizem, uma dessas grandes
noites de almirante que o esperava em terra. Começara a paixão três meses antes de sair a corveta.
Chamava-se Genoveva, caboclinha de vinte anos, esperta, olho negro e atrevido. Encontraram-se em
[10] casa de terceiro e ficaram morrendo um pelo outro, a tal ponto que estiveram prestes a dar uma cabe
çada, ele deixaria o serviço e ela o acompanharia para a vila mais recôndita do interior.
A velha Inácia, que morava com ela, dissuadiu-os disso; Deolindo não teve remédio senão seguir em
viagem de instrução. Eram oito ou dez meses de ausência. Como fiança recíproca, entenderam dever
fazer um juramento de fidelidade.
[15] [...]
Estava celebrado o contrato. Não havia descrer da sinceridade de ambos; ela chorava doidamente, ele
mordia o beiço para dissimular. Afinal, separaram-se, Genoveva foi ver sair a corveta e voltou para casa
com um tal aperto no coração que parecia que “lhe ia dar uma coisa”. Não lhe deu nada, felizmente;
os dias foram passando, as semanas, os meses, dez meses, ao cabo dos quais, a corveta tornou e
[20] Deolindo com ela.
[...]
– Não me fale nessa maluca, arremeteu a velha. Estou bem satisfeita com o conselho que lhe dei. Olhe
lá se fugisse. Estava agora como o lindo amor.
– Mas que foi? que foi?
[25] A velha disse-lhe que descansasse, que não era nada, uma dessas cousas que aparecem na vida; não
valia a pena zangar-se. Genoveva andava com a cabeça virada...
– Está com um mascate, José Diogo. Conheceu José Diogo, mascate de fazendas? Está com ele. Não
imagina a paixão que eles têm um pelo outro. Ela então anda maluca.
[...]
[30] Deolindo não quis ouvir mais nada. A velha Inácia, um tanto arrependida, ainda lhe deu avisos de
prudência, mas ele não os escutou e foi andando. Deixo de notar o que pensou em todo o caminho;
não pensou nada. As ideias marinhavam-lhe no cérebro, como em hora de temporal, no meio de uma
confusão de ventos e apitos. Entre elas, rutilou a faca de bordo, ensanguentada e vingadora.
[...]
[35] – Pode crer que pensei muito e muito em você. Sinhá Inácia que lhe diga se não chorei muito... Mas o
coração mudou... Mudou... Conto-lhe tudo isto, como se estivesse diante do padre, concluiu sorrindo.
Não sorria de escárnio. A expressão das palavras é que era uma mescla de candura e cinismo, de
insolência e simplicidade, que desisto de definir melhor. Creio até que insolência e cinismo são mal
aplicados. Genoveva não se defendia de um erro ou de um perjúrio; não se defendia de nada...
[40] [...]
Deolindo seguiu praia fora, cabisbaixo e lento, não já o rapaz impetuoso da tarde, mas com um ar velho
e triste (...). Genoveva entrou logo depois, alegre e barulhenta. [...]
– Muito bom rapaz, insistiu Genoveva. Sabe o que ele me disse agora?
– Que foi?
[45] – Que vai matar-se.
– Jesus!
– Qual o quê! Não se mata, não. Deolindo é assim mesmo; diz as coisas, mas não faz.
[...]
A verdade é que o marinheiro não se matou. No dia seguinte, alguns dos companheiros bateram-lhe no
[50] ombro, cumprimentando-o pela noite de almirante, e pediram-lhe notícias de Genoveva, se estava mais
bonita, se chorara muito na ausência, etc. Ele respondia a tudo com um sorriso satisfeito e discreto, um
sorriso de pessoa que viveu uma grande noite. Parece que teve vergonha da realidade e preferiu mentir.
(ASSIS, M. de. Contos consagrados. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 75-81.)
Quanto à composição de personagens, assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir, que contém trechos do conto “Noite de almirante”, e responda à questão.
Deolindo Venta-Grande (era uma alcunha de bordo) saiu do Arsenal de Marinha e enfiou pela Rua de
Bragança. Batiam três horas da tarde. Era a fina flor dos marujos e, de mais, levava um grande ar de
felicidade nos olhos. A corveta dele voltou de uma longa viagem de instrução, e Deolindo veio a terra
tão depressa alcançou licença. Os companheiros disseram-lhe, rindo:
[5] – Ah! Venta-Grande! Que noite de almirante vai você passar! ceia, viola e os braços de Genoveva.
