UFAM 2015/1 PSC
54 Questões
Escolhi a mesinha que estava na calçada e pedi um suco de frutas naturais mas sabendo que viria um suco com sabor de frutas artificiais, as frutas de laboratório, os bebês de laboratório – mas onde estamos? Enfim, já anunciaram que temos usinas nucleares, um dia vai chegar um sergipano (ou um paulistano, não tenho preconceito de região) e vai apertar distraidamente o botão errado. Pronto. O Brasil vira memória. E as pessoas tão inconscientes ouvindo uma musiquinha na porta da loja de discos. Também vejo um homem engraxando o sapato. E, no prédio em frente, passam um filme certamente desinteressante: noto que apenas um casal está na fila do cinema. Vejo também um velho com o netinho jogando migalhas para os pombos. Chovem propagandas de produtos comerciais, poluindo a paisagem. Era bom antes, lembra? Quando as paisagens eram limpas. Mas agora é tarde. É tarde no planeta.
(“É tarde no planeta”, de Lygia Fagundes Telles, no livro “A Disciplina do Amor”. Texto adaptado.)
Assinale a opção em que o vocábulo UM funciona
como numeral e não como artigo:
Escolhi a mesinha que estava na calçada e pedi um suco de frutas naturais mas sabendo que viria um suco com sabor de frutas artificiais, as frutas de laboratório, os bebês de laboratório – mas onde estamos? Enfim, já anunciaram que temos usinas nucleares, um dia vai chegar um sergipano (ou um paulistano, não tenho preconceito de região) e vai apertar distraidamente o botão errado. Pronto. O Brasil vira memória. E as pessoas tão inconscientes ouvindo uma musiquinha na porta da loja de discos. Também vejo um homem engraxando o sapato. E, no prédio em frente, passam um filme certamente desinteressante: noto que apenas um casal está na fila do cinema. Vejo também um velho com o netinho jogando migalhas para os pombos. Chovem propagandas de produtos comerciais, poluindo a paisagem. Era bom antes, lembra? Quando as paisagens eram limpas. Mas agora é tarde. É tarde no planeta.
(“É tarde no planeta”, de Lygia Fagundes Telles, no livro “A Disciplina do Amor”. Texto adaptado.)
Assinale a opção em que a frase NÃO tem o seu sujeito (ou a sua inexistência) corretamente explicado:
A oferta do Diabo veio por e-mail, de sorte que nem vi a sua cara. Ele procurou na internet pessoas dispostas a trocar sua alma pelo que quisessem. Respostas para 666belzebu.com. A pessoa empenhava sua alma ao Diabo para entregar na saída, e em troca poderia pedir qualquer coisa. Mas só uma coisa.
Pensei imediatamente no Internacional. Está certo, primeiro pensei na Vera Fischer, mas aí achei que daria confusão. Em seguida pensei no Internacional. Um campeonato? Mas concluí que estava sendo egoísta. Pensei também em pedir... Dúvida total. Depois concluí que deveria pedir, pela minha alma, algo que desse alegria a todos. O quê? Quero que o Brasil se transforme num país escandinavo. Agora! Um país organizado, sem crime, sem fome, sem injustiça, sem conflitos, magnificamente chato. Era isso: minha alma por um país aborrecido!
Foi o que botei no meu e-mail para o Diabo. Ele respondeu perguntando se eu tinha pensado bem no que eu estava pedindo em troca da minha alma. Eu deveria saber que a adaptação seria difícil. Era mesmo o que eu queria? É, respondi. Chega desta irresponsabilidade tropical, desta indecência social disfarçada de bonomia, desta irresolução criminosa que passa por afabilidade, desta eterna mania de atrasar tudo. Faça-nos escandinavos, já!
O Diabo: “Tem certeza? Já?”
Eu: “Bom... Depois do carnaval”.
A linguagem oral se diferencia da linguagem escrita por várias marcas de espontaneidade, o que o texto acima procura reproduzir. No caso, é marca de oralidade:
A oferta do Diabo veio por e-mail, de sorte que nem vi a sua cara. Ele procurou na internet pessoas dispostas a trocar sua alma pelo que quisessem. Respostas para 666belzebu.com. A pessoa empenhava sua alma ao Diabo para entregar na saída, e em troca poderia pedir qualquer coisa. Mas só uma coisa.
Pensei imediatamente no Internacional. Está certo, primeiro pensei na Vera Fischer, mas aí achei que daria confusão. Em seguida pensei no Internacional. Um campeonato? Mas concluí que estava sendo egoísta. Pensei também em pedir... Dúvida total. Depois concluí que deveria pedir, pela minha alma, algo que desse alegria a todos. O quê? Quero que o Brasil se transforme num país escandinavo. Agora! Um país organizado, sem crime, sem fome, sem injustiça, sem conflitos, magnificamente chato. Era isso: minha alma por um país aborrecido!
Foi o que botei no meu e-mail para o Diabo. Ele respondeu perguntando se eu tinha pensado bem no que eu estava pedindo em troca da minha alma. Eu deveria saber que a adaptação seria difícil. Era mesmo o que eu queria? É, respondi. Chega desta irresponsabilidade tropical, desta indecência social disfarçada de bonomia, desta irresolução criminosa que passa por afabilidade, desta eterna mania de atrasar tudo. Faça-nos escandinavos, já!
O Diabo: “Tem certeza? Já?”
Eu: “Bom... Depois do carnaval”.
Assinale a opção que contém palavra que NÃO apresenta encontro consonantal:
Assinale a frase em que o pronome pessoal está empregado corretamente:
Leia o texto abaixo, extraído e adaptado do livro “Amazônia de Euclides”, do jornalista Daniel Piza, para responder à questão, que a ele se refere:
Euclides da Cunha ansiava pela Amazônia e, mais especificamente, pelo Acre. Recordemos que o novo território era boliviano até poucos anos antes. Leitor apaixonado de naturalistas e viajantes, Euclides escreveu ao amigo amazonense José Veríssimo, grande crítico literário da época, que uma viagem para a região seria um meio de ampliar a vida ao analisar a natureza. Saber que o barão do Rio Branco, ministro das Relações Exteriores, organizava novas comissões demarcadoras dos limites brasileiros animara o autor de “Os Sertões”, que trabalhava então como engenheiro em obras de saneamento no litoral de São Paulo.
O seu desejo pelo majestoso sertão amazônico combinava uma vontade de fuga, uma vocação de desbravador e um desejo de não ficar paralizado. E remetia diretamente à experiência de Canudos, no sertão baiano, em 1897, quando marchou desorientado para a frente de batalha e viu o inferno de uma guerra. Viu não como mero espectador, mas como alguém que sentiu os problemas em seu íntimo, sem jamais os extravasar, como seria necessário.
Assinale a opção que contém palavra do texto que foi, de propósito, escrita de modo ERRADO: