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20 Questões
Numa entrevista publicada na Folha Ilustrada, em 14 de março de 2005, o escritor mineiro Luiz Ruffato disse o que está transcrito abaixo:
“Estou indo de certa forma na contracorrente da literatura contemporânea brasileira. Ela tende ou para o neonaturalismo ou para uma literatura que chamo de ‘egótica’, muito centrada no eu. Tento caminhar em outra seara, a da literatura realista, que no meu entender não é otimista nem pessimista. Ela estabelece uma reflexão sobre o real a partir do real.”
De acordo com o que disse Luiz Ruffato em sua entrevista, o conceito de “realismo contemporâneo” que ele defende pode ser explicado em qual das alternativas abaixo?
Leia a letra da canção abaixo para responder à questão proposta:
Joia
Beira de mar
Beira de mar
Beira de maré na América do Sul
Um selvagem levanta o braço
Abre a mão e tira um caju
Um momento de grande amor
De grande amor
Copacabana
Copacabana
Louca total e completamente louca
A menina muito contente
Toca a coca-cola na boca
Um momento de puro amor
De puro amor.
(VELOSO, Caetano. Letra Só. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.)
A letra da canção “Joia”, de Caetano Veloso, tem o poder de representar algumas das aproximações que o Tropicalismo procurou promover entre espaços, tempos e referenciais culturais distintos, com o intuito de provocar uma reflexão acerca do caráter híbrido da formação cultural brasileira.
Marque a única alternativa em que a afirmação sobre as funções dos elementos da linguagem da canção esteja INCORRETA:
Leia os textos abaixo para responder à questão
TEXTO
“Guimarães Rosa escreveu sua obra no português do Brasil, uma língua muito mais rica do que o português europeu, na medida em que assimilou um sem-número de elementos provenientes dos idiomas dos índios e negros que desempenharam papel de relevo na formação étnica e cultural do país. Entretanto, o autor não se limitou apenas a reproduzir a linguagem falada no Brasil. E à síntese já existente, acrescentou sua própria síntese: uma estrutura sintática bastante peculiar e um léxico que inclui grande número de neologismos; vocábulos extraídos de idiomas estrangeiros ou revitalizados do antigo português; e uma série de termos indígenas ou dialetais que ainda não tinham sido incorporados à sua língua de origem [...]”.
(COUTINHO, Afrânio. Guimarães Rosa e o processo de revitalização da linguagem. In: COUTINHO, Eduardo F. (Org.). Guimarães Rosa: fortuna crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983.)
TEXTO
“Estou contando ao senhor, que carece de um explicado. Pensar mal é fácil, porque esta vida é embrejada. A gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar. A senvergonhice reina, tão leve e leve pertencidamente, que por primeiro não se crê no sincero sem maldade. Está certo, sei. Mas ponho minha fiança: homem muito homem que fui, e homem por mulheres! – nunca tive inclinação para os vícios desencontrados. Repito o que, o sem preceito. Então – o senhor me perguntará – o que era aquilo? Ah, lei ladra, o poder da vida. Direitinho declaro o que, durando todo o tempo, sempre mais, às vezes menos, comigo se passou. Aquela mandante amizade. Eu não pensava em adiação nenhuma, de pior propósito. Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Diga o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, eu só nele pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu mesmo entender não queria [...]”.
(ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.)
TEXTO
“A experiência que passa de pessoa a pessoa é a fonte a que recorrem todos os narradores. E, entre as narrativas escritas, as melhores são as que menos se distinguem das histórias orais contadas pelos inúmeros narradores anônimos. Entre estes, existem dois grupos, que se interpenetram de múltiplas maneiras. A figura do narrador só se torna plenamente tangível se temos presentes esses dois grupos. ‘Quem viaja tem muito que contar’, diz o povo, e com isso imagina o narrador como alguém que vem de longe. Mas também escutamos com prazer o homem que ganhou honestamente sua vida sem sair do seu país e que conhece suas histórias e tradições. Se quisermos concretizar esses dois grupos através dos seus representantes arcaicos, podemos dizer que um é exemplificado pelo camponês sedentário, e outro, pelo marinheiro comerciante [...]”.
(BENJAMIN, Walter. O narrador – Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In:_________ Magia e técnica, arte e política. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994.)