Colozinho de Genoveva...
Deolindo sorriu. Era assim mesmo, uma noite de almirante, como eles dizem, uma dessas grandes
noites de almirante que o esperava em terra. Começara a paixão três meses antes de sair a corveta.
Chamava-se Genoveva, caboclinha de vinte anos, esperta, olho negro e atrevido. Encontraram-se em
[10] casa de terceiro e ficaram morrendo um pelo outro, a tal ponto que estiveram prestes a dar uma cabe
çada, ele deixaria o serviço e ela o acompanharia para a vila mais recôndita do interior.
A velha Inácia, que morava com ela, dissuadiu-os disso; Deolindo não teve remédio senão seguir em
viagem de instrução. Eram oito ou dez meses de ausência. Como fiança recíproca, entenderam dever
fazer um juramento de fidelidade.
[15] [...]
Estava celebrado o contrato. Não havia descrer da sinceridade de ambos; ela chorava doidamente, ele
mordia o beiço para dissimular. Afinal, separaram-se, Genoveva foi ver sair a corveta e voltou para casa
com um tal aperto no coração que parecia que “lhe ia dar uma coisa”. Não lhe deu nada, felizmente;
os dias foram passando, as semanas, os meses, dez meses, ao cabo dos quais, a corveta tornou e
[20] Deolindo com ela.
[...]
– Não me fale nessa maluca, arremeteu a velha. Estou bem satisfeita com o conselho que lhe dei. Olhe
lá se fugisse. Estava agora como o lindo amor.
– Mas que foi? que foi?
[25] A velha disse-lhe que descansasse, que não era nada, uma dessas cousas que aparecem na vida; não
valia a pena zangar-se. Genoveva andava com a cabeça virada...
– Está com um mascate, José Diogo. Conheceu José Diogo, mascate de fazendas? Está com ele. Não
imagina a paixão que eles têm um pelo outro. Ela então anda maluca.
[...]
[30] Deolindo não quis ouvir mais nada. A velha Inácia, um tanto arrependida, ainda lhe deu avisos de
prudência, mas ele não os escutou e foi andando. Deixo de notar o que pensou em todo o caminho;
não pensou nada. As ideias marinhavam-lhe no cérebro, como em hora de temporal, no meio de uma
confusão de ventos e apitos. Entre elas, rutilou a faca de bordo, ensanguentada e vingadora.
[...]
[35] – Pode crer que pensei muito e muito em você. Sinhá Inácia que lhe diga se não chorei muito... Mas o
coração mudou... Mudou... Conto-lhe tudo isto, como se estivesse diante do padre, concluiu sorrindo.
Não sorria de escárnio. A expressão das palavras é que era uma mescla de candura e cinismo, de
insolência e simplicidade, que desisto de definir melhor. Creio até que insolência e cinismo são mal
aplicados. Genoveva não se defendia de um erro ou de um perjúrio; não se defendia de nada...
[40] [...]
Deolindo seguiu praia fora, cabisbaixo e lento, não já o rapaz impetuoso da tarde, mas com um ar velho
e triste (...). Genoveva entrou logo depois, alegre e barulhenta. [...]
– Muito bom rapaz, insistiu Genoveva. Sabe o que ele me disse agora?
– Que foi?
[45] – Que vai matar-se.
– Jesus!
– Qual o quê! Não se mata, não. Deolindo é assim mesmo; diz as coisas, mas não faz.
[...]
A verdade é que o marinheiro não se matou. No dia seguinte, alguns dos companheiros bateram-lhe no
[50] ombro, cumprimentando-o pela noite de almirante, e pediram-lhe notícias de Genoveva, se estava mais
bonita, se chorara muito na ausência, etc. Ele respondia a tudo com um sorriso satisfeito e discreto, um
sorriso de pessoa que viveu uma grande noite. Parece que teve vergonha da realidade e preferiu mentir.
(ASSIS, M. de. Contos consagrados. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 75-81.)
Sobre os trechos “Deixo de notar o que pensou em todo o caminho” (linha 31) e “desisto de definir melhor” (linha 38), assinale a alternativa correta.