CESMAC 2020/2 Medicina 1° Dia
56 Questões
TEXTO
O acesso à educação
(1) Há pouco mais de um século, o Brasil conseguiu abolir a vergonhosa escravização de seres humanos. Mas, nossa abolição da escravatura não resolveu outro tipo de escravatura: a exclusão absoluta, principalmente daquilo que hoje consideramos um direito básico da humanidade – o acesso ao conhecimento, à educação.
(2) A exclusão do conhecimento é a principal causa de todas as demais exclusões. Para se ter uma ideia, em 1928, 80% dos alunos que estudavam no equivalente ao ensino médio frequentavam escolas católicas, particulares, pagas. Quem eram esses estudantes? Filhos da elite. 70% dos que nasciam naquela época estavam condenados ao analfabetismo.
(3) A cultura que fomos criando nesse país foi a cultura fidalga, a ideia de quem nasce em berço de ouro não precisa esforçar-se, não precisa trabalhar – isso é coisa de escravo! – não precisa estudar, não precisa ler, pois sua situação de privilégio seria um direito de nascença.
(4) Há uma frase imortal de Confúcio que nos serve como nunca agora, nos alvores de um novo milênio totalmente tecnológico, baseado no conhecimento: “Onde houver boa educação não haverá distinção de classes.” Nossa história tem sido a da eternização da injusta divisão de privilégios através da negação da escola para todos. Vamos mudar a história da exclusão. Podemos fazê-lo! Para isso, precisamos mexer em nossa própria maneira de ver a educação. Por causa da tradição cultural a que me referi, este é um país onde a luta pelo conhecimento e pela leitura não faz parte de nossos valores maiores. Mesmo nossas elites, que podem comprar livros, leem pouco. Quem trabalha em educação sabe que muitos pais de classe média se sacrificam para comprar os tênis da moda para seu filho, mas esperneiam quando a professora pede a compra de um livro.
(5) Nossa civilização começou com o arrasamento do paubrasil deste país para tingir os veludos das cortes europeias e foi-se desenvolvendo até chegar a nossos dias, quando a posse do carro do ano é mais importante do que ter uma pequena biblioteca em casa.
(6) Nosso problema não é apenas problema do governo, mas de todos nós. Hoje, há escolas para quase todos. Mas, temos de lutar para que elas melhorem sua qualidade de atuação.
(Pedro Bandeira. O ofício de escrever para quem não gosta de ler. Fragmento da conferência proferida no II Congresso Internacional de Educação. Recife, 2003. Adaptado).
O Texto constitui um comentário em que, numa análise global, se defende que:
TEXTO
O acesso à educação
(1) Há pouco mais de um século, o Brasil conseguiu abolir a vergonhosa escravização de seres humanos. Mas, nossa abolição da escravatura não resolveu outro tipo de escravatura: a exclusão absoluta, principalmente daquilo que hoje consideramos um direito básico da humanidade – o acesso ao conhecimento, à educação.
(2) A exclusão do conhecimento é a principal causa de todas as demais exclusões. Para se ter uma ideia, em 1928, 80% dos alunos que estudavam no equivalente ao ensino médio frequentavam escolas católicas, particulares, pagas. Quem eram esses estudantes? Filhos da elite. 70% dos que nasciam naquela época estavam condenados ao analfabetismo.
(3) A cultura que fomos criando nesse país foi a cultura fidalga, a ideia de quem nasce em berço de ouro não precisa esforçar-se, não precisa trabalhar – isso é coisa de escravo! – não precisa estudar, não precisa ler, pois sua situação de privilégio seria um direito de nascença.
(4) Há uma frase imortal de Confúcio que nos serve como nunca agora, nos alvores de um novo milênio totalmente tecnológico, baseado no conhecimento: “Onde houver boa educação não haverá distinção de classes.” Nossa história tem sido a da eternização da injusta divisão de privilégios através da negação da escola para todos. Vamos mudar a história da exclusão. Podemos fazê-lo! Para isso, precisamos mexer em nossa própria maneira de ver a educação. Por causa da tradição cultural a que me referi, este é um país onde a luta pelo conhecimento e pela leitura não faz parte de nossos valores maiores. Mesmo nossas elites, que podem comprar livros, leem pouco. Quem trabalha em educação sabe que muitos pais de classe média se sacrificam para comprar os tênis da moda para seu filho, mas esperneiam quando a professora pede a compra de um livro.
(5) Nossa civilização começou com o arrasamento do paubrasil deste país para tingir os veludos das cortes europeias e foi-se desenvolvendo até chegar a nossos dias, quando a posse do carro do ano é mais importante do que ter uma pequena biblioteca em casa.
(6) Nosso problema não é apenas problema do governo, mas de todos nós. Hoje, há escolas para quase todos. Mas, temos de lutar para que elas melhorem sua qualidade de atuação.
(Pedro Bandeira. O ofício de escrever para quem não gosta de ler. Fragmento da conferência proferida no II Congresso Internacional de Educação. Recife, 2003. Adaptado).
O Texto, ao fazer referência à abolição da escravatura, anuncia, em meio a palavras de louvor, uma espécie de grande queixa; a queixa de que:
TEXTO
O acesso à educação
(1) Há pouco mais de um século, o Brasil conseguiu abolir a vergonhosa escravização de seres humanos. Mas, nossa abolição da escravatura não resolveu outro tipo de escravatura: a exclusão absoluta, principalmente daquilo que hoje consideramos um direito básico da humanidade – o acesso ao conhecimento, à educação.
(2) A exclusão do conhecimento é a principal causa de todas as demais exclusões. Para se ter uma ideia, em 1928, 80% dos alunos que estudavam no equivalente ao ensino médio frequentavam escolas católicas, particulares, pagas. Quem eram esses estudantes? Filhos da elite. 70% dos que nasciam naquela época estavam condenados ao analfabetismo.
(3) A cultura que fomos criando nesse país foi a cultura fidalga, a ideia de quem nasce em berço de ouro não precisa esforçar-se, não precisa trabalhar – isso é coisa de escravo! – não precisa estudar, não precisa ler, pois sua situação de privilégio seria um direito de nascença.
(4) Há uma frase imortal de Confúcio que nos serve como nunca agora, nos alvores de um novo milênio totalmente tecnológico, baseado no conhecimento: “Onde houver boa educação não haverá distinção de classes.” Nossa história tem sido a da eternização da injusta divisão de privilégios através da negação da escola para todos. Vamos mudar a história da exclusão. Podemos fazê-lo! Para isso, precisamos mexer em nossa própria maneira de ver a educação. Por causa da tradição cultural a que me referi, este é um país onde a luta pelo conhecimento e pela leitura não faz parte de nossos valores maiores. Mesmo nossas elites, que podem comprar livros, leem pouco. Quem trabalha em educação sabe que muitos pais de classe média se sacrificam para comprar os tênis da moda para seu filho, mas esperneiam quando a professora pede a compra de um livro.
(5) Nossa civilização começou com o arrasamento do paubrasil deste país para tingir os veludos das cortes europeias e foi-se desenvolvendo até chegar a nossos dias, quando a posse do carro do ano é mais importante do que ter uma pequena biblioteca em casa.
(6) Nosso problema não é apenas problema do governo, mas de todos nós. Hoje, há escolas para quase todos. Mas, temos de lutar para que elas melhorem sua qualidade de atuação.
(Pedro Bandeira. O ofício de escrever para quem não gosta de ler. Fragmento da conferência proferida no II Congresso Internacional de Educação. Recife, 2003. Adaptado).