Marque a opção em que a afirmação sobre os textos acima esteja correta:
Leia os textos abaixo para responder à questão
TEXTO
“Guimarães Rosa escreveu sua obra no português do Brasil, uma língua muito mais rica do que o português europeu, na medida em que assimilou um sem-número de elementos provenientes dos idiomas dos índios e negros que desempenharam papel de relevo na formação étnica e cultural do país. Entretanto, o autor não se limitou apenas a reproduzir a linguagem falada no Brasil. E à síntese já existente, acrescentou sua própria síntese: uma estrutura sintática bastante peculiar e um léxico que inclui grande número de neologismos; vocábulos extraídos de idiomas estrangeiros ou revitalizados do antigo português; e uma série de termos indígenas ou dialetais que ainda não tinham sido incorporados à sua língua de origem [...]”.
(COUTINHO, Afrânio. Guimarães Rosa e o processo de revitalização da linguagem. In: COUTINHO, Eduardo F. (Org.). Guimarães Rosa: fortuna crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983.)
TEXTO
“Estou contando ao senhor, que carece de um explicado. Pensar mal é fácil, porque esta vida é embrejada. A gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar. A senvergonhice reina, tão leve e leve pertencidamente, que por primeiro não se crê no sincero sem maldade. Está certo, sei. Mas ponho minha fiança: homem muito homem que fui, e homem por mulheres! – nunca tive inclinação para os vícios desencontrados. Repito o que, o sem preceito. Então – o senhor me perguntará – o que era aquilo? Ah, lei ladra, o poder da vida. Direitinho declaro o que, durando todo o tempo, sempre mais, às vezes menos, comigo se passou. Aquela mandante amizade. Eu não pensava em adiação nenhuma, de pior propósito. Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Diga o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, eu só nele pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu mesmo entender não queria [...]”.
(ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.)
TEXTO
“A experiência que passa de pessoa a pessoa é a fonte a que recorrem todos os narradores. E, entre as narrativas escritas, as melhores são as que menos se distinguem das histórias orais contadas pelos inúmeros narradores anônimos. Entre estes, existem dois grupos, que se interpenetram de múltiplas maneiras. A figura do narrador só se torna plenamente tangível se temos presentes esses dois grupos. ‘Quem viaja tem muito que contar’, diz o povo, e com isso imagina o narrador como alguém que vem de longe. Mas também escutamos com prazer o homem que ganhou honestamente sua vida sem sair do seu país e que conhece suas histórias e tradições. Se quisermos concretizar esses dois grupos através dos seus representantes arcaicos, podemos dizer que um é exemplificado pelo camponês sedentário, e outro, pelo marinheiro comerciante [...]”.
(BENJAMIN, Walter. O narrador – Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In:_________ Magia e técnica, arte e política. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994.)
Ainda em relação aos três textos apresentados, marque a opção correta:
Leia o poema abaixo para responder à questão:
Meu povo, meu poema
Meu povo e meu poema crescem juntos
como cresce no fruto
a árvore nova
No povo meu poema vai nascendo
como no canavial
nasce verde o açúcar
No povo meu poema está maduro
como o sol
na garganta do futuro
Meu povo em meu poema
se reflete
como a espiga se funde em terra fértil
Ao povo seu poema aqui devolvo
menos como quem canta
do que planta
(GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. José Olympio: Rio de Janeiro, 2000.)
Marque a alternativa INCORRETA a respeito do poema acima:
Um professor do ensino médio de uma tradicional escola de Juiz de Fora resolveu fazer uma aula prática sobre membrana plasmática com seus alunos. Ele criou em laboratório células com as superfícies fluorescentes para o estudo do modelo proposto por Singer e Nicolson. Neste experimento, ele usou uma célula com a superfície fluorescente e observou-a em microscópio acoplado a um laser. O laser utilizado neste caso é capaz de degradar a fluorescência conjugada às moléculas na superfície celular. Iniciado o experimento, ele expôs um ponto específico da célula ao laser. Após cinco minutos de exposição da incidência do laser, observou que a região exposta perdia a fluorescência, mas o restante da célula continuava fluorescente. Entretanto, após uma hora de exposição, no mesmo ponto focal, toda a célula perdia a fluorescência. Baseado nesse experimento responda a questão abaixo.
Quais moléculas perderam a fluorescência e qual é o modelo evidenciado neste experimento?