UECE 2015/2
66 Questões
Texto 1
O amigo da casa
[1] A própria menina se prende muito a ele, que
ainda lhe trouxe a última boneca, embora agora
ela se ponha mocinha: encolhe-se na poltrona da
sala sob a luz do abajur e lê a revista de
[5] quadrinhos. Ele é alemão como o dono da casa.
Tem apartamento no hotel da praia e joga tênis
no clube, saltando com energia para dentro do
campo, a raquete na mão. Assiste às partidas
girando no copo de uísque os cubos de gelo. É o
[10] amigo da casa. Depois do jantar, passeia com a
mãe da menina pelo caminho de pedra do
jardim: as duas cabeças – a loira e a preta de
cabelos aparados – vão e vêm, a dele já com
entradas da calva. Ele chupa o cachimbo de
[15] fumo cheiroso, que o moço de bordo vai deixar
no escritório.
O dono da casa é Seu Feldmann. Dirige o seu
pequeno automóvel e é muito delicado.
Cumprimenta sempre todos os vizinhos, até
[20] mesmo os mais canalhas como Seu Deca, fiscal
da Alfândega.
Seu Feldmann cumprimenta. Bate com a
cabeça. Compra marcos a bordo e no banco para
a sua viagem regular à Alemanha. Viaja em
[25] companhia do comandante do cargueiro, em
camarote especial. Então respira o ar marítimo
no alto do convés, os braços muito brancos e
descarnados, na camisa leve de mangas curtas.
A fortuna de origem é da mulher: as velhas
[30] casas no centro da cidade, os antigos armazéns,
o sítio da serra, de onde ela desce aos domingos
em companhia do outro, que é o amigo da casa,
e da menina.
Saem os dois à noite e ele para o seu próprio
[35] automóvel sob os coqueiros na praia. Decerto
brigaram mais uma vez, porque ela volta para
casa de olhos vermelhos, enrolando nos dedos o
lencinho bordado. Recolhe-se a seu quarto (ela e
seu Feldmann dormem em quartos separados).
[40] Trila o apito do guarda. Os faróis do automóvel
na rua pincelam de luz as paredes, tiram reflexo
do espelho. Ela permanece insone: o vidro de
sua janela é um retângulo de luz na noite.
(Moreira Campos. In Obra Completa – contos II. 1969. p. 120-122. Originalmente publicado na obra O puxador de terço. Texto adaptado.)
Além de caracterizar-se pela unidade dramática, o conto caracteriza-se pela unidade de tom, isto é, pela impressão única que ele deve deixar no leitor, impressão que pode ser de pavor, piedade, ódio, simpatia, antipatia, acordo, ternura, indiferença, dentre muitas outras.
Assinale a impressão que o conto “O amigo da casa”, em função da própria relação entre as personagens, NÃO deve deixar no leitor.
Texto 1
O amigo da casa
[1] A própria menina se prende muito a ele, que
ainda lhe trouxe a última boneca, embora agora
ela se ponha mocinha: encolhe-se na poltrona da
sala sob a luz do abajur e lê a revista de
[5] quadrinhos. Ele é alemão como o dono da casa.
Tem apartamento no hotel da praia e joga tênis
no clube, saltando com energia para dentro do
campo, a raquete na mão. Assiste às partidas
girando no copo de uísque os cubos de gelo. É o
[10] amigo da casa. Depois do jantar, passeia com a
mãe da menina pelo caminho de pedra do
jardim: as duas cabeças – a loira e a preta de
cabelos aparados – vão e vêm, a dele já com
entradas da calva. Ele chupa o cachimbo de
[15] fumo cheiroso, que o moço de bordo vai deixar
no escritório.
O dono da casa é Seu Feldmann. Dirige o seu
pequeno automóvel e é muito delicado.
Cumprimenta sempre todos os vizinhos, até
[20] mesmo os mais canalhas como Seu Deca, fiscal
da Alfândega.
Seu Feldmann cumprimenta. Bate com a
cabeça. Compra marcos a bordo e no banco para
a sua viagem regular à Alemanha. Viaja em
[25] companhia do comandante do cargueiro, em
camarote especial. Então respira o ar marítimo
no alto do convés, os braços muito brancos e
descarnados, na camisa leve de mangas curtas.
A fortuna de origem é da mulher: as velhas
[30] casas no centro da cidade, os antigos armazéns,
o sítio da serra, de onde ela desce aos domingos
em companhia do outro, que é o amigo da casa,
e da menina.
Saem os dois à noite e ele para o seu próprio
[35] automóvel sob os coqueiros na praia. Decerto
brigaram mais uma vez, porque ela volta para
casa de olhos vermelhos, enrolando nos dedos o
lencinho bordado. Recolhe-se a seu quarto (ela e
seu Feldmann dormem em quartos separados).