No segundo parágrafo, o autor interroga: “Quem eram esses estudantes?” Essa pergunta constitui:
TEXTO
O acesso à educação
(1) Há pouco mais de um século, o Brasil conseguiu abolir a vergonhosa escravização de seres humanos. Mas, nossa abolição da escravatura não resolveu outro tipo de escravatura: a exclusão absoluta, principalmente daquilo que hoje consideramos um direito básico da humanidade – o acesso ao conhecimento, à educação.
(2) A exclusão do conhecimento é a principal causa de todas as demais exclusões. Para se ter uma ideia, em 1928, 80% dos alunos que estudavam no equivalente ao ensino médio frequentavam escolas católicas, particulares, pagas. Quem eram esses estudantes? Filhos da elite. 70% dos que nasciam naquela época estavam condenados ao analfabetismo.
(3) A cultura que fomos criando nesse país foi a cultura fidalga, a ideia de quem nasce em berço de ouro não precisa esforçar-se, não precisa trabalhar – isso é coisa de escravo! – não precisa estudar, não precisa ler, pois sua situação de privilégio seria um direito de nascença.
(4) Há uma frase imortal de Confúcio que nos serve como nunca agora, nos alvores de um novo milênio totalmente tecnológico, baseado no conhecimento: “Onde houver boa educação não haverá distinção de classes.” Nossa história tem sido a da eternização da injusta divisão de privilégios através da negação da escola para todos. Vamos mudar a história da exclusão. Podemos fazê-lo! Para isso, precisamos mexer em nossa própria maneira de ver a educação. Por causa da tradição cultural a que me referi, este é um país onde a luta pelo conhecimento e pela leitura não faz parte de nossos valores maiores. Mesmo nossas elites, que podem comprar livros, leem pouco. Quem trabalha em educação sabe que muitos pais de classe média se sacrificam para comprar os tênis da moda para seu filho, mas esperneiam quando a professora pede a compra de um livro.
(5) Nossa civilização começou com o arrasamento do paubrasil deste país para tingir os veludos das cortes europeias e foi-se desenvolvendo até chegar a nossos dias, quando a posse do carro do ano é mais importante do que ter uma pequena biblioteca em casa.
(6) Nosso problema não é apenas problema do governo, mas de todos nós. Hoje, há escolas para quase todos. Mas, temos de lutar para que elas melhorem sua qualidade de atuação.
(Pedro Bandeira. O ofício de escrever para quem não gosta de ler. Fragmento da conferência proferida no II Congresso Internacional de Educação. Recife, 2003. Adaptado).
Analisemos alguns fragmentos do Texto e os comentários referentes a cada fragmento. Identifique a alternativa em que o comentário está correto.
TEXTO
O acesso à educação
(1) Há pouco mais de um século, o Brasil conseguiu abolir a vergonhosa escravização de seres humanos. Mas, nossa abolição da escravatura não resolveu outro tipo de escravatura: a exclusão absoluta, principalmente daquilo que hoje consideramos um direito básico da humanidade – o acesso ao conhecimento, à educação.
(2) A exclusão do conhecimento é a principal causa de todas as demais exclusões. Para se ter uma ideia, em 1928, 80% dos alunos que estudavam no equivalente ao ensino médio frequentavam escolas católicas, particulares, pagas. Quem eram esses estudantes? Filhos da elite. 70% dos que nasciam naquela época estavam condenados ao analfabetismo.
(3) A cultura que fomos criando nesse país foi a cultura fidalga, a ideia de quem nasce em berço de ouro não precisa esforçar-se, não precisa trabalhar – isso é coisa de escravo! – não precisa estudar, não precisa ler, pois sua situação de privilégio seria um direito de nascença.
(4) Há uma frase imortal de Confúcio que nos serve como nunca agora, nos alvores de um novo milênio totalmente tecnológico, baseado no conhecimento: “Onde houver boa educação não haverá distinção de classes.” Nossa história tem sido a da eternização da injusta divisão de privilégios através da negação da escola para todos. Vamos mudar a história da exclusão. Podemos fazê-lo! Para isso, precisamos mexer em nossa própria maneira de ver a educação. Por causa da tradição cultural a que me referi, este é um país onde a luta pelo conhecimento e pela leitura não faz parte de nossos valores maiores. Mesmo nossas elites, que podem comprar livros, leem pouco. Quem trabalha em educação sabe que muitos pais de classe média se sacrificam para comprar os tênis da moda para seu filho, mas esperneiam quando a professora pede a compra de um livro.
(5) Nossa civilização começou com o arrasamento do paubrasil deste país para tingir os veludos das cortes europeias e foi-se desenvolvendo até chegar a nossos dias, quando a posse do carro do ano é mais importante do que ter uma pequena biblioteca em casa.
(6) Nosso problema não é apenas problema do governo, mas de todos nós. Hoje, há escolas para quase todos. Mas, temos de lutar para que elas melhorem sua qualidade de atuação.
(Pedro Bandeira. O ofício de escrever para quem não gosta de ler. Fragmento da conferência proferida no II Congresso Internacional de Educação. Recife, 2003. Adaptado).
O texto exibe o seguinte fragmento: “Vamos mudar a história da exclusão. Podemos fazê-lo!” A análise desse fragmento revela que:
1) as formas ‘’Vamos’ e ‘Podemos’ sugerem uma atitude interativa do enunciador.
2) o pronome ‘lo’ reitera uma afirmação feita anteriormente.
3) nesse contexto, também tinha sentido dizer: “Podemos fazê-la!”.
4) o uso do pronome “lo” constitui um nexo coesivo e coerentemente funcional.
5) pelo sentido expresso, vemos que o pronome é complemento do verbo ‘poder’.
Estão corretas as alternativas:
TEXTO
O que faz o brasil, Brasil?
(1) O “brasil”, com b minúsculo, é apenas um objeto sem vida, autoconsciência ou pulsação interior, pedaço de coisa que morre e não tem a menor condição de se reproduzir como sistema; como, aliás, queriam alguns teóricos sociais do século XIX, que viam na terra – um pedaço perdido de Portugal e da Europa – um conjunto doentio e condenado de raças que, misturando-se ao sabor de uma natureza exuberante e de um clima tropical, estariam fadadas à degeneração e à morte biológica, psicológica e social.
(2) Mas o Brasil com B maiúsculo é algo muito mais complexo. É país, cultura, local geográfico, fronteira e território, reconhecidos internacionalmente e também casa, pedaço de chão calçado com o calor de nossos corpos, lar, memória e consciência de um lugar, com o qual se tem uma ligação especial, única, totalmente sagrada.
(3) É igualmente um tempo singular cujos eventos são exclusivamente seus, e também temporalidade que pode ser acelerada na festa do Carnaval; que pode ser detida na morte e na memória e que pode ser trazida de volta na boa recordação da saudade. Tempo e temporalidade de ritmos localizados e, assim, insubstituíveis.
(4) Sociedade onde pessoas seguem certos valores e julgam as ações humanas dentro de um padrão somente seu. Não se trata mais de algo inerte, mas de uma entidade, cheia de autorreflexão e consciência: algo que se soma e se alarga para o futuro e para o passado, num movimento próprio que se chama história.
(5) Aqui, o Brasil é um ser, em parte reconhecido e em parte misterioso, como um grande e poderoso espírito. Como um Deus que está em todos os lugares e em nenhum, mas que também precisa dos homens para que possa se saber superior e onipotente. Onde quer que haja um brasileiro adulto existe com ele o Brasil e, no entanto – tal como acontece com as divindades –, será preciso produzir e provocar a sua manifestação para que se possa sentir sua concretude e seu poder. Caso contrário, sua presença é tão inefável como a do ar que respira e dela não se teria consciência a não ser pela comparação, pelo contraste e pela percepção de algumas de suas manifestações mais contundentes.
(Roberto DaMatta. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro, Rocco, 1986, p. 11-12. Adaptado)
A compreensão do Texto requer que o interpretemos como: