UEA - Geral 2016
88 Questões
A tecnologia para que possamos interferir de modo direto e decisivo sobre o que antigamente se chamava “grande cadeia do ser” já está disponível. Com uma técnica que permite editar o DNA, já é possível modificar um mosquito fazendo, por exemplo, com que ele produza somente gametas do sexo masculino e transmita tal característica aos descendentes. Assim, se indivíduos alterados forem liberados numa população, é questão de tempo até que ela encontre a extinção por ausência de fêmeas. Se esse mosquito for o Anopheles gambiae, principal responsável pela transmissão da malária na África, estaremos poupando centenas de milhares de bebês a cada ano.
Entretanto, é arriscado interferir em ecossistemas. Qual o impacto da extinção desse mosquito na cadeia alimentar? O nicho ecológico por ele ocupado não seria tomado por outra espécie? Que garantia temos de que o parasita da malária não se adaptaria ao próximo mosquito?
Não devemos renunciar a moldar o mundo para nossa conveniência – o que já fazemos há milhares de anos –, mas é importante providenciar antes protocolos de segurança que reduzam a chance de nos tornarmos vítimas do muito que não sabemos.
(Folha de S.Paulo, 19.10.2016. Adaptado.)
No texto, o autor
A tecnologia para que possamos interferir de modo direto e decisivo sobre o que antigamente se chamava “grande cadeia do ser” já está disponível. Com uma técnica que permite editar o DNA, já é possível modificar um mosquito fazendo, por exemplo, com que ele produza somente gametas do sexo masculino e transmita tal característica aos descendentes. Assim, se indivíduos alterados forem liberados numa população, é questão de tempo até que ela encontre a extinção por ausência de fêmeas. Se esse mosquito for o Anopheles gambiae, principal responsável pela transmissão da malária na África, estaremos poupando centenas de milhares de bebês a cada ano.
Entretanto, é arriscado interferir em ecossistemas. Qual o impacto da extinção desse mosquito na cadeia alimentar? O nicho ecológico por ele ocupado não seria tomado por outra espécie? Que garantia temos de que o parasita da malária não se adaptaria ao próximo mosquito?
Não devemos renunciar a moldar o mundo para nossa conveniência – o que já fazemos há milhares de anos –, mas é importante providenciar antes protocolos de segurança que reduzam a chance de nos tornarmos vítimas do muito que não sabemos.
(Folha de S.Paulo, 19.10.2016. Adaptado.)
O trecho “O nicho ecológico por ele ocupado não seria tomado por outra espécie?” está construído na voz passiva. Na transposição para a voz ativa, este trecho assume a seguinte forma:
A tecnologia para que possamos interferir de modo direto e decisivo sobre o que antigamente se chamava “grande cadeia do ser” já está disponível. Com uma técnica que permite editar o DNA, já é possível modificar um mosquito fazendo, por exemplo, com que ele produza somente gametas do sexo masculino e transmita tal característica aos descendentes. Assim, se indivíduos alterados forem liberados numa população, é questão de tempo até que ela encontre a extinção por ausência de fêmeas. Se esse mosquito for o Anopheles gambiae, principal responsável pela transmissão da malária na África, estaremos poupando centenas de milhares de bebês a cada ano.
Entretanto, é arriscado interferir em ecossistemas. Qual o impacto da extinção desse mosquito na cadeia alimentar? O nicho ecológico por ele ocupado não seria tomado por outra espécie? Que garantia temos de que o parasita da malária não se adaptaria ao próximo mosquito?
Não devemos renunciar a moldar o mundo para nossa conveniência – o que já fazemos há milhares de anos –, mas é importante providenciar antes protocolos de segurança que reduzam a chance de nos tornarmos vítimas do muito que não sabemos.
(Folha de S.Paulo, 19.10.2016. Adaptado.)
“Assim, se indivíduos alterados forem liberados numa população, é questão de tempo até que ela encontre a extinção por ausência de fêmeas.” (1o parágrafo)
Essa frase está corretamente reescrita, conforme a norma- -padrão da língua e com o sentido preservado, em:
Leia o trecho do romance Dois irmãos, de Milton Hatoum.
A velhice ainda estava longe, e a amargura, se existia, Rânia sabia esconder. Escondia muitas coisas: seus pensamentos, suas ideias, seu humor e mesmo uma boa parte do corpo, que eu nunca deixei de admirar. No entanto, era uma virtuose nas questões mais prosaicas, e nisso ela me ajudava. Dá pena pensar que ela só usava aquelas mãos morenas de dedos longos e perfeitos para trocar uma lâmpada, consertar uma torneira ou desentupir um ralo.
(Dois irmãos, 2000.)
Na visão do narrador, Rânia é uma mulher
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói.
(Apud Ítalo Moriconi (org). Os cem melhores contos brasileiros do século, 2000.)
Nesse trecho, o narrador menciona uma questão relevante acerca da escravidão no Brasil, que diz respeito ao fato de que
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói.
(Apud Ítalo Moriconi (org). Os cem melhores contos brasileiros do século, 2000.)
Uma característica do estilo de Machado de Assis, presente nesse trecho, é