[40] Trila o apito do guarda. Os faróis do automóvel
na rua pincelam de luz as paredes, tiram reflexo
do espelho. Ela permanece insone: o vidro de
sua janela é um retângulo de luz na noite.
(Moreira Campos. In Obra Completa – contos II. 1969. p. 120-122. Originalmente publicado na obra O puxador de terço. Texto adaptado.)
O início e o final de um conto são importantíssimos: o início porque conquista e seduz, ou afasta o leitor; o final, porque, via de regra, corresponde ao clímax da história. O desfecho de um conto pode ser de duas ordens: enigmático, imprevisível, surpreendente (maior incidência no conto tradicional); destituído de enigma, surpresa ou imprevisto (maior incidência no conto moderno). Escreva V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso o que se diz sobre o começo e o fim do texto 1.
( ) O início do conto (texto 1) peca literariamente por ser impreciso ao introduzir as personagens, pois não as nomeia; refere-se a elas usando pronome – “ele”, “ela” – e sintagmas nominais – “o amigo da casa”, “a menina”, o que as despersonaliza.
( ) A despersonalização dos actantes não é, em tese, a melhor técnica narrativa, uma vez que pode dificultar o entendimento do leitor.
( ) O epílogo do conto (texto 1) é destituído de enigma, surpresa ou mistério. A falta desse elemento de surpresa aproxima o conto em pauta do conto moderno.
( ) O emprego do vocábulo “própria” no início do texto sugere continuidade. Esse vocábulo, na posição em que se encontra parece exigir um pressuposto, no caso em foco, o pressuposto de que a menina teria muitas razões para não se prender a ele, no entanto... É como se o narrador estivesse retomando uma narrativa interrompida.
Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência:
Texto 1
O amigo da casa
[1] A própria menina se prende muito a ele, que
ainda lhe trouxe a última boneca, embora agora
ela se ponha mocinha: encolhe-se na poltrona da
sala sob a luz do abajur e lê a revista de
[5] quadrinhos. Ele é alemão como o dono da casa.
Tem apartamento no hotel da praia e joga tênis
no clube, saltando com energia para dentro do
campo, a raquete na mão. Assiste às partidas
girando no copo de uísque os cubos de gelo. É o
[10] amigo da casa. Depois do jantar, passeia com a
mãe da menina pelo caminho de pedra do
jardim: as duas cabeças – a loira e a preta de
cabelos aparados – vão e vêm, a dele já com
entradas da calva. Ele chupa o cachimbo de
[15] fumo cheiroso, que o moço de bordo vai deixar
no escritório.
O dono da casa é Seu Feldmann. Dirige o seu
pequeno automóvel e é muito delicado.
Cumprimenta sempre todos os vizinhos, até
[20] mesmo os mais canalhas como Seu Deca, fiscal
da Alfândega.
Seu Feldmann cumprimenta. Bate com a
cabeça. Compra marcos a bordo e no banco para
a sua viagem regular à Alemanha. Viaja em
[25] companhia do comandante do cargueiro, em
camarote especial. Então respira o ar marítimo
no alto do convés, os braços muito brancos e
descarnados, na camisa leve de mangas curtas.
A fortuna de origem é da mulher: as velhas
[30] casas no centro da cidade, os antigos armazéns,
o sítio da serra, de onde ela desce aos domingos
em companhia do outro, que é o amigo da casa,
e da menina.
Saem os dois à noite e ele para o seu próprio
[35] automóvel sob os coqueiros na praia. Decerto
brigaram mais uma vez, porque ela volta para
casa de olhos vermelhos, enrolando nos dedos o
lencinho bordado. Recolhe-se a seu quarto (ela e
seu Feldmann dormem em quartos separados).
[40] Trila o apito do guarda. Os faróis do automóvel
na rua pincelam de luz as paredes, tiram reflexo
do espelho. Ela permanece insone: o vidro de
sua janela é um retângulo de luz na noite.
(Moreira Campos. In Obra Completa – contos II. 1969. p. 120-122. Originalmente publicado na obra O puxador de terço. Texto adaptado.)
O título de um texto é um ingrediente importante para o processo da leitura. Um bom título deve ter a força de atrair o leitor, de causar-lhe algum estranhamento. Pode dar pistas sobre o conteúdo do texto, mas não deve ser muito explícito. A ambiguidade também é um ingrediente que pode ter efeito positivo num título.
Atente à análise do título do texto 1.
I. O título do conto (Texto 1) deve surpreender o leitor, que tem arquivada na memória linguística a expressão “o amigo” sempre relacionada ao homem e, raramente, a um animal irracional (como o cachorro), portanto a um ser vivo. O estranhamento causado pelo título pode ser um incentivo à leitura.
II. Ao intitular o conto de “O amigo da casa”, o enunciador empregou uma estrutura metonímica. A metonímia é uma “figura de retórica que consiste no uso de uma palavra fora de seu contexto semântico normal por ter uma significação de relação objetiva, de contiguidade, material ou conceitual, com o conteúdo ou referente ocasionalmente pensado” (Houaiss).
III. A outra qualidade do título consiste em ser ambíguo: o vocábulo “amigo”, além de significar aquele “que ama, que demonstra afeto, amizade”, pode significar, no uso informal da língua, “amante, amásio”. Essa ambiguidade poderá despertar a curiosidade do leitor e levá- lo à leitura.
Está correto o que se diz em
Texto 1
O amigo da casa
[1] A própria menina se prende muito a ele, que
ainda lhe trouxe a última boneca, embora agora
ela se ponha mocinha: encolhe-se na poltrona da
sala sob a luz do abajur e lê a revista de
[5] quadrinhos. Ele é alemão como o dono da casa.
Tem apartamento no hotel da praia e joga tênis
no clube, saltando com energia para dentro do
campo, a raquete na mão. Assiste às partidas
girando no copo de uísque os cubos de gelo. É o
[10] amigo da casa. Depois do jantar, passeia com a
mãe da menina pelo caminho de pedra do
jardim: as duas cabeças – a loira e a preta de
cabelos aparados – vão e vêm, a dele já com
entradas da calva. Ele chupa o cachimbo de
[15] fumo cheiroso, que o moço de bordo vai deixar
no escritório.
O dono da casa é Seu Feldmann. Dirige o seu
pequeno automóvel e é muito delicado.
Cumprimenta sempre todos os vizinhos, até
[20] mesmo os mais canalhas como Seu Deca, fiscal
da Alfândega.
Seu Feldmann cumprimenta. Bate com a
cabeça. Compra marcos a bordo e no banco para
a sua viagem regular à Alemanha. Viaja em
[25] companhia do comandante do cargueiro, em
camarote especial. Então respira o ar marítimo
no alto do convés, os braços muito brancos e
descarnados, na camisa leve de mangas curtas.
A fortuna de origem é da mulher: as velhas
[30] casas no centro da cidade, os antigos armazéns,
o sítio da serra, de onde ela desce aos domingos
em companhia do outro, que é o amigo da casa,
e da menina.
Saem os dois à noite e ele para o seu próprio
[35] automóvel sob os coqueiros na praia. Decerto
brigaram mais uma vez, porque ela volta para
casa de olhos vermelhos, enrolando nos dedos o
lencinho bordado. Recolhe-se a seu quarto (ela e
seu Feldmann dormem em quartos separados).
[40] Trila o apito do guarda. Os faróis do automóvel
na rua pincelam de luz as paredes, tiram reflexo
do espelho. Ela permanece insone: o vidro de
sua janela é um retângulo de luz na noite.
(Moreira Campos. In Obra Completa – contos II. 1969. p. 120-122. Originalmente publicado na obra O puxador de terço. Texto adaptado.)
Assinale o que está correto em relação ao que se diz sobre o texto.
Texto 1
O amigo da casa
[1] A própria menina se prende muito a ele, que
ainda lhe trouxe a última boneca, embora agora
ela se ponha mocinha: encolhe-se na poltrona da
sala sob a luz do abajur e lê a revista de
[5] quadrinhos. Ele é alemão como o dono da casa.
Tem apartamento no hotel da praia e joga tênis
no clube, saltando com energia para dentro do
campo, a raquete na mão. Assiste às partidas
girando no copo de uísque os cubos de gelo. É o
[10] amigo da casa. Depois do jantar, passeia com a
mãe da menina pelo caminho de pedra do
jardim: as duas cabeças – a loira e a preta de
cabelos aparados – vão e vêm, a dele já com
entradas da calva. Ele chupa o cachimbo de
[15] fumo cheiroso, que o moço de bordo vai deixar
no escritório.
O dono da casa é Seu Feldmann. Dirige o seu
pequeno automóvel e é muito delicado.
Cumprimenta sempre todos os vizinhos, até
[20] mesmo os mais canalhas como Seu Deca, fiscal
da Alfândega.
Seu Feldmann cumprimenta. Bate com a
cabeça. Compra marcos a bordo e no banco para
a sua viagem regular à Alemanha. Viaja em
[25] companhia do comandante do cargueiro, em
camarote especial. Então respira o ar marítimo
no alto do convés, os braços muito brancos e
descarnados, na camisa leve de mangas curtas.
A fortuna de origem é da mulher: as velhas
[30] casas no centro da cidade, os antigos armazéns,
o sítio da serra, de onde ela desce aos domingos
em companhia do outro, que é o amigo da casa,
e da menina.
Saem os dois à noite e ele para o seu próprio
[35] automóvel sob os coqueiros na praia. Decerto
brigaram mais uma vez, porque ela volta para
casa de olhos vermelhos, enrolando nos dedos o
lencinho bordado. Recolhe-se a seu quarto (ela e
seu Feldmann dormem em quartos separados).
[40] Trila o apito do guarda. Os faróis do automóvel
na rua pincelam de luz as paredes, tiram reflexo
do espelho. Ela permanece insone: o vidro de
sua janela é um retângulo de luz na noite.
(Moreira Campos. In Obra Completa – contos II. 1969. p. 120-122. Originalmente publicado na obra O puxador de terço. Texto adaptado.)
Atente ao que se diz sobre a apresentação das duas personagens – “o amigo da casa” e “o dono da casa”.
I. O enunciador faz um confronto tendencioso entre os dois, levando sutilmente o leitor a pensar na superioridade de um e, consequentemente, na inferioridade do outro.
II. Na caracterização dos dois, o enunciador trabalha basicamente com elementos concretos. Deixa ao leitor a tarefa de inferir, das ações e do comportamento dessas personagens, o que se lhes vai no interior.
III. O narrador, ao apresentar as personagens, o faz da perspectiva de uma dessas personagens, mostrando-se imparcial, como todos os narradores que narram em terceira pessoa.
Está correto o que se diz apenas em
Texto 1
O amigo da casa
[1] A própria menina se prende muito a ele, que
ainda lhe trouxe a última boneca, embora agora
ela se ponha mocinha: encolhe-se na poltrona da
sala sob a luz do abajur e lê a revista de
[5] quadrinhos. Ele é alemão como o dono da casa.
Tem apartamento no hotel da praia e joga tênis
no clube, saltando com energia para dentro do
campo, a raquete na mão. Assiste às partidas
girando no copo de uísque os cubos de gelo. É o
[10] amigo da casa. Depois do jantar, passeia com a
mãe da menina pelo caminho de pedra do
jardim: as duas cabeças – a loira e a preta de
cabelos aparados – vão e vêm, a dele já com
entradas da calva. Ele chupa o cachimbo de
[15] fumo cheiroso, que o moço de bordo vai deixar
no escritório.
O dono da casa é Seu Feldmann. Dirige o seu
pequeno automóvel e é muito delicado.
Cumprimenta sempre todos os vizinhos, até
[20] mesmo os mais canalhas como Seu Deca, fiscal
da Alfândega.
Seu Feldmann cumprimenta. Bate com a
cabeça. Compra marcos a bordo e no banco para
a sua viagem regular à Alemanha. Viaja em
[25] companhia do comandante do cargueiro, em
camarote especial. Então respira o ar marítimo
no alto do convés, os braços muito brancos e
descarnados, na camisa leve de mangas curtas.
A fortuna de origem é da mulher: as velhas
[30] casas no centro da cidade, os antigos armazéns,
o sítio da serra, de onde ela desce aos domingos
em companhia do outro, que é o amigo da casa,
e da menina.
Saem os dois à noite e ele para o seu próprio
[35] automóvel sob os coqueiros na praia. Decerto
brigaram mais uma vez, porque ela volta para
casa de olhos vermelhos, enrolando nos dedos o
lencinho bordado. Recolhe-se a seu quarto (ela e
seu Feldmann dormem em quartos separados).
[40] Trila o apito do guarda. Os faróis do automóvel
na rua pincelam de luz as paredes, tiram reflexo
do espelho. Ela permanece insone: o vidro de
sua janela é um retângulo de luz na noite.
(Moreira Campos. In Obra Completa – contos II. 1969. p. 120-122. Originalmente publicado na obra O puxador de terço. Texto adaptado.)
Para a maioria dos estudiosos da literatura, o texto literário é estruturado em pares de oposição: vida/morte; amor/ódio, etc. Essas oposições constam no texto claramente ou implicitamente. E não é necessário que os dois termos da oposição estejam na superfície linguística do texto. Se o texto fala somente de morte, a vida está, por oposição, implícita nele.
Abaixo você encontrará duas colunas. Na coluna I, haverá um termo que formará, com um termo presente na coluna II, uma oposição. Essas oposições constam no texto claramente ou implicitamente. Nessa perspectiva, numere a coluna II de acordo com a I.
Coluna I Coluna II
1. indulgência ( ) deslealdade
2. vigor ( ) arrogância
3. essência ( ) intolerância
4. modéstia ( ) futilidade
5. afabilidade ( ) aparência
6 seriedade ( ) rigidez
7. confiabilidade ( ) debilidade
Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência: